Por Reinaldo Azevedo
De um foguete, representado pelo Cristo Redentor, que apontava
para o alto, imponente, para uma aeronave desgovernada nos céus, perto de
colidir com o Corcovado. Essa é a comparação feita pela revista britânica 'The
Economist' ao tratar da evolução do Brasil nos últimos quatro anos. A edição
distribuída na América Latina questiona se o Brasil, de fato, "estragou tudo",
depois de ter sido, por um breve período, a estrela dos emergentes. Segundo a
reportagem, a presidente Dilma Rousseff tem sido incapaz de enfrentar problemas
estruturais do país e interfere mais que o antecessor na economia, o que tem
assustado investidores estrangeiros para longe de projetos de infraestrutura e
minado a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica. A 'The
Economist' é categórica ao afirmar: "até agora, eleitores brasileiros têm poucas
razões para dar a Dilma um segundo mandato".
O especial de quatorze páginas sobre o Brasil é assinado
pela jornalista Helen Joyce, correspondente da revista no país. "Na década de
2000, o Brasil decolou e, mesmo com a crise econômica mundial, o país cresceu
7,5% em 2010. No entanto, tem parado recentemente. Desde 2011, o Brasil
conseguiu apenas um crescimento anual de 2%. Seus cidadãos estão descontentes -
em julho, eles foram às ruas para protestar contra o alto custo de vida,
serviços públicos deficientes e a corrupção dos políticos", informa a revista,
que já chegou a pedir, com certa ironia, a saída de Guido Mantega do ministério
da Fazenda.
Em 2009, em meio à crise econômica mundial, a revista fez também
um especial de quatorze páginas para ressaltar os anos de bonança do país,
reproduzindo a imagem do Cristo decolando como se fosse um foguete. À época, a
economia brasileira patinava, ainda sofrendo o impacto da turbulência nos
Estados Unidos. Contudo, indicadores macroeconômicos estáveis acabaram contando
mais, para a 'The Economist', do que a retração econômica de 2009, de 0,2%.
Para a revista, a falta de ação do governo Dilma é a principal
razão para o chamado "voo de galinha" do país, jargão usado para denominar
situações em que países ou empresas têm um crescimento disparado, mas que não
se sustenta. "A economia estagnada, um estado inchado e protestos em massa
significam que Dilma Rousseff deve mudar de rumo", informa a publicação.
O texto reconhece que outros emergentes também desaceleraram após
o boom que teve o auge em 2010 para o Brasil. "Mas o Brasil fez muito pouco
para reformar seu governo durante os anos de boom", diz a revista. Um dos
problemas apontados pela reportagem é o setor público, que "impõe um fardo
particularmente pesado para o setor privado". Um dos exemplos é a carga
tributária que chega a adicionar 58% em tributos e impostos sobre os salários.
Esses impostos são destinados a prioridades questionadas pela 'Economist'. "Apesar de ser um país jovem, o Brasil gasta tanto com pensões como países do
sul da Europa, onde a proporção de idosos é três vezes maior", diz o texto que
também lembra que o Brasil investe menos da metade da média mundial em
infraestrutura.
Problemas antigos
A publicação reconhece que muitos desses problemas são antigos, mas Dilma Rousseff tem sido "relutante ou incapaz" de resolvê-los e criou novos "interferindo muito mais que o pragmático Lula". "Ela tem afastado investidores estrangeiros para longe dos projetos de infraestrutura e minou a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica, induzindo publicamente o presidente do Banco Central a cortar a taxa de juros. Como resultado, as taxas estão subindo, atualmente, mais para conter a inflação persistente", diz o texto. "A dívida bruta subiu para 60% ou 70% do PIB - dependendo da definição - e os mercados não confiam na senhora Rousseff", completa o texto. A 'Economist' chega a ironizar, chamando a presidente de "Dilma Fernández", que é o sobrenome de Cristina Kirchner, presidente da Argentina.
A publicação reconhece que muitos desses problemas são antigos, mas Dilma Rousseff tem sido "relutante ou incapaz" de resolvê-los e criou novos "interferindo muito mais que o pragmático Lula". "Ela tem afastado investidores estrangeiros para longe dos projetos de infraestrutura e minou a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica, induzindo publicamente o presidente do Banco Central a cortar a taxa de juros. Como resultado, as taxas estão subindo, atualmente, mais para conter a inflação persistente", diz o texto. "A dívida bruta subiu para 60% ou 70% do PIB - dependendo da definição - e os mercados não confiam na senhora Rousseff", completa o texto. A 'Economist' chega a ironizar, chamando a presidente de "Dilma Fernández", que é o sobrenome de Cristina Kirchner, presidente da Argentina.
Apesar das críticas, a revista demonstra otimismo com o futuro a
longo prazo do Brasil. "Felizmente, o Brasil tem grandes vantagens. Graças aos
seus agricultores e empresários eficientes, o país é o terceiro maior exportador
de alimentos do mundo", diz o texto, que menciona também o petróleo da camada
pré-sal. A publicação elogia ainda a pesquisa em biotecnologia, ciência
genética e tecnologia de óleo e gás em águas profundas. Além disso, lembra que,
apesar dos protestos populares, o Brasil "não tem divisões sociais ou étnicas
que mancham outras economias emergentes, como a Índia e a Turquia".
A 'Economist' afirma que a presidente Dilma ainda tem tempo para
começar reformas necessárias, fundindo ministérios e cortando gastos públicos,
caso esteja disposta a colocar a "mão na massa". Mas, diante do atual cenário,
a revista afirma que, ainda que a presidente esteja com foco no possível
segundo mandato, os "eleitores brasileiros têm poucas razões para dar a ela a
vitória".
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Nenhum comentário:
Postar um comentário