Por Reinaldo Azevedo
A milícia Al-Shabab, ligada à Al Qaeda,
invade um shopping no Quênia e faz pelo menos 68 mortos. Os terroristas dizem
protestar contra a presença de tropas quenianas na Somália e coisa e tal.
Saíram atirando e matando um tanto a esmo, mas os cristãos eram alvos
preferenciais, especialmente para fazer reféns. Isso foi no sábado. No domingo,
dois homens-bomba explodiram numa igreja em Pashawar, no Paquistão. Morreram 78
pessoas, e há centenas de feridos, muitos em estado grave. Voou carne humana
para todo lado. Num único fim de semana, devem ter morrido uns cem cristãos,
vítimas de atentados, em apenas dois países.
No dia 16 do mês passado, escrevi aqui
um post cujo primeiro parágrafo era este:
"No ano passado, pelo menos 105 mil pessoas foram assassinadas no mundo por um único motivo: eram cristãs. O número foi anunciado pelo sociólogo Maximo Introvigne, coordenador do Observatório de Liberdade Religiosa, da Itália. E, como é sabido, isso não gerou indignação, protestos, nada. Segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), 75% dos ataques motivados por intolerância religiosa têm como alvos os… cristãos. Mundo afora, no entanto, o tema quente, o tema da hora - e não é diferente da imprensa brasileira -, é a chamada 'islamofobia'".
"No ano passado, pelo menos 105 mil pessoas foram assassinadas no mundo por um único motivo: eram cristãs. O número foi anunciado pelo sociólogo Maximo Introvigne, coordenador do Observatório de Liberdade Religiosa, da Itália. E, como é sabido, isso não gerou indignação, protestos, nada. Segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), 75% dos ataques motivados por intolerância religiosa têm como alvos os… cristãos. Mundo afora, no entanto, o tema quente, o tema da hora - e não é diferente da imprensa brasileira -, é a chamada 'islamofobia'".
O aspecto religioso desses ataques desaparece
depressa, é logo ignorado. A Igreja Católica e as demais denominações cristãs
parecem incapazes de denunciar com a devida gravidade o que está em curso. Ao
contrário até: na imprensa ocidental, a esmagadora maioria das notícias acaba
tendo um viés anticristão por conta, vamos dizer, da "agenda progressista de
costumes". No mundo, nenhuma escolha pessoal é, hoje em dia, tão mortal como o
cristianismo. Nos 45 dias que se seguiram à deposição de Mohamed Morsi, no
Egito, pelo menos 200 cristãos da minoria copta foram assassinados. E a matança
continua.
Mas este não é um assunto "quente". Se
algum extremista cretino atacar um muçulmano no Ocidente, aí o debate pega fogo - e não que a indignação seja imerecida. Mas cumpre perguntar: por que a carne
cristã é tão barata no imaginário da imprensa ocidental?
O Estadão de hoje noticia o atentado
contra a igreja no Paquistão e faz um quadrinho com o título "Para lembrar".
Nas últimas linhas do texto, lê-se o seguinte: "Na
época [da guerra no Afeganistão], o presidente americano, George Bush, falou de
uma 'cruzada contra o terror'. A evocação das Cruzadas foi considerada uma
provocação por líderes islâmicos".
Então vamos ver. Como se nota, de algum
modo, George Bush continua a ser o satã de plantão. Fica a sugestão de que, não
tivesse ele falado em "cruzada", os líderes islâmicos não teriam achado "uma
provocação", e talvez a realidade fosse outra. Ai, ai… Bush é protestante (foi
da Igreja Episcopal; é metodista hoje) e não muito versado em história. As "Cruzadas" certamente não são, para ele, uma referência histórica evocável. O
emprego da palavra "cruzada", obviamente, não remetia aos eventos da Idade
Média. Quem passou a chamar os americanos de "os cruzados" com esse sentido de
confronto entre cristãos e muçulmanos foi Osama Bin Laden.
Corolário: também no Brasil, a visão
que prosperou sobre a luta contra o terror foi a do chefão da Al Qaeda. Não
devemos, pois, ficar espantados que a carne dos cristãos, espalhada aos
pedaços, seja tão barata.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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