Por
Reinaldo Azevedo
Antes, a falta de vergonha de certos políticos não tinha limites;
depois, foi piorando. Nesta quarta, o candidato tucano à Presidência, Aécio
Neves, disse que vai entrar com uma ação criminal contra o ministro Paulo Bernardo,
das Comunicações, por ter permitido que os petistas usassem os Correios para
fazer campanha político-eleitoral. Pois é… A coisa é muito impressionante. Se a
Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal quiserem agir, já há duas
confissões a respeito: uma explícita, arreganhada mesmo, e outra silenciosa.
Vamos ver.
Nesta quarta, o Estadão tornou público um vídeo espantoso. Numa
reunião ocorrida na quinta-feira no comitê do candidato do PT ao governo de
Minas, Fernando Pimentel, a que estava presente Wagner Pinheiro, presidente dos
Correios, o deputado mineiro e petista Durval Ângelo diz com todas as letras: "Se, hoje, nós temos a
capilaridade da campanha do [Fernando] Pimentel [candidato do PT ao governo de
Minas] e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é graças a essa equipe dos
Correios." Ele afirma ainda que "a prestação de contas dos petistas dos
Correios será com a vitória do Fernando Pimentel a governador e com a vitória
da Dilma".
Ele achou que tinha sido pouco explícito e avançou um pouco mais
na pornografia política:
"A Dilma tinha em Minas Gerais, em alguns momentos, menos de 30%. Se, hoje, nós estamos com 40% em Minas Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios. Então, queremos que você leve à direção nacional do PT, que eu também faço parte do diretório, mas também à direção nacional da campanha da Dilma, a grande contribuição que os Correios estão fazendo."
"A Dilma tinha em Minas Gerais, em alguns momentos, menos de 30%. Se, hoje, nós estamos com 40% em Minas Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios. Então, queremos que você leve à direção nacional do PT, que eu também faço parte do diretório, mas também à direção nacional da campanha da Dilma, a grande contribuição que os Correios estão fazendo."
Atenção, senhores leitores! Wagner Pinheiro, que preside a estatal,
estava na mesa e não disse uma palavra. Anuiu com tudo. Admitiu, portanto, que
os Correios foram e estão sendo usados nas campanhas de Dilma e Pimentel. Vejam
o vídeo:
Na semana
retrasada, como vocês se lembram, reportagem do Estadão revelou que 4,8 milhões
de panfletos de Dilma foram distribuídos pelos Correios sem a estampa ou
chancela digital, que é a prova de que houve pagamento. Em nota, a empresa nega
estar sendo instrumentalizada pelo PT. Seria impossível dizer o contrário,
certo?
O deputado Durval Ângelo, acreditem, também emitiu uma nota
afirmando que se tratou de uma reunião normal: "Não há qualquer adesão da
empresa Correios, mas de pessoas, que, como quaisquer outras, têm o direito
constitucional de, como cidadãs, se engajarem politicamente. Ademais, durante o
processo eleitoral, a manifestação de apoio por parte de uma categoria é um ato
comum e democrático".
Pois é… Ao tratar dos descalabros na Petrobras em outro post,
indaguei se uma empresa estatal, nas condições brasileiras, conseguiria se
adaptar a regras internacionais de "compliance". A resposta, obviamente, é "não". Tenho de encerrar este comentário lembrando que um único ex-funcionário
da petroleira, Paulo Roberto Costa, está disposto a devolver R$ 70 milhões que
foram roubados da empresa…
Não tem jeito! Os "companheiros" acham que as estatais pertencem a
eles, não ao estado ou ao povo brasileiro. Os "companheiros" as transformam em
braços de sua atuação sindical ou partidária. Os "companheiros", em suma, as
privatizaram a seu modo e acham que já podem confessar isso sem nenhum temor
nem perigo. Quem sabe um dia esse povo canse de ser roubado ou espoliado.
Enquanto isso não acontecer, continuaremos a ser… roubados e espoliados.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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