Por Frances Robles
Leonardo Heredia,
um padeiro cubano de 24 anos, havia em oito ocasiões tentado chegar à Flórida.
Finalmente, ele e
21 amigos de seu bairro em Havana reuniram sua experiência e montaram um barco
usando um motor Toyota, sucata de aço inoxidável e espuma de plástico. Guiados
pelo GPS, conseguiram desembarcar na Flórida.
"O que era ruim em Cuba agora
ficou pior", disse Heredia. "Se houvesse mais dinheiro em Cuba, todo mundo iria
embora."
Heredia é um dos cerca de 25 mil cubanos que
chegaram por terra e mar aos Estados Unidos sem vistos de viagem no período de
um ano encerrado em 30 de setembro, segundo dados do governo. Ele também
representa um inesperado regresso à época em que os cubanos viajavam em barcos
caseiros, feitos com peças de carros velhos e câmaras de ar, na esperança de
encontrar águas calmas e ventos favoráveis. Como o número de cubanos que tentaram
fazer a viagem praticamente dobrou nos últimos dois anos, o total de
embarcações impróprias para a perigosa travessia de 145 km também aumentou.
Desde a crise dos balseiros de 1994 os EUA não
recebiam tantos migrantes cubanos. O atual aumento reflete uma política
imigratória nos EUA que dá tratamento preferencial aos cubanos. Também mostra
de forma crua a crescente frustração na Cuba pós-Fidel Castro.
"Acredito que haja um enorme êxodo silencioso",
disse Ramón Saúl Sánchez, um líder dos exilados em Miami. "Estamos de volta
àqueles tempos, como em 1994, em que as pessoas construíam pequenos
dispositivos flutuantes, tendo parentes aqui ou não."
A Guarda Costeira dos Estados Unidos detectou 3.722
cubanos no último ano, quase o dobro do número de interceptados em 2012.
Segundo o acordo de migração assinado em 1994, os migrantes capturados no mar
são enviados de volta a Cuba. Os que conseguem alcançar terra firme podem
permanecer.
Yannio La O, 31, treinador de luta livre em escola
primária, chegou recentemente a Miami após ter problemas no seu barco e
desembarcar no México. Ele e outras 31 pessoas saíram no final de agosto, no
sul de Cuba. Tiveram problemas com o motor e ficaram 24 dias perdidos no mar.
Nove pessoas, incluindo uma mulher grávida,
morreram e foram lançadas ao mar, e outras seis entraram em câmaras de ar e
desapareceram antes que a Marinha mexicana resgatasse os sobreviventes.
Mais duas pessoas morreram na praia. "Eu diria a
todos em Cuba que venham. É preferível morrer de pé a viver de joelhos", disse
La O."
Fonte: "The New York Times"
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