Por Reinaldo Azevedo
Sim, foi a maior humilhação da história do futebol brasileiro sob
qualquer ponto de vista. Ainda voltarei a esse aspecto. A Seleção da Alemanha
honrou o futebol de várias maneiras - e de uma particularmente vexaminosa para
os brasileiros.
Em primeiro lugar, os alemães jogaram limpo, com pouquíssimas
faltas. Em segundo lugar, já foi o tempo em que se dizia que eles praticavam em
campo algo muito parecido com o futebol, mas que era outra coisa, dada a seca
objetividade. Continuam objetivos, mas agora têm um belíssimo toque de bola e
craques capazes de lances espetaculares. Em terceiro lugar e mais importante:
os alemães estavam visivelmente felizes e excitados por estar jogando com o
Brasil, a Seleção pentacampeã do mundo. E convidou os nossos atletas para
jogar… futebol!!!
Sim, eles, os alemães, se zangaram duas vezes ao menos: quando os
brasileiros tentavam cavar pênaltis. Houve ao menos quatro simulações
descaradas - ou sem caráter: de Fred (acreditem!), de Marcelo, de Oscar e de um
quarto cujo nome não anotei (mas houve).
Um jogador alemão passou uma verdadeira e merecida descompostura
em Marcelo. Depois da cena patética protagonizada por Fred no jogo contra a
Croácia, é evidente que Felipão deveria ter dito nos bastidores, se é que diz
alguma coisa além de tautologias: "O primeiro cai-cai que simular um pênalti
está fora do jogo! Só é para cair quando não der mesmo para ficar de pé. Se o
outro não fez nada, evite o tombo espetacularmente ridículo". Mas parece que
isso não foi dito.
Na Europa, esse tipo de comportamento é severamente punido; é
considerado, e é mesmo!, uma das fraudes mais graves que se podem cometer em
campo. Não obstante, lá estava a grande Seleção Brasileira, tão esperada pela
da Alemanha, a tentar dar truque em quem jogava limpo. Confesso que, nessas
horas, não consegui sentir nem pena nem raiva. Só me sobrava mesmo a vergonha.
Parecia que os alemães estavam a dizer: "Levante-se daí, rapaz! Jogue com
dignidade! Esteja à altura da Seleção pentacampeã do mundo!".
Não posso jurar, mas me pareceu que, num dado momento, a Seleção
Alemã desistiu do jogo. Recuou, esperou o avanço dos brasileiros, que não veio,
e evitou ir adiante, ou os 7 gols poderiam ter sido oito, nove, dez… Quando
Oscar fez o gol de honra do Brasil, os alemães aplaudiram - e não pareceu haver
ironia naquilo.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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