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quarta-feira, 2 de março de 2016

O Homem de Nazaré

Por Jorge Magalhães
Dentre os princípios que regem as relações entre povos, nações, e, muito particularmente,  as relações interpessoais, o respeito mútuo é o que mais se aproxima de um dos maiores e mais profundos axiomas filosóficos atribuídos a Jesus Cristo: "Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo."
Se os homens tomassem como dogma indissociável de  todas as suas ações este inefável ensinamento do mestre de Nazaré, as dissenções não se transformariam em guerras fratricidas, que, não raro,  têm como gênese o desrespeito entre indivíduos que convivem no mesmo âmbito social, quer seja no seio da família, quer seja no ambiente de trabalho.
A ascensão de um ser humano sobre o seu próximo, independentemente do grau hierárquico que os separe, se  relaciona diretamente à plausibilidade e ao poder de convencimento que  exerce sobre seu próximo ou seu grupo. 
Muitas vezes, entretanto, não são poucos os indivíduos que, por se deixarem arrastar por uma espécie de egolatria, acabam deixando aflorar, das baixezas primitivas do caráter, um ser prenhe de presunção, de vaidade, arrogância e prepotência, que faz com que  enxerguem o mundo de cima do autoconceito que fazem de si mesmos, embevecidos  pelas conquistas transitórias da vida.
Enquanto o líder inato se constrói e é reconhecido pela  capacidade de ouvir os seus comandados, tomar decisões compartilhadas, aglutinar os opostos e promover o consenso, o  inverso oposto busca se impor  pela força bruta, pelo individualismo e pelo desprezo às opiniões e pensamentos alheios a tudo que não diga respeito à sua autopromoção.
E assim, vestido com a capa e as armas do poder transitório, este ser liliputiano age como se reinasse sozinho e solitário no seu reino do faz de conta, onde as aparências valem mais que a concretude objetiva dos atos.
Entre bravatas e ameaças, este comandante desprovido de humildade, de valores e princípios que norteiam os grandes líderes, conquistadores de povos, de homens e de almas,  segue acreditando cegamente possuir uma supremacia que aos olhos de quem o observa não passa de motivo de mofa.
Metamorfoseando-se a cada gesto e  a cada ato num bucéfalo, o líder de si mesmo é, invariavelmente, pusilânime e desagregador, e se regozija em humilhar e  com os que se dobram em genuflexões bajulatórias sob os seus pés, soberano no pedestal da sua pequinês e  gloriazinhas de isopor.
Se ao menos, olhasse pra dentro de si mesmo, conseguintemente ao seu entorno, perceberia que tudo que é e representa, todos os seus títulos e conquistas materiais, para além dos méritos e esforços pessoais, não passam de empréstimos de Deus para que o honre durante o lapso de tempo que passará sobre a Terra.
E nunca é tarde para recomeçar a caminhada, mirando-se no espelho do Homem de Nazaré.

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