Por Ricardo
Noblat
Quantos
picaretas haverá em um Congresso de 513 deputados federais e 81 senadores?
Nos anos
80 do século passado, o então deputado Luiz Inácio da Silva acusou o Congresso
de abrigar, pelo menos, 300 picaretas.
Triste
ironia! Pois foi com o apoio de uma maioria deles que Lula governou duas vezes.
E é a
eles que Lula novamente pede socorro para evitar, desta vez, a interrupção do
mandato de Dilma.
Aquele
que se apresenta como "a alma mais honesta do país" recebeu plena delegação de
poderes de Dilma para empenhar o que for preciso em troca de votos capazes de
barrar a aprovação do impeachment na Câmara dos Deputados - de ministérios a
cargos com orçamentos milionários; de liberação de dinheiro para pequenas obras
a dinheiro vivo para financiar futuras campanhas.
De zica e
de outros doenças, Dilma deixou de falar, reparou?
Neste
momento, o estado de São Paulo vive um surto da gripe H1N1, com 534 casos
confirmados e 70 mortes relacionadas ao vírus. Falta vacina nos postos médicos.
Uma
multidão apinhou-se à porta de uma concessionária da BMW na capital paulista
atraída por 1,5 mil doses de vacina oferecidas de graça. Cadê Dilma?
O Brasil
está desgovernado desde que ela foi reeleita sem saber direito o que fazer. No
primeiro mandato, parecia saber. Mandou sete ministros embora em nome do
combate à corrupção.
Depois,
aconselhada por Lula, trouxe-os de volta. No mais, fez tudo errado e afundou o
país como se vê.
Errou até
quando promoveu Lula a ministro na tentativa criminosa de salvá-lo da Lava-Jato - e de salvar-se.
O
trabalho sujo, agora, desempenhado por Lula, liberou Dilma para ficar rouca de
tanto apregoar que os corruptos jamais a derrubarão - logo ela, de biografia
imaculada.
Procede
assim em comícios país a fora e Palácio do Planalto adentro, animados pela
palavra de ordem repetida por militantes amestrados de que "impeachment é
golpe".
Virou uma
figura patética. Uma caricatura sem graça dela mesma.
Falta
estimar o número de picaretas com direito a assento no plenário da Câmara. Mas
muitos estão divididos entre aceitar pagamentos à vista ou a prazo.
À vista é
o que Lula lhes promete desde que entreguem primeiro seus votos. A prazo é o
que lhes prometem os que dizem falar em nome do vice-presidente Michel Temer.
Por
enquanto, o vice está recolhido ao silêncio. Faz acenos à distância.
Esta
tarde, salvo uma surpresa na qual nem o governo acredita, a Comissão Especial
da Câmara aprovará o relatório que recomenda a abertura do processo de
impeachment contra Dilma.
O
relatório será votado no plenário da Câmara entre a próxima sexta-feira e o
domingo. Ali, para que o pedido possa ser encaminhado ao Senado, serão
necessários os votos de 342 de um total de 513 deputados.
Os
defensores do impeachment admitem não ter os 342 votos. Mas dizem dispor de 330
a 335. Será?
No fim de
semana, a maioria dos deputados voou aos seus Estados para encontrar parentes,
amigos e eleitores. No Recife, Jorge Corte Real (PTB-PE) reafirmou ao pai que
votará a favor do impeachment como ele lhe pedira.
Convidado
para ser ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR) surpreendeu o governo no
sábado com o anúncio de que está indeciso quanto ao impeachment. A filha dele,
deputada estadual pelo PP, é a favor.
Espera-se
para breve uma nova fase da Lava-Jato. Fora outras coisinhas (alô, alô, Lula!).
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