Por Cesar Maia
1. A mobilização dos militantes e simpatizantes de Lula, ao ser
anunciada a sua condução para depoimento no dia 04/03, foi pífia. Somando todos
os grupos que foram às ruas em S. Paulo e outras cidades, não se chega a 3 mil
pessoas. Mais tarde, a lista de fatos detalhada pelo MP, que investiga a
Lava-Jato, criou a certeza que condenações - maiores ou menores - serão
inevitáveis. Mas como Lula não tem imunidade, esses processos correrão na
justiça num tempo muito maior do que seria no STF, com toda a cobertura e o
respectivo desgaste.
2. A reação de Lula foi dizer que correrá o Brasil, falando às pessoas e
denunciando as arbitrariedades, segundo ele. E desde já - como elemento
mobilizador - se declara candidato a presidente em 2018. Uma estratégia de frustração.
Com sua larga experiência em comícios sindicais ou políticos, seu termômetro
mostrará uma temperatura tão baixa que a depressão será inevitável. O
centenário truque retórico de se vitimizar já não cola mais. As lágrimas - forçadas - não convencem.
3. Mas é a única forma de gerar esperança e expectativa de poder em seus
militantes. Mas não vai correr o risco de encerrar sua carreira pública com uma
derrota e até não chegar no segundo turno. Afinal, será uma eleição de seis
candidatos experimentados (Marina, Alvaro Dias, Ciro Gomes, Aécio e PMDB, além,
claro, do PT). O PT lançará um candidato com cruz na testa, como dizia Brizola,
ou seja, militante de lealdade reconhecida. A tarefa deste será defender Lula e
Dilma e não ganhar a eleição, mesmo que não saiba disso.
4. Os sábios do Instituto Lula continuam sonhando com um pedido de
licença de Dilma por tempo indeterminado em razão de doença (depressão...). Com
isso, se antecipa a ida de Lula e seu PT de estimação para a oposição, onde se
sentem mais cômodos. Atirando, a animação será muito maior. Criará expectativa,
ilusória.
5. Enquanto isso, Dilma se defende como pode, pedalando e com doses de
sertralina. E à tarde faz seus discursos no palácio, cercada de ministros animadores
e - sempre - com sua permanente cara de botox. Até quando?
6. (Eliane Catanhede - Estado de S. Paulo, 04) É o Fim do Projeto do PT.
a) A sexta-feira, 4 de março de 2016, é também um marco: ninguém está acima da
Lei. Com Lula depondo na Polícia Federal e acossado, junto com a
presidente Dilma Rousseff, pelas acusações de Delcídio Amaral, não há outra
conclusão possível senão a óbvia: é o fim do projeto do PT.
b) A Lava Jato engoliu Lula e, com ele, o projeto de eternização do PT
no poder. Há provas de que havia uma triangulação criminosa: o dinheiro saía da
Petrobrás, passava pelas empreiteiras e parte dele ia para o ex-presidente em
forma de pagamentos dissimulados de palestras, viagens pelo mundo, o sítio de
Atibaia e o triplex do Guarujá. Lula, portanto, seria beneficiário dos desvios
da maior companhia brasileira, hoje uma das empresas mais endividadas do mundo.
Sem falar na Operação Zelotes...
c) Tudo isso configura um cerco a Lula e a Dilma que, apesar de dependerem
visceralmente um do outro, entram na dolorosa fase do "salve-se quem puder" ou,
de outra forma, “cada um por si”. Dilma está totalmente isolada em seus
palácios, enquanto Lula se despe da roupagem do "Lulinha paz e amor" e conclama
suas tropas para a guerra. A possibilidade de impeachment de Dilma é cada vez
mais real e a próxima etapa do processo deve ocorrer nas ruas. As bandeiras
vermelhas, em minoria, vão tentar ganhar no grito – ou na pancadaria.
Fonte: "Ex-Blog do Cesar Maia"
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