Editorial do jornal "O Globo", edição desta quarta-feira, 13:
Na volta das curtas férias de virada de ano, o presidente Lula está sendo obrigado a usar toda a experiência de administrador de ambiguidades para manter sem fissuras irreversíveis um governo assentado em eclética aliança político-partidária, formada por frações dos mais diversos quadrantes da geografia ideológica.
Sempre que o Planalto pende para um dos lados, e rompe este equilíbrio instável, os sismógrafos registram o movimento.
Lula embarcou para a Bahia deixando uma crise militar, devido à alteração na Lei da Anistia, para permitir a denúncia judicial de agentes públicos que atuaram na repressão política na ditadura.
A revisão desejada, porém, não atingiria guerrilheiros daqueles tempos, alguns dos quais ocupam hoje altos cargos em Brasília.
Nos dias de suposto descanso, outras crises afloraram, quando se percebeu que o tal Programa Nacional de Direitos Humanos, em que foi embutida a reforma na Anistia, é um plano de governo, e com propostas inconstitucionais.
Uma delas, a censura à imprensa, em nome da defesa dos “direitos humanos”, guarda-chuva amplo o suficiente para abrigar desde medida de desrespeito à propriedade privada à regulamentação do imposto sobre fortunas, descriminalização do aborto, financiamento público de campanhas, e assim por diante.
Adestrado também na arte de recuar de forma organizada, Lula, na segunda-feira, confirmou aos militares que não permitiria discriminações na questão da Anistia - tema que muito provavelmente será decidido na Justiça.
E ainda tratou de contemporizar com a Igreja na questão do aborto - com a qual inclusive está alinhado neste debate -, e no caso da união homossexual.
Mas as zonas de tensão continuarão se o recuo não for geral. Não fará desaparecer os conflitos argumentar que o plano repete, em parte, a versão tucana, aprovada no governo FH. Afinal, é gritante a contaminação do programa lulista por uma ideologia autoritária de esquerda.
A orwelliana “Comissão da Verdade”, encharcada de revanchismo, é uma criação do governo Lula. Cabe, a propósito, registrar que nada se tem a opor a que a sociedade consiga amplo acesso aos registros oficiais dos anos de chumbo, em especial os familiares de mortos e desaparecidos.
O inadmissível é revogar a anistia a favor de um lado, e com isso reabrir um capítulo já encerrado da história.
Se o “programa de direitos humanos” se resumir a um estratagema político, a fim de servir de toque de reunir para esquerda, houve erro de cálculo.
Já se deve ter percebido que manobras político-eleitorais não valem o preço de jogar o país na rota de uma crise institucional.
Na volta das curtas férias de virada de ano, o presidente Lula está sendo obrigado a usar toda a experiência de administrador de ambiguidades para manter sem fissuras irreversíveis um governo assentado em eclética aliança político-partidária, formada por frações dos mais diversos quadrantes da geografia ideológica.
Sempre que o Planalto pende para um dos lados, e rompe este equilíbrio instável, os sismógrafos registram o movimento.
Lula embarcou para a Bahia deixando uma crise militar, devido à alteração na Lei da Anistia, para permitir a denúncia judicial de agentes públicos que atuaram na repressão política na ditadura.
A revisão desejada, porém, não atingiria guerrilheiros daqueles tempos, alguns dos quais ocupam hoje altos cargos em Brasília.
Nos dias de suposto descanso, outras crises afloraram, quando se percebeu que o tal Programa Nacional de Direitos Humanos, em que foi embutida a reforma na Anistia, é um plano de governo, e com propostas inconstitucionais.
Uma delas, a censura à imprensa, em nome da defesa dos “direitos humanos”, guarda-chuva amplo o suficiente para abrigar desde medida de desrespeito à propriedade privada à regulamentação do imposto sobre fortunas, descriminalização do aborto, financiamento público de campanhas, e assim por diante.
Adestrado também na arte de recuar de forma organizada, Lula, na segunda-feira, confirmou aos militares que não permitiria discriminações na questão da Anistia - tema que muito provavelmente será decidido na Justiça.
E ainda tratou de contemporizar com a Igreja na questão do aborto - com a qual inclusive está alinhado neste debate -, e no caso da união homossexual.
Mas as zonas de tensão continuarão se o recuo não for geral. Não fará desaparecer os conflitos argumentar que o plano repete, em parte, a versão tucana, aprovada no governo FH. Afinal, é gritante a contaminação do programa lulista por uma ideologia autoritária de esquerda.
A orwelliana “Comissão da Verdade”, encharcada de revanchismo, é uma criação do governo Lula. Cabe, a propósito, registrar que nada se tem a opor a que a sociedade consiga amplo acesso aos registros oficiais dos anos de chumbo, em especial os familiares de mortos e desaparecidos.
O inadmissível é revogar a anistia a favor de um lado, e com isso reabrir um capítulo já encerrado da história.
Se o “programa de direitos humanos” se resumir a um estratagema político, a fim de servir de toque de reunir para esquerda, houve erro de cálculo.
Já se deve ter percebido que manobras político-eleitorais não valem o preço de jogar o país na rota de uma crise institucional.
Um comentário:
Já a muito os petistas sonham com êste momento, o de se "vingarem" nem sabem direito de quem, mas serve a oposição ao lulismo, qualquer um que possa atrapalhar os seus planos de poder. Devem ter escutado muito a cavalgadura do Chaves...já percebeu, Dimas, que tudo o que essa turma faz na calada da noite, é digna de aloprados que não pensam? Veja só o que Chaves, agora, diz sôbre a escassez de energia em seu país: culpa a herança maldita que recebeu de seu antecessor, que saiu do govêrno faz 10 anos, dizendo que aquêle não teria não teria construído usinas o suficiente. Sabe quanto êle, nêsses 10 anos, gastou no ramo? 10% do previsto! É esta a forma de governar que Lula e seus petistas querem para o Brasil! "Façam o que digo, não o que faço". Ainda bem, a oposição, de repente, parece mais esperta e ainda recebeu de bandeja, esta trapalhada petista prá ser desmascarada para o povo. Vai ser uma campanha com altas temperaturas.
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