Por Márcio Cesar
Carvalho e Samantha Lima, na Folha.
Em seu primeiro depoimento à Justiça após ter feito um acordo de
delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que o
esquema de corrupção na estatal irrigou campanhas de três partidos nas eleições
de 2010: PT, PMDB e PP, segundo apurou a Folha. Naquele ano, foram disputadas
eleições para presidente, governadores e deputados. Deflagrada em março pela
Polícia Federal, a Operação Lava Jato descobriu um esquema de desvio de
dinheiro da Petrobras que envolveu Costa, doleiros e fornecedores da estatal.
Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa. O esquema
teria movimentado R$ 10 bilhões.
No depoimento, ele disse que o presidente da Transpetro, Sérgio
Machado, ligado ao PMDB, também teria participado das irregularidades. Paulo
Roberto disse ter recebido R$ 500 mil do presidente da Transpetro. O ex-diretor
da estatal também citou José Eduardo Dutra, atual diretor da Petrobras e
ex-presidente da BR Distribuidora, como participante dos esquemas do grupo.
Dutra também presidiu o PT. Segundo Paulo Roberto, três ex-diretores da
Petrobras fizeram parte do esquema: Nestor Cerveró, Jorge Zelada e Renato
Duque. No depoimento, ele reconheceu ter recebido dinheiro da Odebrecht, citou
o nome do executivo Márcio Farias como sendo seu contato, mas não citou
valores, segundo informou o advogado Haroldo Nater, que defende Leonardo
Meirelles, apontado como laranja do doleiro Alberto Youssef no laboratório
Labogen, usado para lavar dinheiro.
Segundo a Folha apurou, Paulo Roberto disse que a propina
correspondia a 3% do valor líquidos de contratos da Petrobras, que eram
divididos entre ele e partidos políticos. Afirmou também que o CNCC, consórcio
Camargo Corrêa pagou propina para ganhar obras da Petrobras, segundo seu advogado,
Antonio Augusto Figueiredo Basto. Basto disse que políticos lideravam o
esquema, e não o doleiro Alberto Yousseff, como acusa a Polícia Federal. Costa
foi levado nesta quarta-feira do Rio, onde está em prisão domiciliar, para
Curitiba (PR), em um voo comercial da Azul, com escolta da Polícia Federal.
Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró, diz que não pode
considerar qualquer declaração despida de provas e que ainda não sabe do que se
tratam as declarações de Paulo Roberto Costa. O Consórcio CNCC comunicou, por
meio de nota, que não teve acesso ao depoimento e que repudia qualquer acusação
de atuação irregular.A Folha não conseguiu contato com os demais citados.
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Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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