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terça-feira, 13 de agosto de 2024

Revoada e a representação do Cinema Novo em 2024

 Filme estreia nos cinemas em 15 de agosto



Por Raphaella Santoro

O filme Revoada, dirigido por José Umberto Dias, acompanha um grupo de cangaceiros em sua busca por vingança após a morte de Lampião. Mostrando a luta incessante e desesperada dos cangaceiros, o filme funciona como um ponto final na história do cangaço brasileiro.

A forma como a narrativa é apresentada e a história é editada aproxima muito o longa aos filmes produzidos durante a época do Cinema Novo brasileiro. Em especial ao clássico Deus e o Diabo na Terra do Sol.

Em 1964, Glauber Rocha lança o filme que pode ser considerado um dos pioneiros do Cinema Novo, um estilo que abominava o modo hollywoodiano de fazer cinema. Ele tinha como principal viés mostrar um Brasil desconhecido, com muitos conflitos políticos e sociais, e tendo o Nordeste como palco. O Cinema Novo se apresenta como uma mistura do Neorrealismo (por seus temas e forma de produção) e da Nouvelle Vague (por suas rupturas de linguagem).

Glauber Rocha define que "uma câmara na mão e uma ideia na cabeça" é como deve-se fazer este tipo de cinema; e também o seu objetivo: a construção de uma "estética da fome". É exatamente nestes elementos que o longa de José Umberto Dias se assemelha tanto ao produzido no Brasil entre as décadas de 1960 e 1970.

José Umberto Dias mostra a seca, a sujeira e a violência do cangaço em 1938. Ele coloca o interior do Brasil como palco e personagem principal. Ele usa de transições e cortes rápidos para causar o desconforto no espectador. A mise-en-scène oscila entre momentos de acúmulo de tensão e explosões de violência.

"O filme Revoada assume esse enfoque cujo núcleo é o jovem de uma região sob vários aspectos inóspita, desejoso de viver, de ter sob seu controle a seiva da vida e que opta pela rebelião existencial, por um estilo de liberdade a todo custo", afirma o diretor.

Outro ponto que pode ser considerado semelhante entre Revoada e Deus e o Diabo na Terra do Sol é a música. Ambos utilizam a trilha trovejante e intensa para destacar momentos de tensão. A forma como a narrativa se apresenta, em sua mais pura homenagem ao nordeste, é quase como uma literatura de cordel em certos pontos. É como se o personagem da cena estivesse recitando sua prosa; no entanto, sua fala é parte de um diálogo.

Ao encaminhar-se para o final do filme, estamos chegando ao fim do cangaço. Os personagens principais da história, Lua Nova e sua companheira Jurema, estão deixando suas armas para trás. Isto é uma representação simbólica do fim do cangaço, acentuada pela cena final, o trágico fim do casal. E, ao cair morto na água, Lua Nova também vira uma representação de que "o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão". Tal qual profetizado por Sebastião, o 'Deus Negro', em Deus e o Diabo na Terra do Sol.

A figura do cangaceiro é, na opinião do diretor do longa, para o cinema brasileiro, o mesmo que o cowboy é para o cinema hollywoodiano e o samurai para o cinema japonês.

O diretor considera que "a diversidade cultural inspira a singularidade de cada povo, a nos fazer constatar o quanto, ao longo do tempo, podemos ver perfilada toda uma linhagem de guerreiros universais que compõem o arquétipo do bandoleirismo de vendeta a atravessar o imaginário oblíquo da humanidade". Mas é certo o quanto, enfatiza o cineasta, "o fenômeno do bandido primitivo ganhou todo um corolário próprio na zona rural do Nordeste do Brasil".

Revoada é um filme para quem quer se conectar com um dos principais períodos do cinema brasileiro, com o Nordeste e com as múltiplas maneiras de se fazer a sétima arte. 

Fonte: https://blackcompany.com.br/critica/critica-do-filme-revoada/

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