Por Reinaldo Azevedo
A Comissão Especial do
Impeachment deve aprovar nesta segunda-feira o relatório do deputado Jovair
Arantes (PTB-GO), favorável à continuidade do processo contra a presidente
Dilma Rousseff. Os dois lados dão a aprovação como certa, o que, evidentemente,
cria um clima negativo para a ainda presidente na votação em plenário, no
próximo domingo.
Todos os esforços do
governo têm-se mostrado, até aqui, inúteis. Hoje, nesta segunda-feira mesmo, o
grupo pró-impeachment dispõe dos 342 votos. A movimentação destrambelhada do governo
acabou criando uma situação negativa para a própria Dilma. Virou aquilo que é:
desespero. E disso decorre o óbvio: dá-se como certo que, caso a petista
consiga se safar do impeachment na Câmara, não vai conseguir governar depois.
Os erros vão se contando
em penca, além das circunstâncias, sempre hostis porque hostis são os fatos. Na
semana passada, os petistas chegaram a se animar, e Jaques Wagner saiu
plantando redações afora que a causa estava liquidada. Um monte de jornalista
caiu na sua conversa.
Eis que vieram a público
detalhes da delação premiada da Andrade Gutierrez. E os senhores parlamentares
perceberam que o governo não sobrevive. Assim, que vá ao diabo antes em vez de
ir depois - já que o seu destino é mesmo o inferno.
Outro fator que
desanimou os que ainda tentam resistir foi o novo parecer do procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, contra a posse de Lula como ministro da Casa
Civil. E, nesse caso, deu-se algo curioso: que ela é ilegal, pautada pelo desvio
de finalidade, a todos está claro. Mas isso Janot já sabia. Ao mudar tão
radicalmente seu parecer, criou-se nos meios políticos de Brasília a certeza de
que ainda vem bomba por aí. Quem está a fim de posar no retrato como aliado de
um governo moribundo - e, pior, comprado por Lula?
A movimentação do
ex-presidente, que esta se tornando um Midas às avessas, tornou-se de tal sorte
escancarada e desavergonhada que, nos corredores da Capital federal, é
frequente que se chame o tal quarto de hotel em que ele despacha de, como
dizer?, lupanar. Procurem o sinônimo. É tal casa de tolerância.
Mais: mesmo deputados
que estavam dispostos a entregar o corpinho a Lula começaram a se convencer de
que, caso o governo consiga sobreviver por mais quase três anos, a sua pauta
única será cuidar da candidatura do chefão petista à Presidência da República.
E, nesse caso, o destino certo do país é o abismo.
Já nem se trata de saber
se o impeachment de Dilma é a melhor saída. A cada dia, ele vai se mostrando a
única saída. Todas as alternativas são piores. A tese das eleições gerais - ou
ainda que apenas presidenciais - é uma bobagem rematada. A menos que haja dupla
renúncia - de Dilma e de Michel Temer -, não há alternativa. Ou, então, duplo
impedimento. No caso do vice, qual é mesmo a acusação? A continuidade de Dilma
implica manter o país no rumo da desesperança e do desastre renovado.
Saída ótima, como se
sabe, não há. E Temer, uma vez presidente, certamente terá muitas dificuldades,
até porque o PT e as esquerdas vão tentar violar a Constituição e as leis para
criar tumulto. Mas o país dispõe de instituições para enfrentá-los, segundo as
regras da democracia, que eles se negam a reconhecer.
Dá para prever o
resultado do próximo domingo? Não! Mas, nesta segunda, dá para dizer que os que
são favoráveis ao impeachment dispõem de 342 votos. Agora se trata de ganhar
margem de segurança até a votação decisiva, prevista para o dia 17.
O Brasil merece essa
chance.
Fonte: http://veja.abril.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário