Por Reinaldo Azevedo
Não pensem que a rede a serviço do petismo para distorcer
informações está restrita aos blogs sujos, alimentada pelo capilé estatal.
Chega também à grande imprensa. Aliás, os fiéis servidores da causa adorariam
ver os veículos nos quais atuam debaixo do chicote do partido. Torcem
fervorosamente para que Dilma imite Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e
Cristina Kirchner e avance contra a "mídia", onde ganham o pão. Mas vamos
adiante. Prestem atenção à sequência de fatos.
1. VEJA publicou na edição de sexta-feira, dia 24, a informação de
que, no âmbito da delação premiada, Alberto Yousseff havia afirmado à Polícia
Federal e ao Ministério Público que Dilma e Lula sabiam, sim, da roubalheira na
Petrobras. ATENÇÃO: O DEPOIMENTO EM QUE YOUSSEF ACUSA A DUPLA PRESIDENCIAL É DO
DIA 21 DE OUTUBRO.
2. A VEJA começou a chegar aos leitores na sexta, dia 24. No
sábado, dia 25, Folha, em manchete, e Estadão, com chamada na primeira página,
PUBLICAVAM A MESMA INFORMAÇÃO.
NOTA LATERAL - VEJA não antecipou edição coisa nenhuma. Isso é
mentira. Sigamos.
Nesta quarta, o jornal O Globo publica uma notinha, sem
assinatura, sem fonte, sem nada, afirmando que, na verdade, Yusseff não teria
dito o que disse à PF no dia 21, mas apenas no dia 22, numa retificação.
O apparatchik petista entrou em ação, afirmando que haveria uma
espécie de articulação para acusar Dilma às vésperas da eleição. Em sua coluna
de hoje, na Folha, Janio de Freitas, por exemplo, escreve a seguinte besteira
(em vermelho):
Na quarta 22, "um dos advogados" de Youssef "pediu para fazer uma
retificação" em depoimento prestado na véspera por seu cliente. "No
interrogatório, perguntou quem mais sabia (…) das fraudes na Petrobras. Youssef
disse, então, que, pela dimensão do caso, não teria como Lula e Dilma não
saberem. A partir daí, concluiu-se a retificação.
Janio está, como se vê, desmentindo a manchete da própria Folha de
sábado, dia 25, que apurou rigorosamente o que apurou VEJA. Até aí, tudo bem.
Poderia fazê-lo se tivesse razão. Só que Janio e outros da espécie menores do
que ele estão divulgado uma MENTIRA. Não houve depoimento nenhum na
quarta-feira. A informação é falsa como nota de R$ 3.
Quem está fazendo escarcéu com isso nas redes sociais é gente que
ainda vai acabar atrás das grades porque também recebia dinheiro do esquema que
era gerenciado por Alberto Youssef, com dinheiro roubado da Petrobras.
O Valor Pro, um serviço eletrônico do Valor Econômico, resolveu
entrar na história e, COM A INFORMAÇÃO CERTA, contribuiu para fazer ainda mais
confusão. Ao veículo, o advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, disse o
seguinte:
"Nesse dia [NA QUARTA-FEIRA], não houve depoimento no âmbito da
delação. Isso é mentira. Desafio qualquer um a provar que houve oitiva da
delação premiada na quarta-feira. Não houve retificação alguma. Ou a fonte da
matéria mentiu ou isso é má-fé mesmo".
Entendeu, Janio de Freitas, ou quer um desenho? O advogado está
desmentido a nota apócrifa do Globo, não a VEJA ou a Folha, onde você trabalha.
Aliás, por que citar apenas a VEJA?
Muito bem. Bastaria a Janio ter feito a lição de casa, tarefa que
um foca teria cumprido, e telefonado para o advogado ou para a Polícia Federal perguntando
se tinha havido alguma oitiva na quarta, dia 22. E ficaria sabendo que se trata
de uma mentira. Mas Janio já passou da fase de deixar suas convicções se
contaminar pelos fatos.
Eu entendo por que Janio espalha isso.
Eu entendo por que a Carta Capital espalha isso.
Eu entendo por que os sites e blogs sujos espalham isso.
Eu entendo por que a Carta Capital espalha isso.
Eu entendo por que os sites e blogs sujos espalham isso.
Mas não entendo por que o Globo publicou a nota mentirosa, já que,
até onde sei, é um jornal que leva a sério o compromisso com a verdade. É O
CASO DE APURAR COMO UMA INFORMAÇÃO MENTIROSA FOI PLANTADA NO JORNAL. Ao
identificar os responsáveis, certamente se estará chegando a um dos tentáculos
de um monstrengo de muitos tentáculos.
Quanto ao Valor Pro, dizer o quê? Um curso de redação não faria
mal por ali. Nunca antes na história deste país se produziu um texto tão
confuso, embora o jornalista estivesse com a informação certa, a saber:
1: só houve depoimento no dia 21, conforme informaram VEJA, Folha e Estadão;
2: não houve depoimento nenhum no dia 22;
3: não houve retificação nenhuma.
1: só houve depoimento no dia 21, conforme informaram VEJA, Folha e Estadão;
2: não houve depoimento nenhum no dia 22;
3: não houve retificação nenhuma.
Para encerrar: garanto que essa é a "mídia" de que o Gilberto
Carvalho gosta: a "mídia" que conta mentiras ou porque é regiamente paga
para isso, com dinheiro estatal, ou por alinhamento ideológico.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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