Por Reinaldo Azevedo
O PT, Lula muito
particularmente, dividiu o mundo em dois grupos: aqueles a que chamava "nós" -
que são os petistas - e "eles", que era o restante dos brasileiros, os que não
estavam afinados com as teses do partido.
Ora, meus caros, desde
sempre, o grupo dos não petistas era uma esmagadora maioria, certo? Desde
sempre, houve mais não petistas do que petistas no Brasil. Mas, durante um
largo período, sempre pareceu o contrário. A minoria se impunha na base do
berro, da formação de verdadeiras milícias - físicas, mesmo, ou nas redes
sociais - e do assédio moral.
Alguém poderia indagar: "Ora, Reinaldo, se eles ganharam quatro eleições, como você pode chamá-los de
minoria?".
Pois é, desde sempre, é
preciso não confundir o eleitor com o militante. O fato de a maioria ter dado
ao PT quatro mandatos não implica que o partido tenha obtido nas urnas o
direito de roubar, de extorquir, de chantagear, de assaltar o estado de
direito, de fraudar as regras da democracia, de desmoralizar as instituições.
E isso, com efeito, os
petistas nunca entenderam. Afinal, eles, que chamavam a si mesmos de "nós",
eram a fonte de onde emanava todo bem, pouco importava o que fizessem, crime ou
não. E "nós", que eles designavam como "eles", éramos, ao contrário, a morada
do capeta.
Hoje, alguns imbecis
falam no clima de perseguição que haveria contra os petistas e num tal "preconceito". Evidentemente, repudio qualquer forma de perseguição política,
até porque eu soube o que é enfrentar esses caras quando estão por cima.
Imodestamente, eu antevia os desastres do PT quando o governo Lula tinha 86% de
ótimo e bom. O arquivo do blog está à disposição.
Pediram a minha cabeça
nas redes sociais.
Cobraram a minha
demissão.
Atribuíram-me vínculos
que nunca tive.
Não me dedicarei a
prática semelhante. Nunca quis silenciá-los. Sempre quis vencê-los pela força
do argumento.
À medida que as
falcatruas apuradas pela Lava Jato vão vindo à luz, o que é que se constata, de
maneira assombrosa?
Os tais "eles", que
chamavam de "nós", não eram pessoas boas. Ao contrário. Eles assaltavam a
Petrobras. Eles cobravam propina. Eles usavam o patrimônio público em proveito
próprio. Eles fraudavam as regras do estado de direito. Eles transformaram toda
crítica honesta em sabotagem. Eles nos convidavam a deixar o país se estávamos
descontentes.
E, no entanto, com todos
os nossos defeitos, com todas as nossas falhas, com todas as nossas distrações,
somos boas pessoas, não é?
Lutamos dia a dia para
ganhar a vida. Pagamos os nossos impostos. Esforçamo-nos para não invadir os
direitos alheios. Tentamos planejar o futuro. Não metemos a mão no que não nos
pertence. Não usamos o fruto do trabalho de terceiros em benefício próprio.
Procuramos seguir as leis.
Muitos de nós, dessas
pessoas boas, votaram no PT. E não o fizeram para ser roubadas. Ao contrário:
deixaram-se encantar pela retórica das promessas. Deixaram-se levar pela
mentira de que eles eram mais morais do que os outros. Deixaram-se enredar pela
história do homem de origem pobre que viria para redimir os oprimidos.
Não! A esmagadora
maioria das pessoas que votaram no PT não o fez por maus motivos. Ao contrário:
as demandas a que o partido prometia responder existiam e eram justas.
E é por isso que o
partido vai deixar o poder pela porta dos fundos, por mais que suas milícias
tentem impedir.
Quando o PT falou mal de
nós, os maus eram eles.
Quando o PT enveredou
para o mundo do crime, traiu seus eleitores.
Quando o PT tentou
fraudar a democracia, encontrou a resistência da sociedade. E resistimos todos:
tanto os que nunca votaram no partido como os que foram traídos.
Adeus, PT! Já vai tarde.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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