Deu no "Blog Reinaldo Azevedo:
“Mas os políticos e os partidos, afinal de contas, não são iguais? Não agem todos da mesma forma?” Caminharei para a resposta com uma pequena digressão.
A oposição vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral contra aquela lambança às margens do São Francisco, a que não faltaram uísque, camarão e acepipes variados. Por alguns instantes, imaginem FHC no lugar de Lula presidindo esse rega-bofe. A abordagem de boa parte do jornalismo seria preguiçosamente óbvia. De um lado, a população ribeirinha, pobre, mas cheia de esperanças; no outro, os nababos tucanos refestelando-se com camarões. Tudo sempre convergia, naqueles tempos, como sabemos, para uma versão chinfrim da luta de classes - ou do arranca-rabo, como eu costumava dizer. Agora não! Agora os petistas é que estão no lugar nos nababos. Mas deixo isso pra lá para tratar do principal.
Basta ler a Lei Eleitoral. Lula a violou de maneira miserável. O TSE vai tomar alguma providência? Não sei. A Justiça Eleitoral tem sido bastante severa com governadores e vereadores. Será que severidade com o presidente da República é coisa que não se deve ter? Pega mal? É o que vamos ver. Em sua própria defesa, o presidente atacou as oposições, que, segundo ele, falam muito e fazem pouco. Este é Lula; este é o seu partido.
Lembro que não foi só a Justiça Eleitoral a padecer as piores afrontas. O demiurgo também malhou o Tribunal de Contas da União e o Judiciário - e Dilma Rousseff, sua candidata, reforçou as críticas. Essas instâncias da República seriam as responsáveis pelo atraso escandaloso das obras do PAC à medida que apontam irregularidades e sugerem providências. A eficiência do lulo-petismo está em não ser vigiado por ninguém e em não ter limites de qualquer natureza. O próprio recurso da oposição virará motivo de proselitismo. Lula vai dizer que ela tenta impedi-lo de governar porque está com medo. E sua fala será reproduzida por aí, e os criticados serão convocados a contra-argumentar, transformando-se, então, a reação apenas num gesto de defesa.
Então voltemos lá à pergunta inicial. Sustentar que assim fazem todos é puro rigor dos vigaristas, que não abrem mão da vigarice nem mesmo diante da evidência de que há diferenças importantes entre este governo e os que o antecederam - refiro-me à fase democrática.
Que governo, antes, atacou de maneira tão frontal e direta um outro Poder da República e o TCU? A rigor, eu diria que nem mesmo o Primeiro Lula poder ser igualado ao Segundo Lula. Está começando a ficar claro que o uso da máquina para se reeleger terá sido um elogio do rigor legal perto do aparato que está sendo mobilizado para tentar emplacar o nome de Dilma. Explica-se, não? Lula tinha rodinhas; Dilma, por enquanto, pesa muito e não tem alça. Ou vai nos ombros do presidente ou não sai do lugar.
É claro que isso degrada as instituições, não é? Seu sucessor ou sucessora pode tomar o cuidado de devolver as coisas para o seu leito; mas também pode decidir avançar sempre mais um pouco, pegando de onde ele largou. Não é um bom futuro. Lula, já escrevi aqui, não usa a sua formidável popularidade para fortalecer a democracia, mas para torná-la mais dependente dos arroubos pessoais do mandatário.
Em seu delírio de potência, nada escapa. A agressão troglodita à direção da Vale demonstra que temos uma alma de soberano absolutista contido pelas leis. Se não pode fazer como Chávez, que as muda a seu bel-prazer, parece nos dizer que nada nem ninguém podem impedi-lo de transgredi-las. Afinal, ele foi eleito pelo povo e tem a aprovação da maioria.
Chegamos, assim, a um dos entendimentos que esses neoabsolutistas têm das urnas: eles se submetem, temporariamente, ao crivo democrático para tentar sabotar as regras da democracia que garantem a permanência do regime. Se este deixa de ser o modelo das leis para ser o do soberano - seja um homem ou um partido -, já não é mais democracia.
Lamento por aqueles que vivem buscando congruências entre o que temos e o que tivemos com o propósito de justificar seu adesismo, sua covardia ou sua ignorância. Não estamos diante de mais do mesmo, não! Sarney entregou o poder a Collor; Collor o entregou, no porrete, ao Congresso (e a Itamar); estes o entregaram a FHC, que o entregou a Lula. E Lula deixa claro que considera inadmissível entregá-lo a quem não seja do “partido”.
É por isso que Dona Dilma Rousseff voltou ontem com a cascata de que a vitória da oposição significaria um retrocesso. Para esses iluminados, alternância de poder é atraso. Alternância de poder é coisa do tempo em que a democracia era um valor. Agora não é mais.
É isto: a melhor indagação a fazer à turma do “é tudo igual”, é esta: “Fulano, você é adesista, covarde ou burro?”.
A oposição vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral contra aquela lambança às margens do São Francisco, a que não faltaram uísque, camarão e acepipes variados. Por alguns instantes, imaginem FHC no lugar de Lula presidindo esse rega-bofe. A abordagem de boa parte do jornalismo seria preguiçosamente óbvia. De um lado, a população ribeirinha, pobre, mas cheia de esperanças; no outro, os nababos tucanos refestelando-se com camarões. Tudo sempre convergia, naqueles tempos, como sabemos, para uma versão chinfrim da luta de classes - ou do arranca-rabo, como eu costumava dizer. Agora não! Agora os petistas é que estão no lugar nos nababos. Mas deixo isso pra lá para tratar do principal.
Basta ler a Lei Eleitoral. Lula a violou de maneira miserável. O TSE vai tomar alguma providência? Não sei. A Justiça Eleitoral tem sido bastante severa com governadores e vereadores. Será que severidade com o presidente da República é coisa que não se deve ter? Pega mal? É o que vamos ver. Em sua própria defesa, o presidente atacou as oposições, que, segundo ele, falam muito e fazem pouco. Este é Lula; este é o seu partido.
Lembro que não foi só a Justiça Eleitoral a padecer as piores afrontas. O demiurgo também malhou o Tribunal de Contas da União e o Judiciário - e Dilma Rousseff, sua candidata, reforçou as críticas. Essas instâncias da República seriam as responsáveis pelo atraso escandaloso das obras do PAC à medida que apontam irregularidades e sugerem providências. A eficiência do lulo-petismo está em não ser vigiado por ninguém e em não ter limites de qualquer natureza. O próprio recurso da oposição virará motivo de proselitismo. Lula vai dizer que ela tenta impedi-lo de governar porque está com medo. E sua fala será reproduzida por aí, e os criticados serão convocados a contra-argumentar, transformando-se, então, a reação apenas num gesto de defesa.
Então voltemos lá à pergunta inicial. Sustentar que assim fazem todos é puro rigor dos vigaristas, que não abrem mão da vigarice nem mesmo diante da evidência de que há diferenças importantes entre este governo e os que o antecederam - refiro-me à fase democrática.
Que governo, antes, atacou de maneira tão frontal e direta um outro Poder da República e o TCU? A rigor, eu diria que nem mesmo o Primeiro Lula poder ser igualado ao Segundo Lula. Está começando a ficar claro que o uso da máquina para se reeleger terá sido um elogio do rigor legal perto do aparato que está sendo mobilizado para tentar emplacar o nome de Dilma. Explica-se, não? Lula tinha rodinhas; Dilma, por enquanto, pesa muito e não tem alça. Ou vai nos ombros do presidente ou não sai do lugar.
É claro que isso degrada as instituições, não é? Seu sucessor ou sucessora pode tomar o cuidado de devolver as coisas para o seu leito; mas também pode decidir avançar sempre mais um pouco, pegando de onde ele largou. Não é um bom futuro. Lula, já escrevi aqui, não usa a sua formidável popularidade para fortalecer a democracia, mas para torná-la mais dependente dos arroubos pessoais do mandatário.
Em seu delírio de potência, nada escapa. A agressão troglodita à direção da Vale demonstra que temos uma alma de soberano absolutista contido pelas leis. Se não pode fazer como Chávez, que as muda a seu bel-prazer, parece nos dizer que nada nem ninguém podem impedi-lo de transgredi-las. Afinal, ele foi eleito pelo povo e tem a aprovação da maioria.
Chegamos, assim, a um dos entendimentos que esses neoabsolutistas têm das urnas: eles se submetem, temporariamente, ao crivo democrático para tentar sabotar as regras da democracia que garantem a permanência do regime. Se este deixa de ser o modelo das leis para ser o do soberano - seja um homem ou um partido -, já não é mais democracia.
Lamento por aqueles que vivem buscando congruências entre o que temos e o que tivemos com o propósito de justificar seu adesismo, sua covardia ou sua ignorância. Não estamos diante de mais do mesmo, não! Sarney entregou o poder a Collor; Collor o entregou, no porrete, ao Congresso (e a Itamar); estes o entregaram a FHC, que o entregou a Lula. E Lula deixa claro que considera inadmissível entregá-lo a quem não seja do “partido”.
É por isso que Dona Dilma Rousseff voltou ontem com a cascata de que a vitória da oposição significaria um retrocesso. Para esses iluminados, alternância de poder é atraso. Alternância de poder é coisa do tempo em que a democracia era um valor. Agora não é mais.
É isto: a melhor indagação a fazer à turma do “é tudo igual”, é esta: “Fulano, você é adesista, covarde ou burro?”.
Um comentário:
Eu fico enojada com esse papo de "retrocesso", se a oposição voltar. Retrocesso de que?? Fico me lembrando de quando o PT fez campanha na Bahia utilizando desta mesma estratégia, ameaçando o povo de que se deixassem os carlistas continuar, a vida dos baianos estariam perdida, etc e tal. Agora, com um petista, realmente as coisas mudaram, só que prá muuuiito pior. Esta neura de Lula e seus seguidores, querendo fazer crer que sem Lula não há salvação, já tá virando piada. Eles acham que sair gastando à rôdo, sempre no sentido de arrebanhar seguidores, sem investir concretamente, gerando emprêgos e qualidade de vida prá TODOS, é o correto. Aliás, Lula sempre disse que estaria sossegado no dia em que todos pudessem "cumê" 3 vezes por dia. Ele já está satisfeito. Não importa a saúde, a educação e principalmente a segurança, se o "estomo estiver cheio". Meu Brasil está assim hoje. Vamos mudá-lo!
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