Por Deborah Srour
Como toda semana, em preparação para
este programa, eu leio os principais jornais, assisto os diversos canais de
notícias e pesquiso o que falam os comentaristas. Pela primeira vez, me senti
cansada. A falta de moral do mundo neste século XXI é enojante.
Estou cansada dos líderes mundiais
que dizem que Israel tem o direito de se defender mas sempre com alguma
ressalva; cansada de outros líderes que nem este direito dão a Israel. Farta
daqueles que se acham no direito de opinar sobre um conflito situado a mais de
10.500 km de distância quando não abrem a boca sobre os verdadeiros massacres
por outros na região ou fazem qualquer coisa em seus próprios países sobre a
segurança. Acho que sabem de quem estou falando.
Estou farta de ouvir que Israel "bloqueia" Gaza quando 6 mil toneladas de mercadorias, incluindo material de
construção, alimentos e remédios são entregues todos os dias só para serem
usados para construir mísseis e túneis contra Israel. Mas ninguém fala sobre o "bloqueio" do Egito, um país muçulmano que não deixa passar nem um alfinete
para Gaza.
Estou farta da esquerda festiva, a
mesma esquerda do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha, os
nazistas, que nunca abandonaram seu antisemitismo e hoje se orgulham de
chama-lo "antisionismo". O sionismo não é um palavrão. É o direito dos judeus a
autodeterminação, como qualquer outro povo.
Estou farta de ver o mundo aceitar
dúzias de países muçulmanos e cristãos mas é a idéia de um estado judeu menor
que o estado de Sergipe que lhes tira o sono. Que seja normal em 2014, quando dois milhões de árabes vivem dentro de Israel, o mundo exige a expulsão de 600 mil
judeus da Judéia e Samaria por serem um "obstáculo à paz" pois os palestinos só
aceitam um país Judenrein, livre de judeus.
Estou farta da UNRWA que só agora
admitiu que suas escolas são usadas para esconder mísseis mas reconhece
qualquer um que se encontrava em Israel entre 1946 e 1948 a qualquer título e
incluindo seus descendentes, como refugiados palestinos. E estou farta da ONU
que não tem outro assunto a tratar além de condenar Israel.
Estou farta da mídia, como Diane
Magnay da CNN que ontem chamou os israelenses de "escória" na sua conta Twitter, e da BBC, France 24, Al-Jazeera que não cansam de chamar Israel de
criminosa mas ficam completamente calados quando os líderes do Hamas e suas
famílias se escondem como ratos no subsolo do hospital Shifa de Gaza ou então,
como Khaled Mashaal, que nunca pôs os pés em Gaza, mora ricamente em Qatar, mas
expõem as famílias palestinas e as usam como escudos humanos. Ninguém abre a
boca quando milhares são massacrados e gaseados na Síria e no Iraque. Hoje o
grupo Isis deu até sábado para os cristãos do Iraque se converterem ao
islamismo ou serem mortos. Alguém ouviu algum protesto? Houve alguma passeata?
Alguma condenação?
Estou cansada do New York Times que
continua a impor um equivalência moral entre os mísseis e túneis dos
terroristas que alvejam tão-somente civis israelenses, e o exército de Israel
que alveja somente objetivos militares e tenta de todas as formas minimizar as
perdas civis.
Que país em guerra avisa o inimigo
aonde irá atacar para que os civis procurem abrigo? Que país em guerra continua
a fornecer energia elétrica, comida e remédios ao seu inimigo? Que país
em guerra monta um hospital no campo de batalha para tratar do inimigo? Que
país aguentaria 10 anos e dezenas de milhares de mísseis sobre seus cidadãos,
tentativas de sequestro de seus soldados e civis, e assassinatos de famílias
inteiras sem qualquer resposta? Apenas um destes túneis chegava no meio do
kibbutz Netsiv Asarah. Os terroristas encontrados nele levavam além de armas,
algemas e tranquilizantes.
Estou farta daqueles que continuam a
querer dar lições de moral a Israel sobre as pobres mães de Gaza quando os
próprios líderes do Hamas, eleitos por estas mães, procuram o derramamento de
seu sangue para alcançar seus objetivos políticos.
Meu cansaço não é único. As nações
árabes do Oriente Médio estão começando a se dar conta que a mesma versão
violenta e anti-semita do Islamismo que impulsiona a agressão do Hamas contra
Israel é a força por trás da violência no Iraque, na Síria e em seus próprios
países. Que o regime brutal do Hamas em Gaza, que persegue mulheres, cristãos e
homossexuais, que glorifica a morte violenta, e está usando a população de Gaza
é um perigo para todo o mundo árabe.
Os egípcios, pela primeira vez,
começaram a dizer na mídia que o Hamas, a Irmandade Muçulmana e os outros
grupos islâmicos que operam no Sinai, são uma ameaça a sua segurança nacional.
Neste final de semana a elite intelectual egípcia publicamente acusou o Hamas
de causar o sofrimento em Gaza. O jornal 'Al-Ahram' chegou até a elogiar o
primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu.
O presidente egípcio Abdel Fattah
al-Sisi tentou conseguir um cessar-fogo que foi totalmente rejeitado pelo
Hamas. Enquanto isso, Mahmoud Abbas, tomando as dores do Hamas, está viajando
pelo mundo advogando sem sucesso em prol do grupo terrorista, difamando Israel
com supostos "massacres", provando mais uma vez aonde fica sua lealdade.
Pela primeira vez, o Hamas está
frustrado com as nações árabes. Seu porta-voz, Sami Abu Zuhri declarou que "não
há uma atividade oficial árabe para salvar Gaza". O site oficial do Hamas disse
que o grupo se sente "traído pelos regimes árabes".
Zuhri fez esta declaração depois de
uma sessão de emergência da Liga Árabe em que a Arábia Saudita e o Egito
mandaram os palestinos resolverem suas diferenças políticas.
O rei da Jordânia por seu lado, tem
sido ameaçado há anos pela Irmandade Muçulmana e hoje pelo grupo islâmico Isis que está na sua fronteira com o Iraque. Apesar de ter condenado Israel
publicamente, Abdullah não autorizou a reabertura dos escritórios do Hamas em
Amman. O rei sabe que um Hamas enfraquecido, é uma Irmandade Muçulmana
enfraquecida.
Desde 2005, quando Israel, numa ação
dolorosa em prol da paz, demoliu todas as comunidades judaicas em Gaza e
evacuou seus oito mil residentes, não houveram postos de inspeção, obstáculos ao
tráfego e principalmente nenhum assentamento ou soldado israelense na Faixa.
Mas em vez de construir a Cingapura do Oriente Médio como os políticos
prometeram, os palestinos em Gaza se dedicaram à morte e destruição. Em vez de
gastarem seu tempo e energia em contrabandear armas, munição e explosivos e
construírem centenas de túneis para dentro de Israel, a liderança do Hamas
poderia ter usado todos estes recursos para melhorar a vida da população de
Gaza.
E é Israel que toma a lição de moral…
Finalmente, estou farta de ouvir que
não há solução militar para este conflito. Esta é a maior imbecilidade já
proferida por alguém mas é repetida indiscriminadamente sem qualquer ponderação
sobre o seu significado. Eu digo e repito: Só há uma solução militar para este conflito. Tem que haver um ganhador e
um derrotado que aceitará os termos da rendição. Foi assim e será assim até o
fim dos tempos. Não houve qualquer conflito na história humana, resolvido de
outra forma.
E o Hamas sabe disso e está
desesperado por algo que possa chamar de vitória. Isto poderia ser um ataque
espetacular contra Israel, a morte de um número expressivo de civis num ataque
israelense ou mesmo a comunidade internacional forçar Netanyahu a aceitar as
condições absurdas impostas pelo Hamas.
Se Israel conseguir negar esta vitória
ao Hamas e infligir uma humilhação à esta organização terrorista, eliminando
seus líderes na Faixa e destruindo os túneis que levam a Israel, terá então
alcançado uma vitória neste round. É isso que temos esperar.
Fonte: "Politicamente Falando..."
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