Deu no "Blog Reinaldo Azevedo":
Os jornalistas que cobrem Dilma Rousseff podem levar o lead dos textos prontos no laptop. Basta acrescentar os adjuntos adverbiais, as circunstâncias, de lugar, tempo e, eventualmente, instrumento. E incluir algumas aspas, com a mistificação do dia, e pronto! O serviço está feito. Assim, o lead fixo é este:
“A ministra (em breve, “candidata do PT”) Dilma Rousseff voltou a comparar o governo Lula com o do seu antecessor, FHC, e disse que…”
Lula quer disputar a quinta eleição contra seu antecessor, a sua obsessão. Já disputou quatro. A vantagem, por enquanto, é do tucano. Em 1994 e 1998, FHC venceu no primeiro turno. Em 2002, o candidato tucano era José Serra, mas a luta era contra… FHC. Deu segundo turno. Em 2006, o candidato tucano era Geraldo Alckmin, mas a luta era contra FHC de novo. Deu segundo turno outra vez. Lula quer uma quinta jornada. FHC, FHC, FHC…
Aliás, este é um cenário ideal para alguém reacionário como Lula, que faz o Brasil andar para trás - especialmente com a sua tara estatista, revelada ontem, mais uma vez, na posse de Samuel Pinheiro Guimarães, finalmente posto no lugar certo: a secretaria que batizei de “Sealopra”. A depender do petista, o Brasil fica congelado nesta disputa: Lula x FHC. Numa análise, vá lá, semiótica, pode-se dizer que o que dá sentido a Lula é aquele que ele elegeu como adversário eterno: FHC!!!
Lula precisa do olhar do seu adversário de estimação para que consiga se reconhecer. Mais informações, vocês podem obter com psicanalistas.
Por que isso tudo? Porque Dilma voltou com a cascata de que ela não é ela; ela é Lula. Para tanto, faz de conta que José Serra não é José Serra; ele seria FHC. Porque Dilma é, obviamente, uma invenção de Lula, é preciso criar o paralelo oposto: Serra seria uma extensão do ex-presidente. Tenho minhas dúvidas se isso funciona.
Muitos perguntam até com sinceridade: “Mas qual é o seu problema com o PT? Não há gente errada nos outros partidos?” Claro que há. A estupidez não é exclusividade de petistas. Longe disso. Há certo tipo de burrice, inclusive, muito rara no PT e muito freqüente em seus adversários. “Qual, Reinaldo?” Umbigocentrismo! Há mais idiotas umbigocêntricos na oposição do que no PT - que, no limite, põe sempre o partido acima das individualidades e dos interesses regionais. Mas sigamos.
O problema não é a estupidez episódica, mas a mentira essencial. É preciso que o PT fabrique mentiras em penca sobre o governo FHC para que seu discurso se sustente. O partido sabe que, para o bem (freqüentemente) e para o mal (mais raramente), seguiu a política econômica que herdou. Até o comandante do Banco Central teve de ser pescado nas águas do adversário. A estabilidade econômica alcançada nos oito anos anteriores teve as suas exigências; as de Lula, em circunstâncias novas, foram outras.
Mas digamos que uma certa vigarice própria da disputa eleitoral o impedisse de reconhecer isso… O que dizer, no entanto, desta outra tese vigarista, segundo a qual Serra representaria “a volta” do governo FHC? Em primeiro lugar, “a volta” é, vocês sabem, impossível. Como impossível é a exata continuidade do que está em curso.
Uma honestidade intelectual mínima supõe reconhecer que Serra não é - e, a rigor, nunca foi - mera expressão do “FHCeísmo” (se isso existisse; nunca existiu porque FHC não é do tipo que cria cultura viciosa). Dilma até pode ser expressão do lulismo - já que não existe sem Lula (e Serra tem, convenham, existência autônoma), mas também cumpre reconhecer que não é Lula. A menos que prometa jamais governar, deixando a tarefa para o outro, terá de tomar as próprias decisões.
Os petistas acham a fórmula infalível: “Se falarmos que Dilma é Lula, tudo estará resolvido; aí basta dizer que Serra é FHC”. Far-se-á toda uma campanha eleitoral sustentada em duas mentiras? O eleitor gosta da sensação de votar em alguém que não existe pelas próprias pernas? Olhem aqui, independentemente de afinidades eletivas, espero que a fórmula não funcione; espero, antes de mais nada, que a mentira, que até os petistas sabem ser mentira, não funcione.
“A ministra (em breve, “candidata do PT”) Dilma Rousseff voltou a comparar o governo Lula com o do seu antecessor, FHC, e disse que…”
Lula quer disputar a quinta eleição contra seu antecessor, a sua obsessão. Já disputou quatro. A vantagem, por enquanto, é do tucano. Em 1994 e 1998, FHC venceu no primeiro turno. Em 2002, o candidato tucano era José Serra, mas a luta era contra… FHC. Deu segundo turno. Em 2006, o candidato tucano era Geraldo Alckmin, mas a luta era contra FHC de novo. Deu segundo turno outra vez. Lula quer uma quinta jornada. FHC, FHC, FHC…
Aliás, este é um cenário ideal para alguém reacionário como Lula, que faz o Brasil andar para trás - especialmente com a sua tara estatista, revelada ontem, mais uma vez, na posse de Samuel Pinheiro Guimarães, finalmente posto no lugar certo: a secretaria que batizei de “Sealopra”. A depender do petista, o Brasil fica congelado nesta disputa: Lula x FHC. Numa análise, vá lá, semiótica, pode-se dizer que o que dá sentido a Lula é aquele que ele elegeu como adversário eterno: FHC!!!
Lula precisa do olhar do seu adversário de estimação para que consiga se reconhecer. Mais informações, vocês podem obter com psicanalistas.
Por que isso tudo? Porque Dilma voltou com a cascata de que ela não é ela; ela é Lula. Para tanto, faz de conta que José Serra não é José Serra; ele seria FHC. Porque Dilma é, obviamente, uma invenção de Lula, é preciso criar o paralelo oposto: Serra seria uma extensão do ex-presidente. Tenho minhas dúvidas se isso funciona.
Muitos perguntam até com sinceridade: “Mas qual é o seu problema com o PT? Não há gente errada nos outros partidos?” Claro que há. A estupidez não é exclusividade de petistas. Longe disso. Há certo tipo de burrice, inclusive, muito rara no PT e muito freqüente em seus adversários. “Qual, Reinaldo?” Umbigocentrismo! Há mais idiotas umbigocêntricos na oposição do que no PT - que, no limite, põe sempre o partido acima das individualidades e dos interesses regionais. Mas sigamos.
O problema não é a estupidez episódica, mas a mentira essencial. É preciso que o PT fabrique mentiras em penca sobre o governo FHC para que seu discurso se sustente. O partido sabe que, para o bem (freqüentemente) e para o mal (mais raramente), seguiu a política econômica que herdou. Até o comandante do Banco Central teve de ser pescado nas águas do adversário. A estabilidade econômica alcançada nos oito anos anteriores teve as suas exigências; as de Lula, em circunstâncias novas, foram outras.
Mas digamos que uma certa vigarice própria da disputa eleitoral o impedisse de reconhecer isso… O que dizer, no entanto, desta outra tese vigarista, segundo a qual Serra representaria “a volta” do governo FHC? Em primeiro lugar, “a volta” é, vocês sabem, impossível. Como impossível é a exata continuidade do que está em curso.
Uma honestidade intelectual mínima supõe reconhecer que Serra não é - e, a rigor, nunca foi - mera expressão do “FHCeísmo” (se isso existisse; nunca existiu porque FHC não é do tipo que cria cultura viciosa). Dilma até pode ser expressão do lulismo - já que não existe sem Lula (e Serra tem, convenham, existência autônoma), mas também cumpre reconhecer que não é Lula. A menos que prometa jamais governar, deixando a tarefa para o outro, terá de tomar as próprias decisões.
Os petistas acham a fórmula infalível: “Se falarmos que Dilma é Lula, tudo estará resolvido; aí basta dizer que Serra é FHC”. Far-se-á toda uma campanha eleitoral sustentada em duas mentiras? O eleitor gosta da sensação de votar em alguém que não existe pelas próprias pernas? Olhem aqui, independentemente de afinidades eletivas, espero que a fórmula não funcione; espero, antes de mais nada, que a mentira, que até os petistas sabem ser mentira, não funcione.
Um comentário:
Que Dilma seja só um testa de ferro de Lula, nada nôvo. Mas esse papo de ficarem associando Serra a FHC, com a intenção de trazer à memória dos bolsistas e outros ingênuos alienados políticos, aquele período de manifestações petistas com o "Fora FHC", é uma das vigarices petistas, que sabem que o "Fora FHC" será lembrado embora nem saibam porque.Deve ser por isto que Serra, um político sério, já externou que se encheu de ouvir falar em candidatura. São tantos golpes baixos que alguém de bem não consegue ficar confortável mesmo. Quando alguém disse em uma determinada ocasião, que Lula tinha inveja de FHC e não é outra coisa!Acho que nem Freud explicaria.
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