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domingo, 22 de março de 2009

Obama teve o seu dia de Osama. Ou: Ele é a nova pin-up dos EUA

Extraído do "Blog Reinaldo Azevedo":
O aiatolá Ali Khamenei, o dito líder supremo iraniano, desdenhou ontem da proposta de diálogo feita pelo presidente dos EUA, Barack Obama. Discursando para milhares de pessoas na cidade de Meshed, disse que a fala do americano não passa de slogan. E os fanáticos gritavam: “Morte aos Estados Unidos”. E o aiatolá para os EUA: "Se vocês mudarem, nós mudaremos de atitude". Referindo-se àquele vídeo patético de Obama, observou: “Na mesma mensagem, ele acusa [o Irã] de apoiar o terrorismo, buscando armas nucleares". Oh, quanta mentira, não é mesmo?
Pois é...
Eu detesto que fique parecendo que prefiro Khamenei a Obama. Eu não! Deus me livre! Mas é fato que a reação do aiatolá está à altura da diatribe midiática e boboca do presidente americano. Obama resolveu viver o seu dia de Osama, o Bin Laden, e se comunicar por intermédio de um vídeo. Ele sabe que a sua Al Jazeera é bem mais fiel e subserviente a seus desígnios do que é a emissora do Catar aos do líder terrorista. A Al jazeera de Obama, hoje em dia, é toda a imprensa não-islâmica. Ele é nosso aiatolá - quiçá candidato ao posto de profeta.Incrível! Fiquei caçando na imprensa mundial alguma crítica ao imitador de Osama. Nada! Só Sérgio Dávila, na Folha, observou que o vídeo era mais expressão da falta de rumo na relação com o Irã do que propriamente de estratégia. Comentei ontem com Diogo que Obama teve o seu dia de Osama, e ele me disse que havia afirmado a mesma coisa no Manhattan Connection, que vai ao ar hoje. O resto é silêncio basbaque.
Sei, sei... Os “modernos”, nessa era de, como é mesmo?, “revisão de paradigmas”, devem achar que foi um gesto de grande esperteza... Vocês sabem: passar a operar com as armas dos inimigos. Segundo essa visão, também o establishment americano deve fazer a sua guerrilha de informação para conquistar os - atenção para um clichê que costuma despertar em mim os instintos mais primitivos - “corações e mentes” dos vários Orientes... Tenho vergonha até de escrever isso, mesmo como ironia.Foi um vídeo patético. Eu o inscrevo numa era de crise de valores, não de revisão de paradigmas. Ainda escreverei mais a respeito. Antigamente, os EUA mobilizavam as suas garotas sedutoras para mostrar as grandezas da América. Obama se tornou a nova pin-up da política externa americana. Enquanto o vídeo corria o mundo, ele se divertia num programa popularesco de TV, onde fez uma piada infeliz, tendo de se desculpar depois com os "portadores de necessidades especiais". Quem fala demais dá bom-dia a cavalo, diz o ditado.
Ao presidente mexicano Porfírio Diáz (1877-1880 e, depois, 1884-1911) é atribuída a frase “Pobre México! Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”. Sei não... Mas logo alguém se lembrará de dizer: “Pobres Estados Unidos! Tão longe de Deus e tão perto do México”.

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