Por Percival Puggina
Sejamos claros: brasileiro que é realmente
brasileiro se preocupa com a soberania nacional sobre nossa Amazônia e com as
práticas predatórias de maus brasileiros e estrangeiros no uso do solo da
região. É obvio que a região está sendo atacada. É óbvio, também, que esse ataque
vem de fora e de dentro. De fora, em manifestações dos governos da França, da
Alemanha, da Noruega, da ONU, de ongs estrangeiras e, mais recentemente, do
Vaticano. De dentro, promovido por organizações e organismos como a Fundação
Nacional do Índio (Funai), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o
Instituto Socioambiental (ISA). São vários. Há bom tempo. Dedicam-se a um
trabalho que, malgrado as excelentes intenções proclamadas, compromete a
soberania nacional na região. A esses protagonistas locais se acrescem os
partidos de esquerda e a imprensa militante contra Bolsonaro, que não se pejam
de servir a interesses estrangeiros contanto que sejam aproveitáveis à
cotidiana tarefa de atacar o presidente.
Ameaças militares não estão no cenário das
possibilidades. Os tempos são outros e entrechoque entre democracias seria fato
inusitado na história universal. A Alemanha, a França e a Noruega não são dadas
a essas práticas e o Vaticano tem resumido suas investidas a alfinetadas
verbais decorrentes da desinformação internacionalmente fabricada.
Toda essa histeria iniciou quando Bolsonaro meteu a
mão na Funai e no Ibama, disse que não aprovaria a criação de nenhuma nova
reserva indígena, e anunciou que iria rever a atuação e a destinação de
recursos orçamentários às ongs. Existem ongs que não fazem outra coisa além de
organizar tribos e pleitear a criação de mais e mais reservas. Cada reserva
criada deixa, na prática, de ser território nacional. Em muitas, a soberania
efetiva corresponde às ongs que ali atuam de modo coordenado com os índios, na
identificação, mapeamento e exploração de recursos naturais das diferentes
regiões. Em 2008, insuspeito de qualquer "direitismo", o então ministro da
Justiça Tarso Genro denunciou a biopirataria a que se dedicavam muitas ongs. E
tudo ficou por isso mesmo.
O ambientalismo é a "mula" dessa disputa política e
econômica. Por isso tantos registros de queimadas criminosas e imagens
falsificadas. Por isso a histeria em torno delas. Por isso tantos "pulmões
ardendo" na Europa... A estratégia é criar mais e mais reservas, restringir
ainda mais o uso do solo na região, afastar o agronegócio e a presença de
nossos trabalhadores e empreendedores, deixando o território livre para a
supressão pacífica da soberania nacional na Amazônia Brasileira. Ou, em
palavras talvez mais claras: para retorno ao status quo anterior a 1º de
janeiro de 2019, o que dá no mesmo. Isso não equivale a dizer que as novas
diretrizes políticas para a região não devam incluir, também, rigorosa
fiscalização de práticas predatórias, de desrespeito à boa técnica, ao bom
Direito e às restrições de uso estabelecidas.
Percival
Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas
de jornais e sites no país. Autor de "Crônicas Contra o Totalitarismo", "Cuba, a Tragédia da Utopia", "Pombas e Gaviões", "A Tomada do Brasil". Integrante do grupo
Pensar+.
Fonte: http://www.puggina.org
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