De Diogo Mainardi, na "Veja":
“O aquecimento global nem existe. O pico do calor foi em 1998. De lá para cá, a Terra está esfriando. O que importa, para quem pedala socraticamente, é o tempo que está fazendo agora”
O ciclismo tem algo em comum com o stalinismo. Quem melhor demonstrou isso foi o poeta chileno Pablo Neruda. Ele fez uma “Ode às bicicletas”. Além de fazer uma “Ode às bicicletas”, ele fez também uma “Ode a Stalin”. Na primeira poesia, Pablo Neruda comparou as bicicletas a um “esqueleto frio”. Na segunda poesia, ele comparou Stalin a “um gigante”. Cada pedalada poética de Pablo Neruda corresponde a um esqueleto frio no Gulag do gigante.
Eu só ando de bicicleta. Se o ciclismo tem algo em comum com o stalinismo, eu devo ser considerado um Alexander Soljenitsin das duas rodas - um reacionário do pedal. O músico David Byrne, dos Talking Heads, também só anda de bicicleta. Mas, ao contrário de mim, ele é um militante do ciclismo - um doutrinador do ciclismo. Ele recomenda que as ruas sejam ocupadas unicamente por bicicletas e que os carros só possam trafegar em túneis. Ele desenhou bicicletários - em forma de guitarra elétrica e de cachorro - e projetou ciclovias para a prefeitura de Nova York.
David Byrne acabou de publicar nos Estados Unidos Diários da Bicicleta, nos quais relata suas pedaladas em cidades como Londres, Buenos Aires, Detroit, Berlim, Manila e Istambul. Do selim de sua bicicleta, ele pontifica: “Eu sinto que o mundo pode ser mais onírico, metafórico e poético do que atualmente acreditamos”. Quem acredita que o mundo pode ser mais onírico, metafórico e poético costuma acreditar igualmente que o melhor lugar para enfiar os inimigos é um Gulag - como Pablo Neruda. Ou um túnel - como David Byrne.
Na China, todos possuíam uma bicicleta rigorosamente preta da marca “Pombo Voador”. Elas se transformaram num símbolo do totalitarismo igualitário maoista. Agora as bicicletas mudaram. Elas passaram a simbolizar o ideal salvacionista do ambientalismo. Dito de outra maneira: a promessa de um mundo mais onírico, metafórico e poético. Como um reacionário do pedal, minha bicicleta representa apenas isso - uma bicicleta. Ela é um meio de transporte utilitário. Tem uma cadeirinha na frente e uma atrás. Na frente eu conduzo um filho, atrás eu conduzo o outro filho. Se Karl Popper classificasse bicicletas como classifica a filosofia política, minha bicicleta representaria a sociedade aberta, individualista, indo do ponto A ao ponto B. Eu pedalo socraticamente. David Byrne pedala platonicamente.
Nos últimos tempos, o aquecimento global foi o Gulag que aterrorizou os inimigos do ambientalismo. Ou andávamos de bicicleta, ou o planeta acabaria. O planeta que se dane, foi o que eu sempre pensei. Eu estava certo. O aquecimento global nem existe. O pico do calor foi em 1998. De lá para cá, a Terra está esfriando. E deve permanecer assim por mais duas décadas. O que importa, para quem pedala socraticamente, é o tempo que está fazendo agora. Sol? Dá para pegar os meninos na escola de bicicleta. Chuva? Eles que se danem.
Eu só ando de bicicleta. Se o ciclismo tem algo em comum com o stalinismo, eu devo ser considerado um Alexander Soljenitsin das duas rodas - um reacionário do pedal. O músico David Byrne, dos Talking Heads, também só anda de bicicleta. Mas, ao contrário de mim, ele é um militante do ciclismo - um doutrinador do ciclismo. Ele recomenda que as ruas sejam ocupadas unicamente por bicicletas e que os carros só possam trafegar em túneis. Ele desenhou bicicletários - em forma de guitarra elétrica e de cachorro - e projetou ciclovias para a prefeitura de Nova York.
David Byrne acabou de publicar nos Estados Unidos Diários da Bicicleta, nos quais relata suas pedaladas em cidades como Londres, Buenos Aires, Detroit, Berlim, Manila e Istambul. Do selim de sua bicicleta, ele pontifica: “Eu sinto que o mundo pode ser mais onírico, metafórico e poético do que atualmente acreditamos”. Quem acredita que o mundo pode ser mais onírico, metafórico e poético costuma acreditar igualmente que o melhor lugar para enfiar os inimigos é um Gulag - como Pablo Neruda. Ou um túnel - como David Byrne.
Na China, todos possuíam uma bicicleta rigorosamente preta da marca “Pombo Voador”. Elas se transformaram num símbolo do totalitarismo igualitário maoista. Agora as bicicletas mudaram. Elas passaram a simbolizar o ideal salvacionista do ambientalismo. Dito de outra maneira: a promessa de um mundo mais onírico, metafórico e poético. Como um reacionário do pedal, minha bicicleta representa apenas isso - uma bicicleta. Ela é um meio de transporte utilitário. Tem uma cadeirinha na frente e uma atrás. Na frente eu conduzo um filho, atrás eu conduzo o outro filho. Se Karl Popper classificasse bicicletas como classifica a filosofia política, minha bicicleta representaria a sociedade aberta, individualista, indo do ponto A ao ponto B. Eu pedalo socraticamente. David Byrne pedala platonicamente.
Nos últimos tempos, o aquecimento global foi o Gulag que aterrorizou os inimigos do ambientalismo. Ou andávamos de bicicleta, ou o planeta acabaria. O planeta que se dane, foi o que eu sempre pensei. Eu estava certo. O aquecimento global nem existe. O pico do calor foi em 1998. De lá para cá, a Terra está esfriando. E deve permanecer assim por mais duas décadas. O que importa, para quem pedala socraticamente, é o tempo que está fazendo agora. Sol? Dá para pegar os meninos na escola de bicicleta. Chuva? Eles que se danem.
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