Acaba de ser lançado no
mercado o livro de Olavo de Carvalho, "O mínimo que você precisa saber para não
ser um idiota", organizado por Felipe Moura Brasil e lançado pela Record. Como
sempre ocorre com Olavo, a "grande mídia" simplesmente ignorou o fato.
Abateu-se sobre o filósofo o mais estrondoso silêncio.
Apesar do boicote da intelligentzia
tupiniquim, já na primeira semana o livro apareceu em 4º lugar entre os mais
vendidos da lista de Veja - e continua no mesmo patamar três semanas
depois. Assim como é certo ouvir-se a trovoada depois do raio, esquerdistas
invejosos logo lançaram a mentira de que os milhares de livros vendidos (na
primeira semana, foram 10.000) foram comprados por "financiadores" secretos de
Olavo. Este deve ter dado altas gargalhadas, e até perdeu alguns minutos de seu
precioso tempo para dar uma boa resposta aos idiotas que não leram o livro e, mesmo assim,
não gostaram.
A respeito do estrondoso
silêncio da mídia, Olavo esclarece: "Quando não se contentam em baixar sobre
os adversários a mais pesada cortina de silêncio, dedicam-se a difamá-los pelas
costas, inventando a respeito as histórias mais escabrosas, tratando-os como
criminosos, colocando-os em 'listas de inimigos' e cumprindo à risca a regra de
Lênin: não discutir com o contestador, mas destruí-lo politicamente,
socialmente e, se possível, fisicamente" (pág. 315 - "O plano e o fato", Diário
do Comércio, 11/03/2013).
Sim, destruir fisicamente.
Após sofrer ameaças de morte em 1999, Olavo passou uns tempos em Bucareste,
a convite do embaixador brasileiro na Romênia. Depois de ser demitido de vários
jornais e revistas, Olavo hoje é praticamente um asilado político nos EUA, onde
é correspondente do jornal Diário do Comércio, de São Paulo. Outro que
deixou o Brasil foi o evangélico Júlio Severo, devido às ameaças de morte
promovidas pelo movimento gay devido a seu livro "O Movimento Homossexual".
O livro de Olavo é uma
compilação de importantes artigos, publicados em jornais e revistas, de 1997 a
2013. Os artigos - melhor dizendo, ensaios e, por que não?, pequenos tratados -
estão reunidos em 25 capítulos temáticos, onde os assuntos, correlatos, se
mantêm coesos e complementares. Como são textos curtos, você pode saboreá-los
aos poucos, como drops, mesmo aleatoriamente.
Passei a admirar Olavo de
Carvalho depois de ler uma reportagem de capa da revista República.
Depois de acompanhá-lo semanalmente na revista Época, escrevi o texto Olavo "Denisovich" Carvalho. Por isso, é com orgulho que me considero um "olavete", como alguém já me chamou. Triste eu ficaria se me chamassem de "emirete" (Emir Sader), "marilenete" (Tiazinha
Chauí), "bagnete" (Marcos Bagno)...
Por que Olavo de Carvalho é
um sujeito esquisito, muito esquisito? Olha só o que ele diz no livro, em "Orgulho do fracasso", artigo publicado em O Globo, 27/12/2003: "Língua,
religião e alta cultura são os únicos componentes de uma nação que podem
sobreviver quando ele chega ao término da sua duração histórica" (pág. 65).
Onde já se viu um cara falar em religião, sem ser padre ou pastor, nestes
tempos do politicamente correto, em que predominam a pregação pagã e os ataques
permanentes contra o Cristianismo?
O organizador do livro tem
razão: "Olavo de Carvalho é um homem de fé". Ele não tem vergonha de falar de
Deus, de São Paulo Apóstolo, do salmista, dos evangelistas, da Bíblia, do
Corão, do Budismo, da espiritualidade. Há quarenta, cinquenta anos, ainda havia
escritores brasileiros importantes que evocavam Deus em suas obras, como Alceu
Amoroso Lima, Gustavo Corção, Austregésilo de Athayde. Qual é o pensador
brasileiro de renome que hoje em dia defende os três domínios que uma nação
deve ter, para atingir seu desenvolvimento pleno, ou seja, a língua, a alta
cultura e a religião?
Continua Olavo: "A
Alemanha foi o foco irradiador da Reforma e em seguida o centro intelectual do
mundo - com Kant, Hegel e Schelling - antes mesmo de constituir-se como nação.
Os EUA tinham três séculos de religião devota e de valiosa cultura literária e
filosófica antes de lançar-se à aventura industrial que os elevou ao cume da
prosperidade. Os escandinavos tiveram santos, filósofos e poetas antes do
carvão e do aço. O poder islâmico, então, foi de alto a baixo criatura da religião - religião que seria inconcebível se não tivesse encontrado, como legado da
tradição poética, a língua poderosa e sutil em que se registraram os versículos
do Corão. E não é nada alheio ao destino de espanhóis e portugueses,
rapidamente afastados do centro para a periferia da noite para o dia, sem
possuir uma força de iniciativa intelectual equiparável ao poder material
conquistado" (pág. 66).
Olavo finaliza aquele
artigo, resumindo sucintamente o que ocorreu no país do bundalelê, onde a "alta
cultura" é eleger a mulher-tomate, rebolar o traseiro sobre uma garrafa, ver
novela da TV Globo: "Escolhendo o imediato e o material acima de
tudo, o povo brasileiro embotou sua inteligência, estreitou seu horizonte de
consciência e condenou-se à ruína perpétua" (pág. 67).
Segue Olavo: "'Cultura’',
no Brasil, significa antes de tudo 'artes e espetáculos - e as artes e
espetáculos, por sua vez, se resumem a três funções: dar um bocado de dinheiro
aos que as produzem, divertir o povão e servir de caixa de ressonância para a
propaganda política... Foi preciso, no festival de Paraty, uma escritora
irlandesa (Edna O’Brien) vir avisar aos brasileiros que Chico Buarque de
Holanda não faz parte da literatura" (pág. 72 - "A fonte da eterna
ignorância", DC, 27/07/2009). E haja Jabutis literários para os cágados
esquerdistas, jabaculês para a indústria da música, regalos da Lei
Rouanet para o cinemaço nacional.
O desastre não podia ser
pior: "Considerando-se os nossos cinco séculos de história, a extensão
física e o volume populacional deste país, a nulidade da nossa contribuição
espiritual chega a ser um fenômeno espantoso, sem paralelo na história do
mundo" (pág. 64 – "Espírito e cultura", 31/12/1999).
Em "Abaixo o povo
brasileiro", Olavo volta à carga: "Quando uma vanguarda revolucionária
professa defender os interesses econômicos do povo mas, ao mesmo tempo,
despreza a religião, a sua moral e as suas tradições familiares, é claro que
não quer fazer o bem a esse povo... decidida a atirá-lo à lata de lixo se ele
não concordar em remoldar-se à imagem e semelhança de seus novos mentores e
patrões. (...) Jogam ao povo as migalhas do Bolsa Família, mas se, em troca
dessa miséria, ele não passa a renegar tudo o que ama e a amar tudo o que
odeia, se não consente em tornar-se abortista, gayzista, quotista racial,
amante de bandidos, eles o marginalizam" (pág. 257 - DC,
24/08/2009).
Olavo tem 8 filhos, aos
quais deu um ensino doméstico (homeschooling) de alto nível, que não
obteriam nas escolas tradicionais. Ele afirmou que seu filho mais culto é o que
passou menos tempo na escola. Ele próprio é um autodidata, um filósofo self-made,
sem diplomas acadêmicos. Verdadeiro mestre da lógica, ele sabe utilizar como
ninguém as técnicas da argumentação e da refutação, entremeadas com boa dose de
humor e ironia. Cedo Olavo aprendeu que, se queria obter conhecimento profundo
das coisas, teria que procurar longe dos cursos oferecidos pelas universidades.
E os palavrões de Olavo,
que tanto escandalizam os "stalinistas puritanos" do politicamente correto? "Alguns
ouvintes já entenderam que a linguagem paradoxal do meu programa True Outspeak - explicações eruditas entremeadas de palavrões grosseiros - é um esforço
barroco, talvez falhado, de sintetizar o insintetizável, de resgatar para a
esfera da alta cultura a fala disforme e quase animal do novo Brasil. Muitos
nem percebem a diferença entre a linguagem tosca e sua imitação caricatural"
(pág. 331 - "O Brasil falante", DC, 28/02/2011).
Sobre Yoani Sánchez, que
disse que "em Cuba nunca houve comunismo, apenas capitalismo de Estado",
Olavo transcreve trecho do Manifesto Comunista para desmascarar a
blogueira cubana: "A última etapa da revolução proletária é a constituição
do proletariado como classe dominante... O proletariado servir-se-á da sua
dominação política para arrancar progressivamente todo o capital da burguesia,
para centralizar todos os meios de produção nas mãos do Estado, isto é, do
proletariado organizado" (pág. 318 - "Debilidades", DC, 02/06/2013).
Olavo escreve os textos com
uma vara de marmelo ao lado. Ele não expõe nenhuma pessoa ao ridículo devido a
seus pecados privados, porém não tem medo de apontar nominalmente essa ou
aquela celebridade quando os pecados são públicos e altamente criminosos,
camuflados atrás de conceitos vaporosos como "sociedade", "grupo social", "responsabilidade coletiva" - enfim, a esquerdalhada que só sabe agir em grupo,
lambendo os rabos sujos uns dos outros, como as alcateias de cães selvagens e
os casais swing. Para Olavo, a responsabilidade deve ser sempre
individual, não coletiva, como já havia enunciado em sua obra-prima "O Jardim
das Aflições" (Realizações, 2000, pág. 174): "Se quem dá coices são os
cavalos e não a cavalidade, do mesmo modo quem age é o homem concreto, não a
sociedade".
E por que o gramscismo se
estabeleceu tão amplamente na sociedade brasileira? Olavo não tem meias
palavras ao afirmar que a estratégia adotada pelos militares, especialmente a
teoria de Golbery do Couto e Silva, "o bruxinho que era bom", de deixar uma válvula de escape
da "panela de pressão" aos esquerdistas, contribuiu
decisivamente para que isso ocorresse. Após 1964, "uma ala mergulhou na
leitura das idiotices de Regis Débray e Che Guevara, torrando suas energias na 'revolução impossível' das guerrilhas. Outra, mais esperta, recuou e apostou na
estratégia de longo prazo que propunha ir conquistando o universo inteiro das
artes, do ensino, da cultura, do jornalismo - discretamente, como quem não quer
nada - antes de arriscar a sorte na luta direta contra o inimigo político. O
governo militar, obsediado pelo empenho de reprimir as guerrilhas, não ligou a
mínima para esses empreendimentos pacíficos, aparentemente inofensivos. Fez
vista grossa e até os apoiou como derivativo e alternativa aceitável à oposição
violenta. A ideia gramsciana foi tão bem-sucedida que, já em plena ditadura
militar, a esquerda mandava nas redações, marginalizando os direitistas mais
salientes - Gustavo Corção, Lenildo Tabosa Pessoa - até excluí-los totalmente
das colunas de jornais" (pág. 326-7 - "Da fantasia deprimente à realidade
terrível", DC, 11/09/2006).
Olavo é como o profeta que
sobe à montanha para encontrar o silêncio e meditar sobre si mesmo, antes de
discorrer sobre importantes questões do mundo atual, especialmente as do
Brasil, ao mesmo tempo em que o povaréu, lá embaixo, se esfalfa na esbórnia, em
adoração ao bezerro de ouro. "O reconhecimento interior não é só um
exercício de memória, mas um esforço sério para ampliar a imaginação de modo
que possa abarcar mesmo as possibilidades mais extremas e inusitadas. Você não
pode fazer isso se não se dispõe a descobrir na sua alma monstros, heróis e santos
que jamais suspeitaria encontrar lá" (pág. 401 - "Como ler a Bíblia"- JB,
17/01/2008).
E, como profeta, tem suas
premonições: "Os editoriais escritos pelos srs. Roberto Marinho e Júlio de
Mesquita Filho jamais poderiam ser publicados, hoje, nos próprios jornais que
esses homens fundaram, onde o máximo que se permite, num espacinho minoritário,
é um pouco de liberalismo chocho e inofensivo, quando não a pura crítica de
esquerda a algum desmando ou patifaria mais vistosa do governo petista"
(pág. 316 - "O plano e o fato", DC, 11/03/2013). Isso Olavo escreveu em
março, e, no dia 2 de setembro, cumpriu-se a profecia: a Rede Esgoto de
Televisão, no Jornal Nacional, por meio de William Bonner, veio a
público renegar o editorial do patriarca de O Globo, escrito em 1984,
em que tecia elogios aos 20 anos de governo militar. Hoje, para ser jornalista
de O Globo, o sujeito deve obrigatoriamente ser militante esquerdista.
"Olavo de Carvalho não é
para frouxos" -
afirma o organizador do livro na apresentação da obra. E como o Brasil poderia
sair do marasmo em que se encontra? Olavo dá uma pista, o esquisito Olavo, mais
uma vez discorrendo sobre espiritualidade: "Lutar para que a cultura
brasileira se ligue às fontes centrais e permanentes do conhecimento
espiritual, para que a experiência da visão espiritual ingresse no nosso
horizonte de aspirações humanas e, uma vez obtida, faça explodir, com a força
das intuições originárias, todo um mundo de formas imitativas e periféricas,
gerando uma nova vida" (pág. 64 - "Espírito e Cultura", 31/12/1999).
Na obra, não podia faltar
uma abordagem sobre a "língua de pau" do politicamente correto, que tem a
finalidade de distorcer e congelar certas expressões linguísticas, de modo que
tenham apenas o significado da ideologia socialista. (Para Olavo, "ideologia
é a prostituição da inteligência" - pág. 448 - "Conversa
sobre estilo" – 28/04/2000.) "O termo 'fascismo', que cientificamente
compreendido se aplica com bastante propriedade a muitos governos esquerdistas
do terceiro mundo, é usado pela esquerda como rótulo infamante para denegrir
ideias tão estranhas ao fascismo como a liberdade de mercado, o antiabortismo
ou o ódio popular ao mensalão" (pág. 434 - "A palavra-gatilho", DC,
08/06/2012).
No livro, Olavo lembra
também a "espiral do silêncio", que acovardou os líderes da Igreja Católica nos
dois últimos séculos: "Trata-se de extinguir, na alma do inimigo, não só uma
disposição guerreira, mas até sua vontade de argumentar em defesa própria, seu
mero impulso de dizer umas tímidas palavrinhas contra o agressor... Calar-se
ante o atacante desonesto é uma atitude tão suicida quanto tentar rebater suas
acusações em termos 'elevados', conferindo-lhe uma dignidade que não tem. As
duas coisas jogam você direto na voragem da 'espiral do silêncio'. A Igreja do
século XVIII cometeu esses dois erros como a Igreja de hoje os está cometendo
de novo" (pág. 416-18 – "Maquiadores do crime" – DC, 20/09/2010).
Enfim, isso e muitíssimo
mais é exposto no livro do Olavo, que é um convite para que todos nós nos
modifiquemos primeiro por dentro para depois tentar modificar o que está em
volta. E aí, já comprou o livro ou vai continuar pensando e falando como um
idiota?
Fonte: "Mídia Sem Máscara"
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