Maior nome feminino do teatro de Feira de Santana
Faleceu na madrugada deste domingo, 18, Antonia Maria Guimarães Velloso, aos 87 anos. Simplesmente, Antonia Velloso, o maior nome feminino do teatro de Feira de Santana. Era uma das responsáveis pela evolução do movimento teatral em Feira de Santana, a partir de 1964. Ela também atuou em palcos de Salvador.
Em 25 de maio de 2017, a Câmara Municipal de Feira de Santana concedeu a ela a Comenda Maria Quitéria. O vereador José Carneiro foi o autor do projeto de Decreto Legislativo que concedeu a honraria.
Antonia era considerada como dama e madrinha do teatro amador em Feira de Santana.
Antonia Velloso era professora formada pelo Colégio Santanópolis. Ingressou no teatro em meados dos anos 1960. Participou de três grupos locais - Sociedade Cultural e Artística de Feira de Santana (Scafs), Teatro Experimental de Feira (TEF) e Movimento de Estudos Teatrais e Artísticos (Meta). Também fez cinema.
Sua estreia foi como a Rainha Negra em "O Boi e o Burro a Caminho de Belém", de Maria Clara Machado, direção de Carlos Petrovich, ao lado de Margarida Ribeiro, Luciano Ribeiro, Antonio Miranda e Gildarte Ramos, entre outros, em 1965. Depois, atuou em "Uma Véspera de Reis", de Aloísio Azevedo, em 1965, e "Só o Faraó Tem Alma", de Silveira Sampaio, em 1967, ambas com direção de Raymundo Pinto.
Também atuou em "A Guerra Mais Ou Menos Santa", de Mário Brasini, direção de Francisco Barreto, em 1966; "Dona Patinha Vai Ser Miss", de Arthur Maia, como Dona Marreca, direção de Gildarte Ramos, em 1967; interpretou Mamãe Fantasma em "Pluft, o Fantasminha", e a Bruxa em "Branca de Neve e os Sete Anões", as duas de Maria Clara Machado, com direção de Geraldo Lima, em 1969.
Em 1969, fez em "Joãozinho e Maria", de Daniel Rocha, com direção de Deolindo Checcucci, que foi a primeira peça encenada por grupo feirense - o Meta - no Teatro Castro Alves, em Salvador.
Em 1970, fez o papel de Dora em "Os Justos", de Albert Camus, direção de Antonio Álvaro, peça que mais tempo levou sendo ensaiada em Feira de Santana: nove meses.
Trabalhou ainda em "A Bruxinha Que Era Boa", de Sonia de Humildes, encenada em Feira. Sob a direção de Deolindo Checcucci atuou "O Futuro Está nos Ovos", de Eugene Ionesco, e "Malish, A Bruxa do Espaço", do próprio Deolindo Checcucci, montadas em Salvador, em 1970, mais "Chapeuzinho Vermelho", texto de Raimundo Blumetti. Trabalhou no teatro de cordel aparecendo em "Antonio, Meu Santo" e "A Mulher Que Casou 18 Vezes", as duas com direção de João Augusto.
Outras peças: "A Árvore Que Andava", de Oscar Von Pfull, direção de Maria Idalina; e "Deus Lhe Pague", de Joracy Camargo, direção de Luciano Ribeiro.
Seu maior destaque foi na montagem da Scafs e do Meta de "Natal em Gotham City", com direção de Deolindo Checcucci, que causou polêmica por ser considerado pela Ditadura como contrário à moral católica. Além de Feira de Santana, com apresentação no Cine Santanópolis, em 1970, também foi encenada em Salvador. Com elementos inovadores e impactantes, usando fragmentos de vários autores, um espetáculo ousado, que suscitou muitos comentários pelo seu contexto.
Antonia Velloso participou dos filmes "Akpalô" (segunda foto), de Deolindo Checcucci e José Frazão, 1972; e como Carol em "Anjo Negro", de José Umberto, 1972, ambos do chamado cinema undergound baiano. Também apareceu no documentário "O Forte", de Jamison Pedra.
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