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sábado, 17 de outubro de 2009

"Mensagem subliminar: Até onde ela nos afeta?"

Em entrevista exclusiva ao "Guia-me" (www.guiame.com.br), estudiosos como o ex-satanista Daniel Mastral falaram sobre o tema que frequentemente levanta questionamentos entre os cristãos

Por João Neto

No final da década de 80, uma polêmica surgida em torno da canção ''Ilariê'' trouxe problemas para o cantor de música baiana - atualmente convertido ao cristianismo - Cid Guerreiro. Rodando o disco que continha a música no sentido anti-horário, descobriram-se estranhos sons, apontados por muitas pessoas como vozes que invocavam demônios.
Em entrevista exclusiva ao "Guia-me", o músico baiano afirmou que tal boato desenvolveu em seu coração um ódio aos evangélicos, em razão do julgamento errôneo que sofreu por mais de uma década. No primeiro semestre de 2009, o compositor Regis Danese também foi acusado de introduzir mensagens subliminares demoníacas na canção ''Faz Um Milagre em Mim'', gravada em seu último álbum, "Compromisso".
A busca por conteúdos que possam atingir e prejudicar o homem, por meio de seu inconsciente, tornou-se frequente, especialmente entre cristãos. Além de discos e CD's, desenhos animados, filmes e até mesmo rótulos de refrigerantes são motivos de preocupação para muitos pais de crianças e jovens.
A reportagem do "Guia-me" pesquisou sobre o assunto e buscou saber com especialistas - pastores e estudiosos - qual o verdadeiro poder deste conteúdo na mente humana. Em entrevista exclusiva ao "Guia-me", o ex-satanista Daniel Mastral confirmou que as mensagens subliminares estão presentes de várias formas em muitos discos, desenhos animados, filmes e marcas. ''A mensagem subliminar, ou seja, abaixo do limiar de consciência, é resultante de um todo. Quanto mais elementos agregados, melhor será o resultado. Há acordes que promovem euforia, depressão, sensualidade etc. Ou seja, alteram comportamentos. Podem, inclusive, a médio prazo, alterar modelos de pensamentos, fabricando novos valores e conceitos. Distorcidos, evidentemente'', afirmou.
Porém, o pesquisador chamou a atenção para fatores que fogem à percepção de muitos cristãos atualmente. Segundo ele, este conteúdo que atinge o insconsciente e influencia a mente humana também pode estar presente dentro das próprias igrejas.
''Quero destacar que há coisas piores! Realizadas por falsos profetas. Mensagens emocionais, respaldadas na neurolinguística não podem causar grandes estragos? Não escravizam o povo? E quando alguém diz que você só será abençoado se der tanto para Deus ou levar o tal objeto ungido para casa, ou dizer que só em tal lugar você encontrará a formula mágica da libertação, da cura? Isso não é também demoníaco? Pois Jesus nos deu tudo pela graça. Ele não quer ritos, quer vida com Deus. Quem está cheio do Espírito Santo, detém imunidade contra estes vírus de morte que nos assolam'', alertou.
Herois
Além de mídias reprodutoras de música, Mastral falou sobre outra forma de conteúdo subliminar. Super heróis como Batman, Superman, Thor, podem alcançar grande prestígios entre as crianças e jovens por sua força e poder, mostrados nas histórias. Porém, o estudioso afrmou que a conduta e o estilo de vida de muitos destes personagens não são bons exemplos para nenhum ser humano. São homens solteiros, que flertam com muitas mulheres, mas não se casam com nenhuma delas.

Apesar do alerta transmitido, Daniel também esclareceu que a proteção contra esses malefícios está no cuidado que os pais têm em ensinar seus filhos a respeito dos verdadeiros valores cristãos. ''Meu filho, por exemplo, acaba por ver desenhos na escola. Mas o que temos ensinado a ele em casa, estribado em oração familiar, aconselhando em amor, demonstrando vida com Deus, tem feito ele mesmo separar o que é bom e o que não é bom. Ele não se interessa por jogos ou desenhos violentos, com mortes, sangue, coisas assim. Não precisamos fazer longos discursos a ele sobre isso. Apenas conversamos, explicamos, oramos, e dizemos que Deus não fez estas coisas, que isso é fora dos planos do Senhor. Deus é amor! Onde não há amor, Deus não está'', lembrou.
Disney
Acusada por pastores e famílias de implantar inúmeras mensagens sublimares demoníacas em suas produções, a Walt Disney Pictures surpreendeu a muitos com o lançamento de um de seus desenhos: ''O Príncipe do Egito''. A animação contava a história do personagem bíblico Moisés e foi elogiada pela crítica da época, devido à qualidade das imagens e beleza do roteiro. Porém, a preocupação e o medo de que com isso, a famosa produtora tivesse alguma estratégia maligna era inevitável na opinião de muitas pessoas.
Quando questionado a respeito deste perigo, Mastral assumiu que não percebeu nenhum tipo de ameaça vinda desta produção. ''Tudo está no controle de Deus. Se havia algo, Deus apagou. O desenho, até onde sei, não possui qualquer contaminação. É muito bonito e profundo. Nos faz refletir sobre os propósitos de Deus. Evidentemente que se alguém quiser achar algo que não existe, vai encontrar. É como ver uma nuvem e dizer que ela se parece com um dragão. A mente humana pode produzir muito engano, em especial as mais vazias'', ressaltou.
Ética paulina
Para o pastor da Igreja Presbiteriana de Vila Maria (SP), Cícero Ferraz, é necessário cautela ao discutir o assunto. Em depoimento ao "Guia-me", o ministro também graduado em psicanálise, assume que o tema precisa ser analisado, porém não deve receber mais atenção do que a necessária.
''Precisamos buscar uma visão centrada e equilibrada a respeito desses assuntos. Corremos um grande risco de mistificarmos as coisas e, por outro lado, coisificarmos o sagrado. O problema consiste em superestimarmos ou subestimarmos o mal. Quando corremos a carreira da fé, nessas vias opostas e extremas é possível que incorramos por um ou por outro lado, num erro de percepção. Talvez seja a maior crise pela qual a igreja passa: a crise de percepção'', alertou.
Baseando-se na primeira carta escrita pelo apóstolo Paulo aos Coríntios (Novo Testamento), Pr. Cícero pontua quatro questionamentos que devem direcionar o cristão quando este deparar-se com qualquer um desses materiais midiáticos. São eles: 1. ''É lícito, mas convém?'' (I Co. 10.23a); 2. ''Edifica minha vida?'' (I Co. 10.23b); 3. ''Posso dar graças a Deus por isso?'' (I Co. 10.30); 4. ''Glorifica a Deus?'' (I Co. 10. 31b). ''Creio que a ética paulina é uma boa lente pela qual podemos ler o assunto em pauta'', esclareceu.
Domínio próprio e sensibilidade foram outros dois fatores citados pelo reverendo Cícero como importantes no combate as más influências que tais conteúdos podem trazer os lares cristãos. Segundo o líder, deve haver um constante cuidado para que o mal não seja subestimado ou o emocional "satanizado''. ''Há o perigo de, se não observarmos os princípios da intenção e da associação, 'psicologizarmos' o mal, ou então 'satanizarmos' aquilo que é puramente emocional. A síntese é: 'Até quando que aquilo que me é psicológico abre frestas para o maligno? Até quando dou brechas para o diabo esfrangalhar as minhas emoções?'', propôs.
Convergindo em suas palavras com as de Daniel Mastral, Ferraz ressalta e embasa sua opinião quanto ao poder do conteúdo subliminar satânico na vida do ser humano. Segundo o ministro, a Bíblia Sagrada, na carta de Paulo aos Romanos chama a atenção do Homem para a importância de uma vida íntegra e na primeira epístola de João assegura proteção aos filhos de Deus (ambas no Novo Testamento). ''Toda a nossa vida deve ser um culto, cujas atitudes, pensamento, ações, devem subir ao céu como aroma suave (Rm. 12. 1,2). A Bíblia diz que quem é do Senhor 'o maligno não lhe toca' (I Jo. 5.18); que existe uma vida de fé que nos garante vitórias constantes ao nos confrontarmos com as armas de satanás (I Jo. 5.4)'', concluiu.

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