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terça-feira, 20 de agosto de 2024

"Revoada" e as mulheres no cangaço



Por Letícia Magalhães

Publicado em Cine Suffragette

Se os gringos têm gângsters para fazer sobre eles obras-primas do cinema como "Inimigo Público" (1931), "Scarface" (com versões em 1932 e 1983) e "O Poderoso Chefão" (1972), o Brasil tem o cangaço. Ele foi inspiração para criação de obras tão ricas e diferentes entre si quanto o megassucesso "O Cangaceiro" (1953), a sátira "O Lamparina" (1964) e o épico árido "Entre Irmãs" (2017), além da comédia para streaming "O Cangaceiro do Futuro". Parte de uma tradição cinematográfica batizada de "Nordestern" - numa alusão ao termo em inglês para o faroeste, "western" -, a estes filmes se junta numa sala de cinema "Revoada", que demorou quase uma década para encontrar distribuidora.

Um grupo de cangaceiros tem uma missão especial e muito pessoal: vingar a morte de Lampião, Maria Bonita e dos demais de seu bando. Eles então invadem casas-grandes (termo sabidamente anacrônico considerando-se o período, mas usado aqui como escolha estilística) e mantêm na ponta de uma carabina a esposa do coronel altiva com cruz dourada gigante pendendo do pescoço.

Assim começa o filme: "O cangaço foi a face atávica do banditismo na era pré-industrial. Ele transcorreu no latifúndio improdutivo da civilização do couro no nordeste do Brasil". O banditismo, para usar o termo utilizado no filme, existiu no mundo todo, tomando formas diferentes em cada país, como declara o diretor e roteirista José Umberto Dias:

"A diversidade cultural inspira a singularidade de cada povo, a nos fazer constatar o quanto, ao longo do tempo, podemos ver perfilada toda uma linhagem de guerreiros universais que compõem o arquétipo do bandoleirismo de vendeta a atravessar o imaginário oblíquo da humanidade. […] o cangaceiro Lampião está para o Brasil como o samurai Musashi se manifesta para o Japão, o cowboy Billy the Kid para os EUA, o perito em artes marciais Wu Sun para a velha China e as aventuras de capa-espada do salteador Robin Hood para a Grã-Bretanha".

É possível pensar no lugar da mulher no cangaço enquanto assistimos a "Revoada". O papel majoritário da mulher em filmes de cangaço é o de vítima. Mas isso não impediu que a atriz Annalu Tavares, a protagonista feminina de "Revoada", ganhasse o troféu de Melhor Atriz no 10° Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões.

Logo no início, vemos mulheres feitas reféns em desespero junto às barracas de seus sequestradores. Depois de ser vista escalando montanhas de pedras, uma cangaceira, enquanto corre, tropeça, cai e começa a chorar, o que leva seus companheiros a clamarem para que a deixem para trás porque ela os está atrasando. Mais tarde, o chefe do bando aconselha as mulheres a não irem para a próxima tocaia, alegando que haverá um terrível tiroteio.

Por outro lado, a "sinhá" que toma para si a missão de combater os cangaceiros é mais corajosa que os homens ao seu redor. Para a esposa do coronel, o cangaceiro diz que precisam de mais mulheres de qualidade, com coragem. A "sinhá" compara cangaceiros a negros e vaqueiros, dizendo que "só um chicote no lombo" para endireitá-los… isso logo antes de ser estuprada por um dos cangaceiros.

Assim como "1798 - Revolta dos Búzios", "Revoada" também trata de um episódio dos mais interessantes da nossa história. Outro ponto de encontro entre as duas obras: ambas foram pegas para distribuição em salas de cinema pelo projeto Distribuição Longas Bahia, contemplado com recursos da Lei Paulo Gustavo.

O foco do filme é nas cenas de ação, e não nos possíveis dramas individuais. Nenhum personagem é desenvolvido a contento, resultando numa massa amorfa em busca de vingança, nada mais. Quando da estreia do filme na Mostra de Tiradentes em 2015, a crítica de cinema Cecilia Barroso em sua análise nos revelou que José Umberto Dias filmou todo o material mas teve de se afastar do ofício da edição para cuidar da saúde. O produtor Rex Schindler então montou o filme como bem entendia. Recuperado, José Umberto e sua equipe remontaram o filme de acordo com o plano inicial. O filme que chega aos cinemas, portanto, parte de um projeto bastante pessoal e merece ser prestigiado após esta demorada estreia.

Fonte: https://medium.com/

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