O filme
"Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, 1964, que completou 52 anos de lançado, teve seqüência filmada, com Geraldo
Del Rey e Milton Rosa, em Feira de Santana - o então Campo do Gado Novo (na
região onde hoje está o Boulevard Shopping) foi locação do mais importante filme
brasileiro de todos os tempos.
No livro que
contém o roteiro de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", da Civilização
Brasileira, 1965, a constatação de seqüência realizada em Feira de Santana:
Seqüência 8 EXTERIOR. DIA. FEIRA DE GADO EM FEIRA DE SANTANA (na segunda-feira)
30. PG Fixo
Movimento da rua que leva à Feira do Gado; Manuel e outros vaqueiros cruzam a rua a trote; vaivém de vaqueiros, bois, cabras, tangerinos. Ruídos naturais.
31. PG Panorâmica
Feira do Gado. Movimento de bois e vacas. Muitos vaqueiros. Manuel entra, em companhia de outros, e vem se misturando na feira. Ruídos naturais; mugidos; ainda sons de violão dispersos; Manuel avança.
32. Panorâmica
Manuel entra pelos currais de gado; aproxima-se de um lugar onde estão os patrões, na compra e venda de bois; Manuel pára o cavalo. Um coronel conversa com outros; Manuel fala de cima do cavalo.
MANUEL: Bom-dia seu Moraes... Já trouxe as vacas... Mas morreu ainda quatro...
MORAES: Beberam no açude do norte?
MANUEL: Sim, sinhô. Era onde tinha água. Foi mordida de cobra... Trouxe doze vacas, queria fazer partilha prá acertá as contas...
MORAES: Num tem conta prá acertar... As vacas que morreram foram as suas...
33. PM
Manuel. Tempo. Ouve últimas palavras de Moraes. O mugido mais intenso das vacas; as vozes dispersas dos compradores e coronéis; Manuel desce do cavalo e vai até o coronel Moraes. Caminha lento e fala humilde; a câmara enquadra Moraes.
MANUEL: Mas, seu Moraes, as vacas tinha era o ferro do sinhô... Num pode ser logo as minhas que sou um home pobre... Foi azar é verdade; as cobras mordeu as reses do sinhô...
MORAES: Isso foi descuido seu, preguiça... Fica dormindo o dia inteiro e não olha o gado direito... Tá acabado e num quero conversa, que a lei tá comigo...
34. PM
Manuel ouve as últimas palavras do Moraes, como uma chicotada. Vira-se em PP. Ao fundo, Moraes continua conversando com os amigos; Manuel se contém um pouco e vira-se; aproximando-se até mais junto de Moraes.
35. PM
Manuel aproxima-se e fala:
MANUEL: Dá licença outra vez, seu Moraes... Mas que lei é essa?
MORAES (fora de campo): Quer discutir?
MANUEL: Não... Só tou querendo saber que lei é essa que num favorece meu direito...
MORAES (f/c): Quer discutir comigo? Já disse, tá dito... Você não tem direiro a vaca nenhuma...
MANUEL: Mas, seu Moraes, o sinhô num pode tirar o meu...
36. PM
MORAES: Tá me chamando de ladrão?
MANUEL (f/c): Quem tá falando é o sinhô...
Moraes subitamente se irrita e pega um rebenque. Vem até PP maior e grita:
MORAES: Pra você aprender, ordinário, filho da puta...
E bate violentamente com o rebenque, quatro vêzes.
37. PM
Manuel, como uma pedra, o rosto riscado de sangue, olhos fixos em Moraes.
38. PM
Moraes com o rebenque
MORAES: Ainda discute comigo?
Manuel, com o rosto riscado de sangue; corte no quadro; a mão de Manuel suspende um facão; corte, o facão; corte, Moraes; corte, o facão em crescendo maior, e um GRITO!
Seqüência 8 EXTERIOR. DIA. FEIRA DE GADO EM FEIRA DE SANTANA (na segunda-feira)
30. PG Fixo
Movimento da rua que leva à Feira do Gado; Manuel e outros vaqueiros cruzam a rua a trote; vaivém de vaqueiros, bois, cabras, tangerinos. Ruídos naturais.
31. PG Panorâmica
Feira do Gado. Movimento de bois e vacas. Muitos vaqueiros. Manuel entra, em companhia de outros, e vem se misturando na feira. Ruídos naturais; mugidos; ainda sons de violão dispersos; Manuel avança.
32. Panorâmica
Manuel entra pelos currais de gado; aproxima-se de um lugar onde estão os patrões, na compra e venda de bois; Manuel pára o cavalo. Um coronel conversa com outros; Manuel fala de cima do cavalo.
MANUEL: Bom-dia seu Moraes... Já trouxe as vacas... Mas morreu ainda quatro...
MORAES: Beberam no açude do norte?
MANUEL: Sim, sinhô. Era onde tinha água. Foi mordida de cobra... Trouxe doze vacas, queria fazer partilha prá acertá as contas...
MORAES: Num tem conta prá acertar... As vacas que morreram foram as suas...
33. PM
Manuel. Tempo. Ouve últimas palavras de Moraes. O mugido mais intenso das vacas; as vozes dispersas dos compradores e coronéis; Manuel desce do cavalo e vai até o coronel Moraes. Caminha lento e fala humilde; a câmara enquadra Moraes.
MANUEL: Mas, seu Moraes, as vacas tinha era o ferro do sinhô... Num pode ser logo as minhas que sou um home pobre... Foi azar é verdade; as cobras mordeu as reses do sinhô...
MORAES: Isso foi descuido seu, preguiça... Fica dormindo o dia inteiro e não olha o gado direito... Tá acabado e num quero conversa, que a lei tá comigo...
34. PM
Manuel ouve as últimas palavras do Moraes, como uma chicotada. Vira-se em PP. Ao fundo, Moraes continua conversando com os amigos; Manuel se contém um pouco e vira-se; aproximando-se até mais junto de Moraes.
35. PM
Manuel aproxima-se e fala:
MANUEL: Dá licença outra vez, seu Moraes... Mas que lei é essa?
MORAES (fora de campo): Quer discutir?
MANUEL: Não... Só tou querendo saber que lei é essa que num favorece meu direito...
MORAES (f/c): Quer discutir comigo? Já disse, tá dito... Você não tem direiro a vaca nenhuma...
MANUEL: Mas, seu Moraes, o sinhô num pode tirar o meu...
36. PM
MORAES: Tá me chamando de ladrão?
MANUEL (f/c): Quem tá falando é o sinhô...
Moraes subitamente se irrita e pega um rebenque. Vem até PP maior e grita:
MORAES: Pra você aprender, ordinário, filho da puta...
E bate violentamente com o rebenque, quatro vêzes.
37. PM
Manuel, como uma pedra, o rosto riscado de sangue, olhos fixos em Moraes.
38. PM
Moraes com o rebenque
MORAES: Ainda discute comigo?
Manuel, com o rosto riscado de sangue; corte no quadro; a mão de Manuel suspende um facão; corte, o facão; corte, Moraes; corte, o facão em crescendo maior, e um GRITO!
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