Por Ricardo Setti
É
gravíssimo o que acaba de ocorrer no horário eleitoral gratuito da TV, no
programa da candidata do PT, a presidente Dilma Rousseff.
Tentando
rebater os efeitos daninhos do escândalo do Petrolão sobre sua candidatura,
Dilma voltou ao refrão de que tem "tolerância zero" para com a corrupção e
atribuiu a si própria - e não à Constituição! - as condições para investigar
irregularidades e suspeitas de roubalheiras.
É
o fim da picada! Presidente da República nenhum "cria condições" para que a
Polícia Federal proceda a investigações.
Isso
é atribuição constitucional
da PF!
Quem
acha que é de seu condão e de seu poder fazer com que as instituições funcionem - as instituições previstas na Constituição de 1988 - demonstra que raízes
stalinistas continuam fincadas, fundo, em seu raciocínio.
O
pior de tudo foi a acusação, gravíssima, de que o Ministério Público Federal -
incluindo naturalmente seu chefe, o procurador-geral da República - foi "aparelhado" durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso
(1995-2003).
É
o cúmulo do absurdo! O Ministério dispõe de autonomia plena, outorgada pela
Constituição. O Executivo não tem poderes para interferir no MP, nem para
cabrestar o procurador-geral da República.
"Aparelhar"
o Ministério significaria o quê? Que o governo FHC encheu de cupinchas, de
companheirada, uma instituição autônoma do Estado, onde ninguém ingressa sem
rigoroso e dificílimo concurso público?
Dilma,
com sua declaração irresponsável e leviana, ofendeu toda uma categoria
constituída de milhares de servidores valiosos do Estado, cujo dever é defender
a lei e a sociedade.
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deveria requisitar a fita de
gravação do programa eleitoral noturno de hoje, dia 10 de outubro, examiná-la e
tomar as providências cabíveis.
Fonte: Política e Cia
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