Por Reinaldo Azevedo
Não há condições técnicas - não ainda ao menos - de programar uma
publicidade para a vitória e outra para a derrota. E, é natural - não estou
censurando ninguém -, os produtos anunciados (cerveja, bancos, carros etc)
vinham embalados por euforia e otimismo. Só que a realidade era bem outra.
Ok, meus caros, já aconteceu antes. A minha geração - estou com 52 - não teve "Maracanaço", mas teve a derrota para a Itália em 1982. Ocorre que
nós todos amávamos aquele time, mesmo com os seus defeitos. Era inequívoco que
jogava com talento incomum - embora tivesse uma defesa descuidada. Também
naquele caso e em outros tantos, a propaganda refletia uma realidade que já não
nos pertencia mais.
Desta feita, não foi a derrota em si que tornava a coisa toda meio
surrealista, mas a forma como se deu e, obviamente, o placar. Apesar da
euforia, é evidente que havia e que há certo clima desconfiança cercando a
realização do torneio no Brasil.
No intervalo, lá estavam as mensagens ufanistas e
insuportavelmente alegres, quando perdíamos por 5 a zero. Terminado o jogo,
voltaram os comerciais. De novo, lá estávamos nós, os felizes imbatíveis da
tela, derrotados na vida real por sete a um.
No futuro, e a tecnologia se encarrega do assunto, é o caso de
pensar alternativas para a vitória e para a derrota. Mas não se peça a ninguém,
nem acho que seja o caso, que se faça um anúncio para a humilhação.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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