Por Augusto Nunes
Neste sábado, Lula
completou 288 dias de mudez sobre o escândalo que protagonizou ao lado de
Rosemary Noronha. Ele continua tentando acreditar que o Brasil acabará
esquecendo as bandalheiras que reduziram a esconderijo de quadrilheiros o
escritório da Presidência da República em São Paulo. No mais cruel dos dias para
quem tem culpa no cartório, VEJA tratou de reiterar que a memória da imprensa
independente é imune a surtos de amnésia conveniente.
As revelações contidas na
reportagem de Robson Bonin tornaram mais encorpada e mais cinzenta a pilha de
perguntas que exigem respostas e repelem álibis mambembes. Por exemplo: quem
está bancando os honorários do exército de advogados incumbido de livrar de
punições judiciais a vigarista de estimação do ex-presidente? A defesa de Rose
inclui três grandes escritórios que têm na carteira de clientes banqueiros,
figurões da República e patifes milionários dispostos a desembolsar qualquer
quantia para manter o direito de ir e vir.
"Ela cercou-se de um
batalhão de quase quarenta advogados para defendê-la", informa um trecho
da reportagem de quatro páginas. "São profissionais que, de tão
requisitados, calculam seus honorários em dólares americanos, mas
que, nesse caso, não informam quanto estão cobrando pela causa, muito
menos quem está pagando a conta". Rose foi indiciada por formação de
quadrilha, tráfico de influência, corrupção passiva, e
também acabou processada pelo próprio governo por suspeita de
enriquecimento ilícito. Graças à tropa de bachareis, continua impune.
VEJA apurou que, "nas
estimativas mais conservadoras de especialistas, uma estrutura semelhante
não assinaria uma única petição por menos de 1 milhão de dólares". No
ano passado, em depoimento à Polícia Federal, Rosemary Noronha declarou que sua
única fonte de renda era o salário de 12 000 reais. Ao perder o emprego na
representação paulista da Presidência, a fonte secou de tal forma que, para
sobreviver, Rose reiterou a ameaça de contar tudo o que se sabe se fosse
abandonada pelos amigos dos bons tempos.
Deu certo. "Para
necessidades mundanas do dia a dia", revela a reportagem, "ela costuma sacar o
celular e telefonar para o "P.O.", como prefere se referir a Paulo Okamotto,
braço-direito e faz-tudo de Lula no instituto que leva seu nome". Encarregado
de resolver emergências financeiras, é provável que P.O. tenha providenciado os
R$ 20 mil que permitiram à ex-Primeiríssima Amiga distrair-se, nas últimas
semanas, com a redecoração do apartamento em São Paulo. Falta saber quem
patrocina a multidão de doutores.
Lula sabe. Não vai demorar
a saber também que, no Dia da Independência, ficou ainda mais dependente do
silêncio cúmplice de Rosemary Noronha.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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