Por
Reinaldo Azevedo
Os criminosos que sequestraram e mataram o garoto palestino
Mohamed Abu Khder poderiam fazer parte, deixem-me ver, do grupo de agitação e
propaganda do Hamas. Por que afirmo isso? A notícia, como pode constatar
qualquer leitor, serviu para tirar do noticiário o assassinato, não menos
brutal, de três jovens judeus: Naftali Fraenkel, Gil-Ad Shaer e Eyal Yifrah.
Usem, se quiserem, uma régua, um contador de caracteres, o que for: não se
dedicou aos judeus assassinados nem metade da tinta e dos caracteres empregados
para tratar do assassinato do rapaz palestino. Por que é assim? Porque um
cadáver árabe serve ao proselitismo politicamente conveniente e está afinado
com as milícias de opinião anti-Israel que dominam a imprensa ocidental. Já o
assassinato de judeus, especialmente se oriundos de assentamentos, parece, no
limite, aceitável, como se fosse uma ação compreensível da resistência
palestina.
A reação de um lado e a de outro também nos dizem alguma coisa do
ponto de vista moral. Israel foi à caça dos assassinos de Mohamed Abu Khder e
prendeu seis suspeitos. Três deles, informa a imprensa internacional,
confessaram o assassinato. A própria polícia admitiu, antes mesmo de chegar aos
responsáveis, que tudo indicava que o crime era uma resposta estúpida e
inaceitável ao assassinato dos três adolescentes judeus. Milhares de
israelenses compareceram ao velório dos três, mas não houve ações violentas,
nada!
E a reação dos palestinos, estimulada pelo Hamas e, ainda que de
modo mais brando, pela Autoridade Palestina? Houve protestos violentos e
enfrentamento das forças de segurança. Vimos, com toda a força, o ressurgimento
do que eu chamo de "Iconografia do Martírio", com a exposição pública do
cadáver, exibido quase como um troféu, no ato sempre indecoroso de glorificação
da morte, que serve ao discurso da suposta resistência.
O governo de Israel está longe de ser o meu predileto; não creio
que algumas ações de Benjamin Netanyahu e de outros ainda mais radicais do que
ele concorram para a paz. Mas eu pergunto onde estavam as vozes, então,
sensatas e brandas, que não censuraram Mahmoud Abbas quando este fez o acordo
com o Hamas, que não se comprometeu em suspender, nem mesmo temporariamente, os
ataques a Israel. Quando os corpos dos adolescentes judeus foram encontrados, a
imprensa ocidental logo antecipou o tal "risco de uma nova intifada".
Ora, nem mesmo se prestava atenção ao fato de que uma "nova
intifada" apontava para a possibilidade de uma reação palestina. Mas esperem:
no caso, o agredido era o estado de Israel!!! Mas quê… Os "analistas"
preferiram chamar a atenção para a possibilidade de reação do agressor. Nota: o
Hamas não condenou o ataque. Ao contrário até: veio a público para ameaçar
Israel.
Os terroristas sabem como fazer a coisa, ou não sustentariam por
tanto tempo essa guerra. O Hamas só se mantém no poder na Faixa de Gaza impondo
o terror à população, descontente com a sua gestão. Era preciso reavivar o ódio
contra o "inimigo". Matar três jovens, naquelas circunstâncias, significava
atrair uma necessária resposta de Israel - e ela veio - e uma eventual
retaliação de extremistas, que veio também.
Pronto! O Hamas está feliz. O diabo reassume o poder nos
territórios palestinos, e o sangue dos inocentes volta a irrigar a causa dos
terroristas.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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