Por Cesar Maia
1.
Como este Ex-Blog já comentou, a ausência de partidos e líderes puxadores das
manifestações cria um desconforto político para o PT, CUT, Lula e Dilma. Numa
política de personalidades, é simples escolher o alvo. Mas as Redes Sociais,
nas ruas, não têm personalidades, não têm líderes, são horizontais e
desverticalizadas, não têm partidos.
2. Então, PT, Lula, CUT, Dilma fizeram ajustes. Passaram a
chamar as manifestações de fascistas. Fascistas, sem líder e sem organização
política? Bastava olharem para os anos 20 e 30 e para os populismos de direita
e veriam que a categoria usada é absurda. Já tentaram isso em 2013, inclusive
com artigos escritos por professores e politólogos. Caiu no vazio. O Ex-Blog,
na época (2013), focalizou esses artigos e demonstrou que as manifestações
poderiam ser o que quisessem, menos fascistas.
3. Na crise de 1954 e 1963 e mesmo nas de 1989 e 1992, os alvos recíprocos eram fáceis de nominar: Getúlio, Jango, Lacerda, Comunistas, Imperialismo norte-americano, Sarney, Collor, UDN, PTB, PCB... Os tiros vinham com os endereços abertos com nome e sobrenome.
4. No caderno Aliás, do Estado de S. Paulo de domingo, o brasilianista britânico Anthony Pereira, diretor do King's Brazil Institute do Kings College of London, analisou essa fixação da política brasileira nos líderes. "Vejo um investimento muito forte na figura do líder, do presidente - e isso para o bem ou para o mal. Em uma democracia, elevar ou negar o líder é perigoso. Em um artigo de Joshua Rothman para a revista The New Yorker, o autor cita um livro de Elizabeth Samet que menciona uma carta escrita por John Adams, presidente dos Estados Unidos no século 18: '(Adams) sugeriu, numa carta a um amigo, que havia algo antidemocrático e imprudente na idolatria da liderança'." "Vejo no Brasil ciclos de 'salvadores da pátria' e 'inimigos número 1'. Vi isso muito claramente com José Sarney, Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso. Talvez a única diferença em relação a Lula é que está acontecendo após o seu período na presidência."
5. As Redes Sociais não são personalizáveis. Nesse sentido, são invisíveis. O que se debate e se multiplica são palavras de ordem. Sem ter alvo para atirar, buscam desesperadamente algo que se enquadre na lógica do século 20. E encontraram o Judiciário, ministro Mendes - e o juiz Moro - e o Ministério Público e o procurador Geral Janot. E recolocaram sem desfaçatez alguma a PEC 37 em cima da mesa, apesar de ter sido demolida por milhões de manifestantes em junho de 2013.
6. E a pesquisa nacional do Datafolha divulgada domingo mostra que as tendências pró-impeachment e de rejeição a Dilma e a Lula só fizeram crescer em um mês, de fevereiro para cá. As manifestações de rua a partir e através das Redes Sociais colocaram suas teses, suas palavras de ordem, seus alvos num patamar de apoio de 70% da população. O patamar de rejeição a Collor e pró-impeachment na véspera da votação de seu impeachment era de 75%. Na margem de erro é o mesmo patamar de Dilma e seu impeachment hoje.
Fonte: "Ex-Blog do Cesar Maia"
3. Na crise de 1954 e 1963 e mesmo nas de 1989 e 1992, os alvos recíprocos eram fáceis de nominar: Getúlio, Jango, Lacerda, Comunistas, Imperialismo norte-americano, Sarney, Collor, UDN, PTB, PCB... Os tiros vinham com os endereços abertos com nome e sobrenome.
4. No caderno Aliás, do Estado de S. Paulo de domingo, o brasilianista britânico Anthony Pereira, diretor do King's Brazil Institute do Kings College of London, analisou essa fixação da política brasileira nos líderes. "Vejo um investimento muito forte na figura do líder, do presidente - e isso para o bem ou para o mal. Em uma democracia, elevar ou negar o líder é perigoso. Em um artigo de Joshua Rothman para a revista The New Yorker, o autor cita um livro de Elizabeth Samet que menciona uma carta escrita por John Adams, presidente dos Estados Unidos no século 18: '(Adams) sugeriu, numa carta a um amigo, que havia algo antidemocrático e imprudente na idolatria da liderança'." "Vejo no Brasil ciclos de 'salvadores da pátria' e 'inimigos número 1'. Vi isso muito claramente com José Sarney, Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso. Talvez a única diferença em relação a Lula é que está acontecendo após o seu período na presidência."
5. As Redes Sociais não são personalizáveis. Nesse sentido, são invisíveis. O que se debate e se multiplica são palavras de ordem. Sem ter alvo para atirar, buscam desesperadamente algo que se enquadre na lógica do século 20. E encontraram o Judiciário, ministro Mendes - e o juiz Moro - e o Ministério Público e o procurador Geral Janot. E recolocaram sem desfaçatez alguma a PEC 37 em cima da mesa, apesar de ter sido demolida por milhões de manifestantes em junho de 2013.
6. E a pesquisa nacional do Datafolha divulgada domingo mostra que as tendências pró-impeachment e de rejeição a Dilma e a Lula só fizeram crescer em um mês, de fevereiro para cá. As manifestações de rua a partir e através das Redes Sociais colocaram suas teses, suas palavras de ordem, seus alvos num patamar de apoio de 70% da população. O patamar de rejeição a Collor e pró-impeachment na véspera da votação de seu impeachment era de 75%. Na margem de erro é o mesmo patamar de Dilma e seu impeachment hoje.
Fonte: "Ex-Blog do Cesar Maia"
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