Por Reinaldo Azevedo
A presidente Dilma Rousseff participou nesta terça de um troço
impossível: uma reunião de cúpula do Mercosul. A questão é simples: ou bem
alguma coisa é de cúpula ou bem é do Mercosul. As duas palavras não podem
compor uma unidade semântica. Convenham: reúnam-se Dilma, Cristina Kirchner,
Nicolás Maduro e José Mujica… Tinha de tudo: anã diplomática, mulher
transformista, domador com chicote e palhaço… O Mercosul é aquela estrovenga
que impede o nosso país de firmar acordos bilaterais e que está ajudando a
enterrar a indústria brasileira. O encontro aconteceu na Casa Amarilla, no
Centro de Caracas. Os jornalistas foram proibidos de chegar perto do circo.
Ninguém por ali gosta de liberdade de imprensa.
Entre as muitas irrelevâncias, houve, claro, espaço para dizer
delinquências políticas sobre o conflito israelo-palestino. E tal honraria
coube a Dilma, que não se dispensou de manchar mais uma vez a diplomacia
brasileira. Disse ela: "Desde o princípio, o Brasil condenou o lançamento de
foguetes e morteiros contra Israel e reconheceu o direito israelense de se defender.
No entanto, é necessário ressaltar nossa mais veemente condenação ao uso
desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado
número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças".
"Desde o princípio", quando? A nota oficial do Itamaraty, junto
com a ordem para o retorno do embaixador brasileiro em Tel Aviv, ignorava os
ataques do Hamas. Sucessivos governos do PT, que puxam o saco de todas as
ditaduras islâmicas, têm condenado Israel de forma sistemática.
Dilma nunca soube direito o que dizer sobre a maioria dos
assuntos. Então candidata a presidente, em 2010, ela participou, no dia 14 de
maio, em Brasília, da "Missa dos Excluídos", que encerrou o 16º Congresso
Eucarístico Nacional. Foi indagada sobre a legalização do aborto, à qual ela
era francamente favorável. Disse o seguinte:
"Não é uma questão se eu sou contra ou a favor, é o que eu acho que tem que ser feito. Não acredito que mulher alguma queira abortar. Não acho que ninguém quer arrancar um dente, e ninguém tampouco quer tirar a vida de dentro de si".
"Não é uma questão se eu sou contra ou a favor, é o que eu acho que tem que ser feito. Não acredito que mulher alguma queira abortar. Não acho que ninguém quer arrancar um dente, e ninguém tampouco quer tirar a vida de dentro de si".
Entenderam. Na cabeça de Dilma, não havia diferença entre um feto
e um dente estragado. É com essa propriedade que ela reflete sobre assuntos
graves. E não foi diferente ao se pronunciar sobre a criação de um Estado
palestino, segundo ela, uma "pré-condição para a paz". Uau! Dilma acha que,
primeiro, Israel deve permitir que os palestinos criem o seu Estado, mesmo
debaixo de foguetes e sob ataques terroristas. Aí, então, é só cuidar da paz. A
diplomacia israelense foi suave ao chamar o Brasil de anão diplomático. O
Mercosul divulgou uma nota no mesmo tom.
É uma ironia patética que essa declaração tenha sido feita na
Venezuela. O bolivarianismo é francamente antissemita. Em 2009, Chávez expulsou
o embaixador de Israel de Caracas sob o pretexto de protestar contra a incursão
de então à Faixa de Gaza. Foi fartamente elogiado pelos terroristas do Hamas,
do Hezbollah e pelo governo do Irã. Em 2012, um estafeta do chavismo publicou
um artigo no site da Rádio Nacional da Venezuela com um ataque bucéfalo ao
candidato da oposição, Henrique Caprilles Radonski, cuja família é de origem
judaica, chamando-o de "porco". Foi além e escreveu: "Este é o nosso inimigo, o
sionismo que Capriles Radonski hoje representa, que não tem nada a ver com uma
força nacional e independente". O artigo incitava os venezuelanos a rechaçar "o
sionismo internacional, que ameaça com a destruição do planeta que habitamos".
E, claro!, pedia votos para Chávez. É pouco? Os chamados círculos bolivarianos
são infiltrados por militantes ligados ao Hezbollah, o movimento terrorista que
governa o Sul do Líbano. E o Irã segue sendo um dos principais parceiros do
governo Maduro, como era de Chávez.
E nessa lata de lixo que a presidente Dilma mete a política externa
brasileira.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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