Partido critica papel exercido pelo ex-presidente, que
assumiu a tarefa de fazer ataques pessoais a Aécio.
Surge 'Fernando Lula de Melo', diz vice tucano
O
PSDB reagiu neste sábado aos ataques e insultos proferidos pelo ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva contra o tucano Aécio Neves, em um comício realizado
durante a manhã em Belo Horizonte. Candidato a vice na chapa de Aécio, o
senador Aloysio Nunes Ferreira emitiu uma nota em que critica a postura do
ex-presidente. "No momento em que se pede para elevar o nível do
debate, o ex-presidente Lula dá as mais baixas declarações em uma campanha
presidencial da história", diz a nota. O tucano atribui a postura de Lula
ao "desespero" e ao risco de perder a eleição. Aloysio diz que o
episódio deste sábado são mais graves que os de Fernando Collor contra Lula em
1989: "Acaba de surgir um novo personagem na política brasileira. Falta só
definir um nome: Fernando Lula de Melo ou Luiz Inácio Collor da Silva."
No
ato deste sábado, Lula afirmou que Aécio costuma "partir para cima
agredindo" mulheres. Também mencionou o episódio em que o tucano se
recusou a soprar o bafômetro em uma blitz. Lula chamou Aécio de "filhinho
de papai", o comparou a Fernando Collor - o mesmo que hoje sobe em
palanques com Dilma Rousseff. Lula ainda ouviu, sem se pronunciar, militantes
fazendo menção ao uso de drogas por parte do tucano.
Para
o cientista político Paulo Kramer, professor da Universidade de Brasília, o
episódio mostra que o PT nunca se converteu totalmente ao regime democrático e
ainda carrega um "DNA totalitário". "É uma postura perigosa.
Mas, em se tratando do Lula, não deveríramos demonstrar tanta perplexidade,
tanto espanto. Os petistas dificilmente conhecem limites quando se trata de
lutar pelo poder ou conservá-lo."
O
comício deste sábado deixou claro qual será o papel de Lula na reta final de
campanha: o de fazer o jogo sujo petista contra o adversário. O ato comandado
por ele em Belo Horizonte foi muito mais um evento contra Aécio do que um
ato pela candidatura de Dilma, que não compareceu e foi pouco mencionada nos
discursos. Os ataques de Lula ao tucano foram precedidos por discursos
igualmente ofensivos.
Além
de adotar uma postura indigna de um ex-presidente, Lula desmerece mais de duas
décadas de evolução nos debates eleitorais; o uso de boatos e ataques pessoais,
que parecia superado depois da tumultuada eleição de 1989, ressurgiu. Lula, que
foi vítima vinte e cinco anos atrás, se transformou em agressor. E, se Collor
usou um depoimento da ex-mulher de Lula para acusá-lo de ter defendido a
realização de um aborto, as agressões do PT se baseiam unicamente em boatos que
carecem até mesmo de um autor.
A
eleição presidencial deste ano está acirrada - é impossível prever quem
sairá vencedor em 26 de outubro. Mas, caso Dilma Rousseff e o PT saiam
derrotados, o comício deste sábado em Belo Horizonte deve ficar marcado como o
símbolo da degradação do partido que comandou a Presidência da República nos
últimos doze anos.
Fonte:
http://veja.abril.com.br/
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