Por Reinaldo Azevedo
Publiquei na manhã desta segunda um texto informando que Israel já
havia perdido o maior número de homens numa ação desde a Guerra do Líbano, em
2006. Mais nove soldados morreram nesta segunda. Agora já são 27 os militares
mortos, e há 53 feridos. Isso dá conta de que a incursão em Gaza não é uma
tarefa fácil. Se o Hamas tinha cada vez menos apoio da população, e era o caso,
a verdade é que, militarmente, ele se fortaleceu. E muito! Está hoje mais
treinado e tem equipamentos de guerra de ponta. Cresce a pressão por um
cessar-fogo. A questão é sob quais condições.
Segundo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a
incursão terrestre a Gaza continuará até que cumpra seu objetivo. Apesar das
mortes, que ele lamentou, afirmou que a ação é bem-sucedida: 45 túneis do Hamas
foram destruídos, 2.700 alvos militares foram atacados, e 160 terroristas do
Hamas foram mortos.
A baixa recorde de soldados de Israel em período tão curto deixa
claro o tamanho da dificuldade. Não é plausível supor que o país pretenda
reocupar a região ou mesmo depor o Hamas. O custo - financeiro, militar e
humano - de uma ação como essa seria incalculável. Parece que o objetivo é
mesmo causar o máximo de prejuízo à milícia terrorista para lhe diminuir o
poder de fogo.
À diferença do que supõem alguns inimigos de Israel mundo afora, a
população do país é bastante dividida sobre ações oficiais. Em 2006, por
exemplo, eram muitas as vozes que se levantavam contra a Guerra do Líbano. Na
incursão à Gaza, em 2008, na Operação Chumbo Fundido, também houve críticas
muito duras. Desde vez, no entanto, há uma quase unanimidade. O Hamas, com a
sua delinquência crescente, acabou unindo a sociedade israelense.
Nesta segunda, a milícia terrorista chegou a falar em cessar-fogo,
mas, para tanto, diz exigir o fim do bloqueio à Gaza. É a tática de sempre para
não negociar, não é? Essa já era a sua principal condição para suspender os
ataques, no estágio anterior do conflito. O bloqueio era o pretexto para manter
a chuva de mísseis contra Israel. Agora que veio a reação, eles põem na mesa a
mesma condição? Não faz sentido!
Essa é a lógica perturbada do terror. É a lógica de quem nunca
quis a paz. Por quê?
Mesmo com o bloqueio, que permite a Israel ter controle sobre tudo
o que entra em Gaza e o que de lá sai, pelas fronteiras oficiais, o Hamas
aumenta progressivamente seu poderio bélico. Imaginem se elas estiverem livres.
É muito simples e, ao mesmo tempo, muito complicado: se o Hamas não suspender
as ações terroristas, não há por que pôr fim ao bloqueio.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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