Por Reinaldo Azevedo
Minas não compareceu ao encontro marcado. A Minas que muitos
imaginavam existir - e que só estaria à espera de um filho da terra para
ungi-lo à Presidência da República, quem diria?, era São Paulo. Nas terras
paulistas, sim, a vitória do PSDB foi acachapante: 64,31% contra 35,69%, com
uma diferença de 6.807.906 votos. Nunca antes na história de São Paulo, nem
mesmo quando os candidatos que enfrentavam o PT eram paulistas, algo semelhante
se viu. Por que é assim? Ainda voltarei a este assunto, mas adianto: nem tanto
é por Dilma, é pelo PT. O que cresce na capital paulista e no Estado é o
repúdio ao partido e a seus métodos.
Faço um breve comentário a respeito e retomo o fio: os petistas
voltaram a explorar a crise hídrica no Estado, buscando jogar a reponsabilidade
nas costas dos tucanos. Deu errado de novo. Mas voltemos a Minas.
Vejam que coisa: no Brasil, a petista obteve 51,64% dos votos
válidos - em Minas, 52,41%; no país, Aécio ficou com 48,36%; no seu Estado, com
47,59%. Vale dizer: ela ficou acima de sua média, e ele abaixo. A diferença
entre os dois, ali, foi de 550 mil votos; no Brasil como um todo, de 3.459.963.
Se a diferença mineira de lado, ainda assim, ele perderia. Ocorre que a conta a
se fazer é outra.
Em Minas, os votos válidos foram de quase 11,5 milhões. Se o
Estado tivesse dado a Aécio a proporção que lhe deu São Paulo, a fatura estaria
liquidada. É claro que, matematicamente, não faz sentido atribuir a derrota a
um único estado. Ocorre que estamos diante de uma questão política. A
expectativa era que Minas votasse esmagadoramente com Aécio.
É inescapável concluir que erros vários foram cometidos pelo PSDB
no Estado - e a escolha do candidato do partido ao governo, Pimenta da Veiga,
não foi o menor deles. Estava afastado havia tempos da linha de frente da
política. Do outro lado, havia o petista Fernando Pimentel, uma brasa
encoberta, político que pode ser notavelmente agressivo nos métodos.
A campanha petista de desconstrução da imagem de Aécio parece que
acabou tendo mais eficácia em sua terra natal, coisa com qual, convenham,
ninguém contava. E esse pode ter sido o grande acerto estratégico do PT. Se a
gente observar no detalhe, por mais que os petistas tenham tentando fazer
barulho em São Paulo, o objetivo, por aqui, era não sofrer uma derrota
humilhante - mesmo assim, humilhante ela foi.
Os "companheiros" perceberam a tempo que a fronteira da vitória ou
da derrota seria mesmo Minas. Não se trata, obviamente, de ficar caçando
responsáveis. O fato é que, se o PSDB quiser se estruturar para as batalhas
vindouras, parece que algo há de se fazer por ali. O Estado votou
majoritariamente com o PT em 2002, 2006, 2010 e 2014. E contará agora com um
governador do PT.
São Paulo foi o Estado que, individualmente, deu mais votos a
Aécio e, percentualmente, ficou em segundo lugar, com 64,3%. Só perdeu para
Santa Catarina, com 64,59%. Com seus magros 47,59%, Minas faltou ao encontro
marcado é deu ao PT a quarta vitória consecutiva não apenas no Estado, mas também
no país.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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