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sábado, 17 de agosto de 2024

Remanescente do Cangaço

Bisneta de Corisco e Dadá se emociona ao assistir "Revoada" e relata como foi a descoberta do cangaço em sua vida


Nas fotos do acervo pessoal, Ilana, ainda criança, nos braços da avó Dadá e com a mãe Indaiá Silva Santos

Por Albenísio Fonseca

Presente na estreia do lançamento de "Revoada", do cineasta José Umberto Dias, na Sala de Arte do Museu Geológico, em Salvador, a bisneta dos cangaceiros Corisco e Dadá, Ilana Silva Santos, 44 anos, disparou ao final da exibição, neste último dia 15 de agosto:

"Gostei muito do filme. Entendo que é sempre bom trazer para a atualidade a história do cangaço que foi uma revolução, uma manifestação social de grande importância para a nossa cultura".

Segundo ela, a concordar com outras opiniões de pessoas que também comentavam sobre o quanto é "impactante" o filme, disse ser "importante enfatizar que a história do cangaço tem uma infinidade de situações e aspectos que precisam ser conhecidos e debatidos de forma não só histórica, mas humana, pois se trata de um episódio com base na realidade daquele momento histórico e que, não só naquela época, como nos tempos atuais, aínda é visto de modo negativo".

Ilana ressalta que, "na realidade e na visão de historiadores, o cangaço era formado por homens e mulheres jovens, desprovidos de educação e oportunidades, que sofriam sob a dominação do coronelismo, sistema cruel e egoísta, no qual quem sofria eram somente os mais pobres e desfavorecidos".

Para ela, "como todos sabem, o cangaço foi só desgraça, mortes horríveis, muito sangue, famílias destruídas, vinganças, violência de um modo geral, mas eles eram humanos, eles também amavam, tinham seus momentos de amor, de colocar uma flor no cabelo da sua amada, gesto afetuoso que vemos em 'Revoada', da postura de proteger suas mulheres, com momentos das troca de afetos".

Ilana prossegue, revelando o quanto "ao assistir no filme o personagem que retrata Corisco (o líder Lua Nova, vivido por Jackson Costa) tirar uma flor e colocar nos cabelos de Dadá (mimetizada na cangaceira Jurema, vivida pela premiada Analu Tavares) mostra que por trás de um homem que mata, que vinga, existe o afeto, o respeito". Dadá, vale ressaltar, foi a única mulher a usar fuzil no bando de Lampião

Ainda segundo Ilana, "ver o personagem Gato (vivido por Edlo Mendes), um cangaceiro que tem características de homem perverso, rude, violento, chorar por sua amada Inacinha, e se tornar vulnerável por conta do amor que tem a ela, isso mostra que por trás daqueles homens, que tinham sede de vingança, existia amor e sonhos de uma vida melhor".

A bisneta de Corisco e Dadá avalia, ainda, que o filme "mostra um pouco de uma longa história que, em partes, até já foi divulgada, falada, vivida por muitos, mas o quanto, também, é cercada de tantos mistérios e segredos nunca ditos ou revelados".

O que segue é um depoimento muito relevante dela: "Convivi com minha avó Dadá, exímia costureira, até meus 14 quase 15 anos. Eu sempre a acompanhava em eventos, entrevistas, quando ela morou com a gente um tempo".

"Dadá recebia muitas visitas importantes, pesquisadores, políticos, historiadores... Então, eu ficava observando ela falar da história dela, da vida dela como cangaceira, mas eu não tinha dimensão da mulher importante que ela era para a nossa cultura, para a história do país".

"Meu contato mais esclarecedor aconteceu a partir do dia em que um professor de história mandou fazer uma pesquisa sobre o cangaço. Nos deu as perguntas e coordenadas do trabalho, e levei pra casa, quando minha mãe viu, falou, 'Ilana! pergunte a sua vó sobre esse trabalho', e então, minha vó Dadá me ajudou na tarefa e eu tirei nota 10".

Na verdade, continuou. "quando levei para a escola, meu professor ficou chocado de como minha pesquisa tinha riqueza de detalhes... E na época não dispunha de Internet, computadores, redes sociais, as pesquisas eram feitas nas bibliotecas e as informações eram muito resumidas. Então eu disse a ele: minha vó é Dadá, esposa de Corisco!".

Ele não acreditou em mim, disse que queria perguntar para a minha mãe, e falou que "se ela realmente é sua vó, você tem uma biblioteca viva dentro da sua casa!".

"Foi a partir daí que passei a entender melhor o fenômeno social e cultural do cangaço e passei a ter orgulho em dizer, para todos, que eu era neta de Corisco e Dadá".

E hoje que conheço mais e mais a história, li vários livros, minha vó tinha passado a conversar mais comigo, contando as histórias vividas por ela. Tenho, sim, muito orgulho da mulher que ela foi, principalmente depois do cangaço".

Dadá, nascida a 25 de abril de 1915, faleceu aos 79 anos em em 7 de fevereiro de 1994. Ilana, nasceu em 1980 e fez 15 anos em 13 de abril.

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