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quarta-feira, 23 de maio de 2018

Livro trata sobre o processo de cassação da Rádio Cultura

Publicação tem organização do jornalista e memorialista Dimas Oliveira

Fotos: Jorge Magalhães

"O Processo de Cassação da Rádio Cultura", livro organizado pelo jornalista e memorialista Dimas Oliveira, está no prelo, impressão da Samp Gráfica e Editora, e será lançado no segundo semestre deste ano. É uma edição da Fundação Senhor dos Passos, através do seu Núcleo de Preservação da Memória Feirense, do qual Dimas é integrante. Tem apoio de empresas feirenses.
O livro é uma compilação das peças do processo que resultou no fechamento da Rádio Cultura de Feira de Santana, que teve seu funcionamento cassado em março de 1975. A emissora foi reaberta dez anos depois, em julho de 1985.
O que motivou o fechamento da emissora, após suspensão de 15 dias, foi entrevista do então deputado federal Francisco Pinto, feita pelo radialista Lucílio Bastos, levada ao ar no dia 13 de julho de 1974, quando o parlamentar reiterou críticas ao presidente do Chile general Augusto Pinochet, presente em Brasília para a posse do presidente Ernesto Geisel. As palavras foram consideradas ofensivas ao chefe-de-estado de nação estrangeira.
A fala de Pinto virou peça do processo contra ele, movido pelo ministro da Justiça Armando Falcão, baseado na Lei de Segurança Nacional.
Francisco Pinto cumpriu seis meses de prisão especial no quartel do 1º Batalhão de Polícia Militar de Brasília. A publicação trata sobre as inúmeras visitas ao preso e a greve de fome que fez.
A obra é resultado de pesquisa feita a partir de material disponível no Arquivo Nacional, instituição que é responsável pela preservação e difusão de documentos da administração pública federal. Também são reproduzidos registros da imprensa sobre o episódio histórico. Reproduções de fotos e fac-símiles integram galeria de imagens.
"Os próprios fatos que compõem o livro falam por si. Não existe tomada de posição do organizador, que tão somente traz à luz documentos que estiveram como confidenciais, secretos e sigilosos", diz na apresentação Thomas Oliveira, que é filho do jornalista.
No prefácio, o jornalista e memorialista Adilson Simas, diz que "neste trabalho os leitores vão conhecer o retrato fiel do processo que culminou com a dolorosa cassação da Rádio Cultura. Cassação que ocorreu em 18 de março de 1975, quando faltava apenas um ano para a emissora comemorar seu  jubileu de prata, pois inaugurada em 28 de agosto de 1950".
Diz mais que "testemunhei o fato que o governo ditatorial buscou para cassar a concessão. Afinal, estava ao lado do radialista Lucílio Bastos quando este gravou a entrevista com Chico Pinto na Casa da Torre, residência de Oscar e Miriam Marques, diretores da emissora.