Deu no "Ex-Blog do César Maia":
1. A pragmática decisão de incluir a Venezuela no Mercosul tem apoio de grandes empresários brasileiros, de olho nas compras e contratações com o dinheiro do petróleo daquele país e de suas necessidades gerais de quase tudo, especialmente depois da desindustrialização dos últimos anos. Mas é um equívoco grave. Não principalmente por razões políticas, mas pela lógica dos "mercados comuns". E pelo desmonte definitivo de outros mercados subregionais, como a Pacto Andino, que já foi muito mais desenvolvido que o Mercosul e vive conjunturalmente uma implosão provocada pela Venezuela.
2. A Venezuela é uma economia regida pela imprevisibilidade das regras para a economia. Os "mercados comuns" exigem regras, que vão de uma convergência progressiva dos parâmetros macroeconômicos, às aduaneiras e cambiais. A inclusão da Venezuela impossibilita que esta convergência, já complexa, avance. E mais ainda: passa a ser a necropsia econômica do Mercosul, a certeza que será impossível qualquer convergência macroeconômica ou aduaneira na frente.
3. E tão grave quanto, afasta definitivamente o Chile (de direito) e o Uruguai (de fato) do Mercosul, estimula acordos bilaterais com EUA e UE fora do âmbito regional e dá um caráter ideológico (Venezuela, Bolívia, Paraguai, Argentina) ao Mercosul, empurrando o Brasil para um fórum que passa a ser viciado sob os olhares externos.
4. Numa conjuntura, que não será curta, de estagnação do comércio mundial e de saída da crise com intenso incremento da produtividade para as economias manterem-se competitivas internacionalmente, a economia brasileira estará sinalizando com a implosão definitiva do Mercosul e com suas preferências estagnantes na região. Um equívoco grave. Uma vitória do chavismo econômico, do intervencionismo, da xenofobia e do afastamento dos mercados desenvolvidos. E um caminho aberto para a China e para o Irã.
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