Programa comemora o décimo aniversário com um quarto dos brasileiros recebendo o auxílio. A ajuda é necessária, mas seria melhor uma solução para tirá-los do círculo vicioso da esmola
ADEUS AO TRABALHO - Lucinete Nobre mora em Junco do
Maranhão, o município com a maior proporção de habitantes assistidos pelo Bolsa
Família. Ela deixou de trabalhar na roça e sustenta a família com os 216 reais
que recebe por mês: "Tomara que continue assim pelo resto da
vida" (Caio Guatelli)
Na cidade maranhense de Junco do Maranhão, a maioria dos 3 790 habitantes passa o dia vendo televisão, cuidando dos afazeres domésticos ou batendo papo na porta de casa. São raros os que têm horário para cumprir no trabalho. Isso porque, em Junco, 90,5% da população vive com o dinheiro do Bolsa Família. É o município brasileiro com a maior proporção de cidadãos assistidos pelo programa federal. Lançado no primeiro mandato do presidente Lula, o Bolsa Família completa uma década no mês que vem. O objetivo anunciado era reduzir a pobreza e a desigualdade social com a transferência direta de dinheiro às famílias miseráveis. Dez anos depois, a pobreza de fato regrediu. Em 2003, o Brasil tinha 12% da população vivendo com menos de 2,8 reais por dia. Em 2011, o índice caiu para 4,2%. O Bolsa Família contribuiu para essa melhora, mas, obviamente, não foi o único responsável pelo bom resultado.
Na cidade maranhense de Junco do Maranhão, a maioria dos 3 790 habitantes passa o dia vendo televisão, cuidando dos afazeres domésticos ou batendo papo na porta de casa. São raros os que têm horário para cumprir no trabalho. Isso porque, em Junco, 90,5% da população vive com o dinheiro do Bolsa Família. É o município brasileiro com a maior proporção de cidadãos assistidos pelo programa federal. Lançado no primeiro mandato do presidente Lula, o Bolsa Família completa uma década no mês que vem. O objetivo anunciado era reduzir a pobreza e a desigualdade social com a transferência direta de dinheiro às famílias miseráveis. Dez anos depois, a pobreza de fato regrediu. Em 2003, o Brasil tinha 12% da população vivendo com menos de 2,8 reais por dia. Em 2011, o índice caiu para 4,2%. O Bolsa Família contribuiu para essa melhora, mas, obviamente, não foi o único responsável pelo bom resultado.
Impulsionado pelo consumo
mundial de commodities como aço e ferro, o PIB do país experimentou um
crescimento anual médio de 4,3% entre 2004 e 2011. O estímulo econômico fez
ascender para a chamada nova classe média 35 milhões de brasileiros. O poder de
compra do salário mínimo e o total de crianças matriculadas nas escolas
aumentaram. Embora a pobreza venha diminuindo, a quantidade de dependentes do
Bolsa Família cresce a cada recadastramento. Em uma década, o número saltou de
3,6 milhões de famílias para 13,8 milhões. Ao todo, são hoje subsidiados 50
milhões de brasileiros, um quarto da população do país. Nesse período, apenas
1,7 milhão de famílias deixaram de receber o auxílio. Os números superlativos
fazem do Bolsa Família o maior programa de transferência de renda condicionada
do mundo.
O Bolsa Família está
presente em todos os 5 570 municípios brasileiros. Destes, 1 750 têm mais da
metade da população vivendo parcial ou totalmente com o recurso federal. Ocorre
que muitos beneficiários continuam sem perspectiva ou oportunidade de encontrar
uma ocupação. É certo que, na vida em sociedade, a maioria produtiva deve
auxiliar os incapazes, mas permitir que famílias inteiras sejam subsidiadas
para sempre por um sistema que não estimula sua força de trabalho é favorecer a
dependência.


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