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terça-feira, 7 de junho de 2016

"O dentista de Itaparica", quem diria: O buraco é mais embaixo

Por José Marcone Paulo de Souza e João Vianey Marval
Vestida com elegância e devidamente ornamentada com os atavios metafóricos inerentes à boa construção literária, a crônica, que tem no panteão nacional  o capixaba Rubem Braga como um  dos seus grandes expoentes, quando se presta  à crítica  do quotidiano, é um campo vasto a elucidação da verdade dos fatos que, fora dos domínios deste artifício das letras,  acabam sendo relegados ao lugar comum  do  imediatismo do jornalismo nosso de cada dia.
De outro modo, ela dá curso às mais delirantes  elucubrações da imaginação, permitindo aos seus autores tecer um rosário  inebriante de digressões  que, desfocado do  mundo concreto das coisas, pode, servindo à conveniência de sábios artífices, se por a marcha dos mais retumbantes equívocos e mistificações, não passando, neste caso, de mera peça de ficção.
E foi com o gosto da pilhéria que nutre esta última faceta da boa e cativante prosa, que entendeu-se como sendo o caminho trilhado pelo articulista que dedicou tinta e tempo preciosos a tentar desconstruir, com sua verve notadamente envolvente, todos os esforços que o governo do Município vem envidando para inserir Feira de Santana no rol das grandes metrópoles, mundo afora, no quesito mobilidade urbana (malgrado, é claro,  às respeitáveis vozes discordantes de praxe, às quais, salvo engano,   o nobre cronista comete o  grave  equívoco de engrossar o coro, o que passamos a ilustrar, com a devida vênia).
"Os buracos", vibrados de forma monocórdia na concertação prosaica do nosso escriba, são nominados de PASSAGEM DE NÍVEL ou TRINCHEIRAS nos bons códigos de Engenharia Civil, e constam das obras complementares do projeto de implantação do BRT.
Orçado em R$ 97 milhões e financiado pela Caixa Econômica Federal,  o BRT coloca Feira de Santana entre os 72 municípios brasileiros que apresentaram Cartas-Consulta ao Ministério das Cidades, tendo sido aprovada por atender integralmente aos preceitos do Programa de Mobilidade Urbana-Médias Cidades.
Sob o aspecto técnico, a solução das  TRINCHEIRAS é a que representa o menor impacto ao tecido urbano, mantendo a paisagem praticamente incólume, com paredes verticais necessárias à construção de encontros; paredes estas estimadas, aproximadamente, em 400 metros de extensão, somados os dois lados dos cruzamentos das avenidas Maria Quitéria com a Getúlio Vargas; metragem idêntica ao das avenidas João Durval Carneiro com a Presidente Dutra.
É de bom alvitre esclarecer que as leis e conceitos de mobilidade urbana evoluíram para priorizar os não motorizados, estimulando o uso do transporte coletivo urbano. Por está razão, sensível às mudanças e atenta às modernas técnicas construtivas, a Prefeitura optou por uma solução mais adequada para as intervenções a serem implementadas nas interseções da avenida Maria Quitéria com a avenida Getúlio Vargas e da avenida João Durval com a avenida Presidente Dutra, que certamente trarão benefícios a toda comunidade feirense, encerrando de vez os transtornos causados nas citadas vias.
Quanto ao argumento do "custo irrecuperável", usado como figura de retórica pelo bom professor, através da personagem "O dentista de Itaparica",  se opõe à  imperativa e inexorável realidade do CUSTO BENEFÍCIO, cujos parâmetros prima o poder público municipal  em defesa do erário, ou seja, da soma dos impostos pagos por cada cidadão, e  consequentemente,  da boa aplicação destes  recursos.
Abalizada por estas coordenadas consubstanciadas em estudos cientificamente irrefutáveis pela isenção e precisão dos métodos aplicados, e longe dos achismos, que só tendem a comprometer os compromissos do Executivo em promover com transparência e seriedade o bem estar da comunidade, é que contamos com a tolerância de todos para a conclusão das obras das TRINCHEIRAS, que compõem o Projeto do BRT, que inevitavelmente causam transtornos temporários, enquanto são realizadas e se transformarão em equipamentos modernos e arrojados que vão encher de orgulho o povo feirense, pondo ponto final na estória d"O dentista de Itaparica".

José Marcone Paulo de Souza e João Vianey Marval são engenheiros municipais responsáveis pela fiscalização do Projeto BRT

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