Por Reinaldo Azevedo
O grande derrotado da votação
deste domingo, quando a Câmara autorizou o Senado a abrir o processo de impeachment
por 367 votos a 137, chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. Sim, é evidente que
Dilma se conta entre os perdedores. Mas, vamos convir, até por seu real tamanho
na política, ela não é uma vítima maiúscula. Trata-se de mera personagem
acidental do petismo. Lula não!
Que nunca se perca de vista: só
existe um processo de impeachment porque Dilma cometeu crime de
responsabilidade. Sem este, não haveria incompetência que pudesse retirar
aquela senhora do palácio. Mas não é menos verdade que a Câmara também é uma
Casa política.
Fosse a presidente um exemplo de
ética e retidão com a coisa pública - e ela é, no mínimo, negligente - e de uma
competência formidável, vamos ser claros: com ou sem crime de responsabilidade,
os deputados teriam se recusado a dar a autorização. O resultado seria outro.
Ocorre que Dilma é um desastre
sob qualquer aspecto que se queira. E não se pode cobrar que um deputado deixe
de fazer também um juízo político quando profere seu voto, ora essa! E, nesse
caso, a política que está sendo rechaçada não é a da presidente Dilma em
particular. O que não se suporta mais - e olhem que muita coisa feia se passa
no Congresso - são os métodos petistas.
Com que ousadia a senhora Dilma
Rousseff, cometendo, a meu ver, crime de responsabilidade na modalidade
improbidade - Inciso V do Artigo 85 da Constituição -, entregou a gestão da
coisa pública a um homem que nem mesmo tem cargo formal na Esplanada dos
Ministérios. Refiro-me, claro!, a Lula.
Este senhor instalou-se num
quarto de hotel, fez de conta que a República é um prostíbulo e passou a
receber políticos interessados em cargos, que o visitavam entrando pelas portas
dos fundos, esgueirando-se como raparigas que buscam fugir aos olhos do
público. Não! Lula não estava "rearticulando" a base de Dilma. Estava era
distribuindo cargos mesmo. O Diário Oficial, aliás, foi encharcado pela chuva
de nomeações.
Assim, mesmo com a República em
liquidação no quarto de hotel, mesmo apelando às práticas mais sórdidas, o que
Lula conseguiu entregar a Dilma? Miseráveis 137 votos. Ora, um governo que tem
essa base de apoio na Câmara, vamos ser claros!, já acabou.
Logo depois daquela condução
coercitiva determinada pelo juiz Sergio Moro, Lula concedeu uma
entrevista-comício em que anunciou que estava de volta. Ele pretendeu dar
início ali à, digamos assim, República da Jararaca. Tomou a Presidência das
mãos de Dilma, instalou-se em Brasília e anunciou: "Agora é comigo".
Enquanto recebia seus convivas
para fatiar o país, mandava o recado: se o impeachment for reprovado, aí ele
assume a coisa e dá um novo tom ao governo. A canalha petralha acusa o processo
de impeachment de ser um terceiro turno da eleição. Mentira! Lula é que tentou
usar a votação deste domingo como se fosse um Colégio Eleitoral em que ele
poderia ser eleito presidente com apenas um terço dos votos. Quebrou a cara.
A autorização segue agora para o
Senado. Das manobras espúrias à judicialização do processo, o governo vai
tentar de tudo. Mas pergunto de novo como quem, obviamente, responde: que
sobrevida pode ter um governo que, mesmo apelando aos métodos mais sórdidos de
cooptação, consegue miseráveis 137 votos na Câmara, 76 dos quais pertencem ao
PT (60), PCdoB (10) e Psol (6)?
Todos os números, não importa o
cruzamento que se faça,
evidenciam que este governo está morto. Apenas as respectivas bancadas de três
Estados tiveram menos de 50% dos votos para o impeachment: CE, BA e AP. Em
dez Estados, a adesão foi de 80% ou mais: ES, SP, PR, RR, RN, DF, SC, GO,
RO e AM. Nesses dois últimos estados, 100% dos votos foram contra Dilma. Em
nove partidos, a totalidade dos votos foi a favor do impeachment: PSDB, DEM,
PRB, SD, PSC, PPS, PV, PSL, PMB. Nas demais legendas, foi de 50% ou mais. Só
três partidos ficaram abaixo dessa margem: PDT, com 31,6%, e PCdoB, PSOL e PT,
que deram 100% dos votos contra o impeachment.
Isso dá conta do desastre
fabricado por Lula. Que vai ser enterrado com Dilma.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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