Por José Marcone Paulo de Souza e João Vianey
Marval
Vestida com elegância e
devidamente ornamentada com os atavios metafóricos inerentes à boa construção
literária, a crônica, que tem no panteão nacional o capixaba Rubem Braga
como um dos seus grandes expoentes, quando se presta à
crítica do quotidiano, é um campo vasto a elucidação da verdade dos
fatos que, fora dos domínios deste artifício das letras, acabam sendo
relegados ao lugar comum do imediatismo do jornalismo nosso de cada
dia.
De outro modo, ela dá
curso às mais delirantes elucubrações da imaginação, permitindo aos seus
autores tecer um rosário inebriante de digressões que, desfocado
do mundo concreto das coisas, pode, servindo à conveniência de sábios artífices,
se por a marcha dos mais retumbantes equívocos e mistificações, não passando,
neste caso, de mera peça de ficção.
E foi com o gosto da
pilhéria que nutre esta última faceta da boa e cativante prosa, que entendeu-se
como sendo o caminho trilhado pelo articulista que dedicou tinta e tempo
preciosos a tentar desconstruir, com sua verve notadamente envolvente, todos os
esforços que o governo do Município vem envidando para inserir Feira de Santana
no rol das grandes metrópoles, mundo afora, no quesito mobilidade urbana (malgrado,
é claro, às respeitáveis vozes discordantes de praxe, às quais, salvo
engano, o nobre cronista comete o
grave equívoco de engrossar o
coro, o que passamos a ilustrar, com a devida vênia).
"Os buracos", vibrados
de forma monocórdia na concertação prosaica do nosso escriba, são
nominados de PASSAGEM DE NÍVEL ou TRINCHEIRAS nos bons códigos de Engenharia
Civil, e constam das obras complementares do projeto de implantação do BRT.
Orçado em R$ 97 milhões
e financiado pela Caixa Econômica Federal, o BRT coloca Feira de Santana
entre os 72 municípios brasileiros que apresentaram Cartas-Consulta ao
Ministério das Cidades, tendo sido aprovada por atender integralmente aos
preceitos do Programa de Mobilidade Urbana-Médias Cidades.
Sob o aspecto técnico, a
solução das TRINCHEIRAS é a que representa o menor impacto ao tecido
urbano, mantendo a paisagem praticamente incólume, com paredes verticais
necessárias à construção de encontros; paredes estas estimadas,
aproximadamente, em 400 metros de extensão, somados os dois lados dos
cruzamentos das avenidas Maria Quitéria com a Getúlio Vargas; metragem idêntica
ao das avenidas João Durval Carneiro com a Presidente Dutra.
É de bom alvitre
esclarecer que as leis e conceitos de mobilidade urbana evoluíram para
priorizar os não motorizados, estimulando o uso do transporte coletivo urbano.
Por está razão, sensível às mudanças e atenta às modernas técnicas
construtivas, a Prefeitura optou por uma solução mais adequada para as
intervenções a serem implementadas nas interseções da avenida Maria Quitéria
com a avenida Getúlio Vargas e da avenida João Durval com a avenida Presidente
Dutra, que certamente trarão benefícios a toda comunidade feirense, encerrando
de vez os transtornos causados nas citadas vias.
Quanto ao argumento do "custo
irrecuperável", usado como figura de retórica pelo bom professor, através da
personagem "O dentista de Itaparica", se
opõe à imperativa e inexorável realidade do CUSTO BENEFÍCIO, cujos
parâmetros prima o poder público municipal
em defesa do erário, ou seja, da soma dos impostos pagos por cada
cidadão, e consequentemente, da
boa aplicação destes recursos.
Abalizada por estas
coordenadas consubstanciadas em estudos cientificamente irrefutáveis pela
isenção e precisão dos métodos aplicados, e longe dos achismos, que só tendem a
comprometer os compromissos do Executivo em promover com transparência e
seriedade o bem estar da comunidade, é que contamos com a tolerância de todos
para a conclusão das obras das TRINCHEIRAS, que compõem o Projeto do BRT, que
inevitavelmente causam transtornos temporários, enquanto são realizadas e se
transformarão em equipamentos modernos e arrojados que vão encher de orgulho o
povo feirense, pondo ponto final na estória d"O dentista de Itaparica".
José Marcone Paulo de Souza e João Vianey Marval
são engenheiros municipais responsáveis pela fiscalização do Projeto BRT
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