Por Reinaldo Azevedo
Quem vai ganhar a eleição? Não sei. Espero que seja Aécio Neves,
do PSDB. Certas ou erradas, as respectivas pesquisas dos dois institutos mais
conhecidos, Ibope e Datafolha, captam o que parece inequívoco: o tucano está
recuperando votos. Vários fatores podem ter contribuído para isso. Um deles,
certamente, é o debate da TV Globo, com 30 pontos de audiência, coisa digna,
assim, de um jogo entre Corinthians e Flamengo. O desempenho de Aécio,
reconhecem os próprios petistas, foi arrasador; o de Dilma, constrangedor. Se
havia gente em dúvida sobre quem parece mais competente para dirigir o país,
não foi difícil tomar uma decisão.
Há, sim, o efeito da reportagem publicada por VEJA na sexta-feira.
Segundo Alberto Youssef, Dilma e Lula sabiam das lambanças ocorridas na
Petrobras. A propósito: agora não é mais só a VEJA. A Folha e o Estadão
reafirmaram a apuração da revista, como se isso fosse necessário. Estamos
lidando com fatos, não com o boatos, desde a primeira hora. Se alguém mentiu,
não foi a imprensa. O PT, Lula e Dilma vão processar também os dois
jornais?
Dilma foi à TV, no horário eleitoral, demonizar a revista,
estimulando uma verdadeira campanha do ódio contra a publicação. No dia
seguinte, uns 10 ou 12 truculentos foram à porta da Editora Abril para
protestar. Até aí, vá lá. Mas fizeram a seu modo: picharam a área externa do
prédio, rasgaram exemplares da revista, pediram "controle social da mídia" -
outro nome para a censura. Sim, eram eleitores de Dilma. Ela não mandou ninguém
quebrar nada, é claro. À medida, no entanto, que uma presidente da República
sataniza abertamente uma publicação que apenas cumpriu o seu dever, é
evidente que está emitindo um sinal.
Aliás, a presidente emite um péssimo sinal também para a hipótese
de ter um segundo mandato. A exemplo do que já faz o seu partido, é possível
que queira governar com a faca nos dentes, num ambiente em que terá metade do
eleitorado na oposição, uns 20% que se abstiveram, quase 10% que não votaram em
ninguém, uma economia com crescimento perto de zero, pressão inflacionária,
baixos investimentos… Se ganhar, Dilma vai ter de arcar com as consequências de
ter exercitado o discurso do ódio, do rancor e do confronto.
Esses fatores todos, tudo indica, estão pesando na reta final.
Vamos ver. Em dois dias, a distância no Ibope e no Datafolha caiu dois pontos:
é de seis a favor da petista no primeiro instituto (53% a 47%) e de quatro, na
margem de erro, no segundo: 52% a 48%. No MDA, Aécio aparece numericamente à
frente 50,3% a 49,7%.
Acho, sim, que a diferença tende a ser apertada e torço para que
esteja em curso uma onda pró-Aécio - ou que a onda sempre tenha existido e
jamais tenha sido percebida por alguns institutos. É o melhor para o Brasil. A
vida do futuro governante não será fácil, qualquer que seja o eleito. Mas é
melhor enfrentar as dificuldades andando institucionalmente para a frente - com
Aécio - do que para trás, com Dilma.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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