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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

"Vai imprensa, feliz para o abismo!!!"

Do "Blog Reinaldo Azevedo":

Se os avestruzes escrevessem artigos - mulas e jumentos têm escrito como nunca -, certamente criticariam os alienados de sua espécie com uma comparação: “Esses aí parecem aqueles humanos jornalistas; diante do perigo, preferem esconder a cabeça…” Como o leitor deve imaginar, a história de que a ave enterra o cocuruto no chão quando ameaçada não deve proceder, né? Sei lá, nunca li a respeito. Suponho que seja uma tolice porque, fosse assim, não haveria mais avestruzes. Os desengonçados certamente vieram ao mundo aparelhados com o tal instinto de sobrevivência, que falta a boa parte da imprensa. Avestruz é feio pra caramba, mas não é idiota.

Entre os grandes veículos, só O Globo e os principais jornais da TV Globo deram o devido destaque à ameaça de censura à imprensa contida no tal “decreto dos direitos humanos”, aquela peça notavelmente autoritária que vale por uma espécie de miniconstituinte. O texto resolveu cuidar de tudo: além da revanche contra os militares, da extinção da propriedade privada e do cerceamento à imprensa, trata do casamento gay, da descriminação do aborto, de quilombolas, pescadores, hortas, viveiros, pomares… Em suma, meus caros leitores, pensem aí numa palavra qualquer e acionem a tecla “localizar”. Se a procura der negativa, é só questão de achar o sinônimo.

Trata-se de uma absoluta novidade jurídica - e, como diz certo clichê, se é coisa que só dá no Brasil, não sendo jabuticaba, então é besteira. O decreto, como demonstrei aqui, é uma peça notável de proselitismo político, pautado pela extrema esquerda do PT. Os dois setores mais visados por sugestões de caráter claramente punitivo são a agroindústria E A “MÍDIA”.

Muito bem. E o que fazem setores da imprensa? O Estadão, por exemplo, ignorou ontem o assunto na sua edição online. Não! Para ser preciso, deu destaque a um manifesto de repúdio aos militares assinado pelo tal Movimento Nacional de Direitos Humanos. O texto foi parar na edição impressa. Na eletrônica de hoje, pode-se ler a reação da Secretaria Nacional de Direitos Humanos às críticas recebidas pelo documento - AQUELAS QUE FORAM IGNORADAS!!!

A Folha Online de ontem deu destaque às críticas que a Confederação Nacional de Agricultura fez ao decreto. O texto está na edição impressa, acompanhado de outros dois: um com as restrições da Igreja e outro lembrando o descontentamento dos militares. Sobre a defesa óbvia da censura e da punição às empresas de comunicação, não há uma miserável palavra. NADA!!! É como se não existisse.

Mandam-me, aliás, trechos de um artigo publicado na Folha Online em que alguém escreve algo assim: se os militares estão contra o decreto, então é sinal de que ele é necessário. Seria alguém pontificando sobre aquilo que não leu? É a hipótese benevolente. Pode ser que tenha lido. E que concorde com tudo o que vai lá. É gente que usa a liberdade de que dispõe para defender um documento que confere grandeza moral à censura e que usa os “direitos humanos” para impor uma pauta autoritária. Os nazistas fizeram assim: recorreram à tese da suposta conspiração contra o estado para justificar a brutalidade anti-semita. Autoritários não precisam de motivos, só de pretextos. Aos idiotas e lesos, pretextos são suficientes. A seguir certa “sapiência” jurídica, os descendentes da família real brasileira podem processar, sei lá, a República por causa do golpe de 1889…

Imaginem tudo acontecendo conforme querem Dilma Rousseff, Franklin Martins, Paulo Vannuchi, Tarso Genro e… LULA - AQUELE QUE SEMPRE SABE DE TUDO. A imprensa será controlada por um “tribunal de ética” (num artigo, José Dirceu perdeu o pudor de vez e chamou de “tribunal”) formado pelo PT, conforme proposta aprovada na Confecom, e por um tribunal dos direitos humanos, também controlado pelo partido. Eles definirão o que pode e o que não pode ser escrito. Tudo depende do Congresso, conforme deixei claro no primeiro artigo que escrevi sobre o decreto. Mas isso é só um perigo adicional.

A despeito dos fatos, esses setores da imprensa preferem fazer de conta que o decreto atinge os interesses de “ruralistas, católicos e militares reacionários”. Não são dignos da liberdade de que desfrutam — liberdade conquistada pela resistência democrática e que nada deve, nem uma miserável vírgula, aos terroristas que tentaram implementar uma ditadura comunista no país. Se não dispunham dos meios adequados e/ou suficientes para lograr seus objetivos, isso só revela a sua estupidez adicional, sem jamais enobrecer os seus propósitos.

Porque os idiotas não estão à altura dessa liberdade, há quem se ofereça para dispor dela, solapando-a. Candidatam-se a áulicos do rei, a serviçais do regime, a escribas do poder. Bem, se assim acontecer, o vício já então adquirido certamente não lhes há de provocar qualquer estranhamento. Acostumados a servir por vontade, nem irão perceber que terão passado a servir por obrigação.

Boa parte da imprensa caminha feliz para o abismo, como aquela imagem na carta de Tarô. E prefere acusar o “exagero” e a “paranóia” de quem lhes causa o incômodo de chamar a coisa pelo nome que a coisa tem. Não entendo rigorosamente nada de adivinhações. Católicos são aborrecidamente racionais para se dedicar a essas coisas. Não tenho a menor noção se, embora aparentemente negativa, a carta traz um bom auspício. Uma coisa eu sei sem adivinhação nenhuma: a liberdade de imprensa é o próximo alvo dos petistas. E a dita grande imprensa está tomada de jornalistas que, na prática, indagam: “Liberdade pra quê?”

3 comentários:

Unknown disse...

Também não entendo, porque só os jornais da Globo falam no assunto todos os dias. Os outros, nesta de fazerem ouvidos moucos, fazem vistas grossas quando êsses petralhas fazem o trabalho do congresso, querendo impor tudo aquilo que eles mesmos se negam a fazer, que é o respeito aos direitos humanos.
O ministro Stefanys tem toda a razão quando se aborrece por não ter sido chamado a "palpitar" na área de sua competência, o agronegócio; decidiram simplesmente que os baderneiros do MST, ao invadirem terras alheias, terão o direito de "negociar" com os proprietários, antes que a justiça seja acionada...pode um absurdo dêsses? De repente, se alguém invade a sua terra, você ainda ter a obrigação de negociar com um BANDIDO!!
Minhas esperanças ainda não morreram, já que o Congresso ainda vai dar uma outra "arrumada" nesta imoralidade.

Unknown disse...

Xii, viajei na hora de escrever o nome do ministro da agricultura...é Reinhold Stephanes.

Renato Ribeiro disse...

Dimas, estou de férias, porém antenado as informações graças ao Blog Demais, este texto de Reinaldo Azevedo é reflexivo, pois grande parte dos jornalistas brasileiros não tem consciência crítica e política, são tendenciosos e buscam discutir temas dos seus interesses particulares, criando crises nos seus feudos guiados por políticos medíocres e covardes, a consequência será a comunicação caindo num abismo ditatorial, controle da imprensa e de opinião em nome dos direitos humanos é um verdadeiro absurdo, abraços.