A Câmara dos
Deputados impôs uma segunda derrota ao governo de Dilma Rousseff na primeira
semana pós-eleições. Depois de derrubar o decreto que cria a Política Nacional de
Participação Social, a Casa aprovou nesta quarta-feira (29) a convocação de dois
ministros, Neri Geller (Agricultura) e Edison Lobão (Minas e Energia) - este citado no escândalo do petrolão -, para depor na Comissão de
Agricultura, integrada em sua maioria por deputados de oposição. Aliados do
Palácio do Planalto, parlamentares do PT e do PMDB entraram em obstrução para
evitar a aprovação das audiências, mas não obtiveram sucesso. Por se tratar de
uma convocação, não convite, os ministros obrigatoriamente terão de atendê-la.
Conforme os requerimentos, Geller dará
esclarecimentos sobre o controle de qualidade de vacinas contra a febre aftosa,
e Lobão, sobre a venda de 51% das Centrais Elétricas de Goiás (Celg) à
Eletrobrás. Inevitavelmente, contudo, Lobão será confrontado com as denúncias
de corrupção dentro da Petrobras. "Ele tem muito o que falar sobre a Petrobras.
Os escândalos atingem exatamente a pasta dele. Para mim, ele não teria de ser
convocado, mas sim demitido", afirmou o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). De
acordo com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, Lobão é um dos políticos
envolvidos no esquema do petrolão.
A sessão nesta quarta foi marcada pela troca
de acusações e pelo clima eleitoral. "Vamos tentar negociar. Esse clima de
eleição não faz bem ao país. Temos de aprovar as coisas respeitando o ritual e
a Casa", disse o deputado Márcio Macêdo (PT-SE), que tentava transformar a
convocação dos ministros em convite - que poderia ser recusado. "Chega a ser
engraçado o PT e seus aliados agora cobrando diálogo. Eles fizeram a campanha
mais suja e sórdida do país, denegrindo a imagem das pessoas por não terem
competência do debate", disse o líder do Democratas, deputado Ronaldo Caiado.
Na noite de terça-feira (28), a Câmara deu a
primeira evidência das dificuldades que Dilma terá com os congressistas:
derrubou o decreto que cria a Política Nacional de Participação Social,
proposta pessoalmente desenhada pela presidente e pelo ministro Gilberto
Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência). Para a Câmara, Dilma atropelou os
poderes do Parlamento ao apresentar a medida por meio de uma canetada, sem
antes passar pelo Congresso.
Fonte: http://veja.abril.com.br/
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