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terça-feira, 15 de março de 2016

"O crime e o castigo na voz das ruas"

Foto: Gabriela Biló/Estadão
Por Percival Puggina
Há muitos meses, o governo petista, os dirigentes dos partidos da base e suas lideranças no Congresso Nacional parecem haver tomado Baygon de canudinho. Andam de um lado para o outro, desarvorados, em busca de uma saída que não existe para os males que sua desonestidade e presunção produziram. Não me refiro à multiplicidade de desastres que fizeram desabar sobre o país. Qual o quê! O que os preocupa são as consequências pessoais e legais do que fizeram. Muitos medem a distância entre a porta da rua e a porta da cadeia. Brasil? Que Brasil?
Acordei nesta segunda-feira em ressaca cívica. Milhões de brasileiros proporcionaram com o 13 de Março, nas mobilizações de domingo, um dia para entrar na História. Nas semanas anteriores, o PT e seus sequazes batiam tambores mentais pedindo chuvas no Rio de Janeiro, enxurradas em São Paulo, vendavais no Rio Grande do Sul. Mas São Pedro mostrou quem manda. Aqui em Porto Alegre, onde escrevo, 140 mil pessoas promoveram a maior manifestação da história da cidade. Homenageavam gente respeitável, patriotas de valor, como Sérgio Moro, os promotores da Lava Jato e policiais da PF naquela força-tarefa. Noutra praça da cidade, pequeno grupo de militantes a soldo reverenciava criminosos condenados e outros cidadãos em vias de. São pessoas que odeiam a dignidade de Sérgio Moro e amam Ricardo Lewandowsky, Roberto Barroso, Dias Toffoli, entre outros daquele puxadinho do PT em que foi transformado o STF.
Cada um de nós, tendo participado dessas manifestações, dirá um dia a seus filhos e netos, lendo as páginas da História: "Eu estive lá! Eu não me omiti! Eu cumpri meu dever de cidadão para com meu país e seu povo! Eu não me acovardei ante o falso rugido dos autênticos gatos!"
Enquanto participava da manifestação aqui em Porto Alegre, tive a clara percepção de que o grito das ruas produzia movimentos nas encruadas instituições. Rangiam velhas tábuas, estalavam dobradiças. Algo está para acontecer. O marasmo chega ao fim.
Vi nascer o grito por impeachment no dia 15 de novembro de 2014, na primeira manifestação nacional. Éramos poucos, mas sabíamos para onde girava inexoravelmente a roda dos maus fados do governo que reassumiria dias depois. Sua podridão já era conhecida, tanto que Dilma foi apresentada como faxineira do próprio governo. Nos meses seguintes novas manifestações se repetiram a partir do dia 15 de março (até então a maior de todas na história do país). Em duas semanas, três dezenas de requerimentos pedindo o impeachment da presidente se acumulavam na mesa de um até então pouco conhecido pilantra de nome Eduardo Cunha que, de março a dezembro, jogou água fria e gelo picado na fervura nacional. Mas na versão petista virou "dono do impeachment".
Até isso nos quis roubar o governo! O grito da nossa garganta. O clamor do nosso peito. As lágrimas de emoção cívica que deixamos nas avenidas de todo o país. Sinto que chega ao fim o domínio daqueles se julgavam-se capazes de conduzir o povo pelo nariz. Já podem contemplar a porta da rua e avaliar a distância entre esta e a porta da cadeia, lugar de todos que tenham esfolado a nação, sejam de que partidos forem.
Fonte: "Mídia Sem Máscara"

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