Por Reinaldo
Azevedo
Bem, reconheça-se ao
menos uma honestidade ao PT, já que nenhuma outra lhe pode ser atribuída. O
partido decidiu que, na vigência do governo Michel Temer, vai se comportar como
um sabotador e atuará ao arrepio da Constituição, das leis e das instituições.
Espero que a democracia e o estado de direito se encarreguem da turma caso a
legenda cumpra suas ameaças.
O plano de sabotagem do
futuro governo foi delineado nesta terça-feira, em encontro no Instituto Lula,
que reuniu, além do antecessor de Dilma, o presidente do PT, Rui Falcão; o
prefeito de São Paulo, Fernando Haddad — eis um homem que entende de povo -; o
coxinha vermelho Guilherme Boulos, do MTST; e Gilmar Mauro, do comando do MST.
Depois de dar com os
burros n’água ao tentar transformar o país num prostíbulo de quarto de hotel,
Lula está revoltado. Anda bravo até com o deputado Tiririca. No encontro, o
chefão petista defendeu que o caminho é deslegitimar o governo Michel Temer.
Ele não se mostrou um entusiasta, por enquanto, do encurtamento do mandato de
Dilma, com novas eleições. Disse que isso seria jogar a toalha. Bem, ainda que
não fosse, tratar-se-ia de uma inconstitucionalidade.
Foi de Rui Falcão que
partiram a ameaça e a promessa explícitas. Ao falar com a imprensa depois do
encontro, disse qual é o busílis:
"O PT não vai permitir que ele ponha em prática o seu programa. Não podemos permitir que, depois de anos de avanço, venha um cara sem voto retirar direitos que foram conquistados com muita luta. É muito mais do que oposição parlamentar só. É dizer para a população que, com um governo ilegítimo, não tem paz, não tem tranquilidade, tem luta. É deslegitimação permanente aqui e no exterior".
"O PT não vai permitir que ele ponha em prática o seu programa. Não podemos permitir que, depois de anos de avanço, venha um cara sem voto retirar direitos que foram conquistados com muita luta. É muito mais do que oposição parlamentar só. É dizer para a população que, com um governo ilegítimo, não tem paz, não tem tranquilidade, tem luta. É deslegitimação permanente aqui e no exterior".
Como se nota, é um plano
de sabotagem que não dispensa nem mesmo a difamação do país mundo afora.
Observem que não Falcão não está dizendo que vai se opor a essa ou àquela
medida. Ele está deixando claro que não aceita é a solução constitucional. É a
cara deles: nas eleições de 2006, 2010 e 2014, trataram a possibilidade de
perder a disputa para a oposição como um retrocesso; como se a vitória do
adversário constituísse um assalto ao poder. Eis a cabeça da esquerda
mistificadora e mixuruca.
E a coisa não para por
aí. Franjas do partido no mundo sindical, sob o comando de Lula, também partem
para a ameaça.
A Federação Única dos
Petroleiros, a FUP, convocou os sindicatos dos trabalhadores da Petrobras para
discutir uma paralisação contra o impeachment. A entidade, que é ligada à CUT,
alega que a saída ameaça direitos trabalhistas e pode representar "a entrega do
pré-sal para as multinacionais". A FUP solicitou aos 12 sindicatos associados
para debater a proposta de uma greve unificada com outras categorias para
questionar o processo de impeachment. Nota à margem: em seu pronunciamento
eivado de mentiras, a própria Dilma esgrimiu a mentira de que o futuro governo
pretende entregar o pré-sal a empresas estrangeiras.
Eis aí a estratégia
criminosa para inviabilizar o país. Assim agem as esquerdas quando são
derrotadas numa disputa democrática: basta chamar a solução vencedora de golpe
e reivindicar o suposto direito à rebelião, que nada mais seria, no caso em
espécie, do que subversão da ordem democrática.
É claro que a democracia
brasileira dispõe de instrumentos para enfrentar a desordem. E eles terão de
ser usados caso ela sobrevenha. Talvez, em alguma medida, o PT conte com isso.
Faz tempo que o partido tá doido para ver soldado na rua. Isso colaboraria com
a sua farsa.
Que o futuro governo se
prepare. Será preciso ser o mais didático e esclarecedor possível a respeito
dos fatos que tomarem as ruas - caso isso venha a acontecer. Até porque será a
disputa de uma minoria de extremistas e apaniguados, contra a maioria que luta
honestamente para ganhar a vida, mesmo em meio às adversidades.
Mais: há uma diferença
entre o exercício da liberdade de expressão e ameaças que, em qualquer
democracia do mundo, seriam consideradas aquilo que são: terroristas.
Mas estou certo de que a
democracia conseguirá combater as tentações ditatoriais da fascistada de
esquerda, incluindo os convivas do encontro desta terça.
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