Das três
filarmônicas feirenses que fizeram história, a Sociedade Filarmônica 25 de
Março é a mais destacada. Criada com o objetivo cultural de desenvolver a arte
da música ao nível do Teatro e Escola de Piano, já existentes, ela surgiu muito
próxima da primeira a ser criada no Estado, a Sociedade Filarmônica Erato
Nazarena, fundada em 1863, cinco anos antes da primeira em Feira de Santana.
A
Sociedade Filarmônica 25 de Março está sendo resgatada, inclusive com
restauração do prédio que a abriga, na rua Conselheiro Franco. O prédio da entidade é um bem histórico pertencente à população e está
com tombamento provisório pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural
(Ipac).
O atual presidente da instituição é o professor Carlos Brito.
Desativada por cerca de nove anos, a entidade se livrou de um imbróglio jurídico que
estava impedindo que se iniciasse o processo de restauração, para que o prédio
da entidade volte às suas atividades.
A Sociedade Filarmônica 25 de Março voltou à
atividade. Recentemente, participou do V Festival de Filarmônicas Princesa do Sertão. A Escola de Música Estevam Moura foi criada e estimular a formação de jovens
músicos.
História
Jornalista,
advogado e escritor, Antônio Moreira Ferreira, Antônio do Lajedinho, é
também poeta, cronista e historiador. Ele conta que a Sociedade
Filarmônica 25 de Março fez história, assim como a Sociedade Filarmônica
Vitória e a Sociedade Filarmônica Euterpe Feirense.
Fundada a
25 de março de 1868, está completando este ano 148 anos, quase
sesquicentenária, "com o objetivo cultural de desenvolver a arte da música ao
nível do Teatro e Escola de Piano, já existentes, como a primeira a ser criada
na Bahia, a Sociedade Filarmônica Erato Nazarena, fundada em 1863, cinco anos
antes da primeira em Feira de Santana".
Na sua
primeira diretoria, "abnegados pelo desenvolvimento da 'Divina
Arte'", os nomes de João Manoel Laranjeira Dantas, Eduardo Franco, Afonso
Nolasco, Antônio Joaquim da Costa, Alípio Cândido da Costa, José Pinto dos
Santos (Cazuza do Deserto), Joaquim Sampaio - primeiro intendente de Feira de
Santana, entre fevereiro e julho de 1890 -, Francisco Costa, Galdino Dantas,
Juvêncio Erudilho, José Nicolau dos Passos, Alexandre Ribeiro, Joviniano
Cerqueira, Pedro Nolasco Néu e Tibério Constâncio Pereira, como informa o
professor Carlos Brito, a partir do que consta no Estatuto da secular entidade
de Feira de Santana.
"Cinco
anos depois houve um desentendimento entre os membros da diretoria e criou-se
uma dissidência. Como o padre Ovídio Alves de São Boaventura estava
fundando a Sociedade Filarmônica Vitória, os dissidentes da 25 de Março
juntaram-se a ele e, em 1873, foi criada mais uma filarmônica", continua
Antônio do Lajedinho.
Ele diz
mais que "59 anos depois de fundada, em 1927, a Sociedade Filarmônica 25 de
Março, por questões internas, dissolveu o corpo musical e fechou suas portas. E
assim ficou durante quatro anos, até 1931, quando o coronel Américo de Almeida
Pedra, voltou a residir em Feira de Santana. Foi então que o herói das lutas
horacianos na Chapada Diamantina e combatente contra a Coluna Prestes convocou
os velhos companheiros como Antonio Cipriano Pinto, Alfredo de Castro, Euclides
de Souza Pinto, Alfredo Pereira, Argemiro Souza e o maestro João do Espírito
Santo, com os quais constituiu uma diretoria, tendo ainda a colaboração de
homens de destaque de então, como Arnold Ferreira da Silva, João Marinho
Falcão, Raul Ferreira da Silva, Heráclito Dias de Carvalho, Carlos Rubinos
Bahia, Adalberto Pereira, Dálvaro Ferreira da Silva e outros que faziam parte
da elite feirense. Juntos soergueram a primogênita filarmônica de Feira".
Grande maestro
Grande maestro
O
historiador destaca que a Filarmônicas 25 de Março teve grande maestro
compositor, o professores Estevão Moura da 25 de Março, que "além de ensinar a
música e a arte dos instrumentos musicais, ainda compunham músicas das mais
diversas categorias".
Em 1977,
o maior feito da 25 de Março, quando se classificou entre as quatro
melhores filarmônicas do Brasil, disputando o I Campeonato Nacional
de Bandas Civis, promovido pela Fundação Nacional de Arte (Funarte), Mobral e
Rede Globo de Televisão. Coincidentemente no dia em que completava seu 109º
aniversário, a 25 de Março seguiu para o Rio de Janeiro, viagem em
dois ônibus especiais.
A
apresentação no festival ocorreu na manhã do domingo, 27 de março. No dia 10 de
abril, durante o programa "Concertos Para a Juventude", a transmissão
pela Globo. A comissão julgadora deu a nota 7,84 - a mais alta até então
alcançada pelas demais - sendo classificada para a fase final, em 22 de abril.
A 25 de
Março executou a marcha "Constelação" e o dobrado "Deputado
Arnold Silva", ambos de autoria do maestro Estevão Moura. "Não sejam
tão egoístas a ponto de terem somente para si o acervo musical desse grande
músico. Permitam que todo o Brasil e o mundo dele se aproximem, pois o seu
talento precisa ser evidenciado e proclamado", afirmaram então os
componentes do júri sobre Estevão Moura.
Os julgadores
do concurso foram os maestros Celso Woltzenlogel (São Paulo), Henrique
Morelembaun (Rio de Janeiro), Alceo Bocchino (Paraná), Marlos Nobre
(Pernambuco), que deram nota nove, e Julio Medaglia (São Paulo), que deu nota
sete.
Maior feito
Em 19 de
junho, participou da grande final, ficando em terceiro lugar, representando o
Estado da Bahia, quando obteve a nota 8,6, perdendo para as representantes de
São Paulo e Pernambuco. O terceiro lugar foi um título considerado honroso e
que foi festejado por Feira de Santana quando retornou à cidade. A viagem para
o Rio de Janeiro dessa feita foi de avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
Então,
Claudemiro Daltro, o maestro Miro, foi quem regeu o grupo, formado pelos
músicos instrumentistas Alfredo, Toninho, Arcanjo e Jacinto (tumbas), José
Ferreira, Francisco, João Babau, Agostinho, Farias e Zequinha (trombones),
Gilberto, Nagib, Elias, Valdomiro e Zabidiel (pistons), Aquino, Dé, Wilton
(trompas), Carlito, Ferreira, Bento e Chicão (saxofones), Tupinam (sax
barítono), Elói, Ulisses, Braga, Otoniel, Humberto, Bonfim e Nivaldo
(clarinetas), Nilo (requinta), Rafael (flautim), Saul (pratos), Aloisio
(bumbo), Raimundo (tambor e caixa).
O
empresário João Domingos Gonçalves, o Doute, presidente de então, chefiou a
delegação, composta ainda dos diretores José Manuel de Araújo Freitas, Werther
Mascarenhas Farias, Eduardo Pereira da Silva, José Portugal, Djalma Ferreira,
Hildeberto Erudilho Suzart, Alpiniano Reis e o radialista Lucílio Bastos,
representando a imprensa feirense.
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