Por Reinaldo Azevedo
O debate entre os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Dilma
Rousseff (PT) rendeu uma média de 13 pontos no Ibope, o que é muito bom para o
horário. O encontro, desta feita, foi um pouco mais frio do que o das outras
vezes, embora não tenha deixado de ser tenso. A menos que eu tenha perdido, não
se ouviu a palavra "mentira", ainda que os dois candidatos tenham concordado em
discordar sobre todos os assuntos. Mais uma vez, Dilma quis falar de um Brasil
que já passou, citando números conforme lhe dava na telha, e Aécio, de um país
que pode ser. Assim, de novo, ela investiu na política do medo, e ele, na da
esperança de dias melhores. Dilma repetiu a relação absurda estabelecida no
debate da Jovem Pan-UOL-SBT: afirmou que o país só conseguiria chegar a uma
inflação de 3% com um choque de juros e triplicando o desemprego. É espantoso
que uma presidente da República trate de assunto tão sério com tamanha
ligeireza. Dá para entender por que os mercados entram em pânico se acham que
sua situação eleitoral melhora? Mais: se, no sábado, ela admitiu que houve
roubalheira na Petrobras, no domingo, já ensaiou um recuo. Basta rever o embate
para que se constate que essa não é uma leitura que manifesta boa vontade com
ele e má vontade com ela.
Um debate, a rigor, para ser sério, tem de contar com honestidade
intelectual. A fala final de Dilma foi, de fato, a síntese de suas
intervenções: segundo ela, estão em confronto dois modelos: um que teria
proporcionado "avanços e conquistas" (o seu), e outro que teria condenado o
povo ao desemprego e ao arrocho salarial” (o da oposição). Resumir os oito anos
de governo FHC a esses dois termos nem errado chega a ser; é apenas estúpido.
Pela enésima vez foi preciso ouvir Dilma a afirmar que o governo
FHC proibiu a criação de escolas técnicas: falso! Que apenas 11 foram
construídas na gestão tucana. Falso. Que seus adversários tentaram privatizar a
Petrobras. Falso. Que eles pretendem cortar direitos trabalhistas. Falso. Que
são contra a participação dos bancos públicos na economia. Falso. O problema do
PT na propaganda e no debate é responder a um adversário que o partido
inventou, que não existe.
Petrobras
O debate deste domingo serviu para evidenciar como é realmente sensível o caso Petrobras. Se, no sábado, ela admitiu que houve desvios na Petrobras, no debate deste domingo, já foi mais ambígua, falando que há apenas "indícios de desvios". Uau! Só os "indícios" que foram parar no bolso de Paulo Roberto Costa somam admitidos R$ 70 milhões. João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, é apontado por Costa e Alberto Youssef como um dos chefões do esquema. O partido ficaria com 2% de todos os grandes contratos. O tucano quis saber se Dilma confia em Vaccari, já que o homem é até conselheiro de Itaipu. Ela não respondeu.
O debate deste domingo serviu para evidenciar como é realmente sensível o caso Petrobras. Se, no sábado, ela admitiu que houve desvios na Petrobras, no debate deste domingo, já foi mais ambígua, falando que há apenas "indícios de desvios". Uau! Só os "indícios" que foram parar no bolso de Paulo Roberto Costa somam admitidos R$ 70 milhões. João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, é apontado por Costa e Alberto Youssef como um dos chefões do esquema. O partido ficaria com 2% de todos os grandes contratos. O tucano quis saber se Dilma confia em Vaccari, já que o homem é até conselheiro de Itaipu. Ela não respondeu.
Dilma apelou, mais uma vez, ao Mapa da Violência para afirmar que,
em Minas, o número de homicídios cresceu mais 50% na gestão de Aécio. E ainda
pediu que ele fosse ver a tabela. Eu fui. Ele governou o Estado entre janeiro
de 2003 e março de 2010 - logo, os números que lhe dizem respeito são aqueles
desse período. Vejam as tabelas abaixo, que trazem os mortos por 100 mil
habitantes dos Estados brasileiros e das capitais.
Os homicídios no Estado entre 2003 e 2009 tiveram um crescimento
de 14%, não de mais de 50%, e os da capital caíram 13,7%. Agora olhem este
outro quadro:
Minas tem a segunda maior população do Brasil, mas está em 23º
lugar no ranking dos Estados em que há mais mortes. Vejam lá o que se deu na
Bahia do petista Jaques Wagner: ele chegou ao poder com 23,5 mortos por 100
mil, e a taxa saltou para 41,9 em 2002, um crescimento de 78,2%. Que tal
analisar o Piauí? Os petistas pegaram o estado com taxa de homicídios de 10,2;
em 2012, era de 17,2, com aumento de 58,2%. A tragédia da incompetência petista
na área se repetiu em Sergipe: os petistas assumem em 2007 com taxa de 29,7, e
esta se elevou para 41,8 dez anos depois, com crescimento de 40,7%. Mas o PT se
comporta como professor de segurança pública. Se deixar, eles dão aula até para
São Paulo, que hoje tem a menor taxa do país.
O debate deste domingo não teve pancadaria, mas isso não quer
dizer que a verdade não tenha sido severamente espancada.
Fonte:
"Blog Reinaldo Azevedo"
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