Está no "Blog de Reinaldo Azevedo":
Por oito votos a um, acaba de cair, definitivamente, a obrigatoriedade de diploma de jornalista para o exercício da profissão. O relator da matéria foi o ministro Gilmar Mendes, cujo voto foi seguido por Carmen Lucia, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello. Marco Aurélio de Mello votou pela manutenção da obrigatoriedade. Menezes Direito e Joaquim Barbosa não participaram da sessão. Sou um admirador do trabalho do ministro Marco Aurélio. Não conheço detalhes do seu voto. Estou certo de que ele encontrou bons argumentos para uma causa ruim.
Nem me importa tanto se a obrigatoriedade do diploma deriva do Regime Militar. Nem toda lei daquele período reproduz o autoritarismo do regime. Acho esse argumento fraco. O que me parece evidente é que a obrigatoriedade atenta contra a liberdade de expressão - e, pois, contra um princípio constitucional. Se um economista sabe escrever, sabe ser claro, sabe se fazer entender pelo leitor, por que não pode escrever sobre economia - ou, sei lá eu, sobre música caso tenha habilidade para tanto? Conheço diplomados que são grandes jornalistas. E sei de outros que ficariam bem com uma ferradura, carregando uma carroça de obviedades e preguiça. Também os conheço sem diploma - às vezes, diploma nenhum! - que são mestres no ofício. É óbvio que o papelucho não faz o bom jornalista. É óbvio que não se aprende a ser jornalista na faculdade.
O jornalismo, ademais, só tem a ganhar - e, se houver inteligência, as escolas de jornalismo também. Hoje em dia, como regra, tornaram-se verdadeiras madraçais (sei que se escreve “madrassas” por aí, mas o dicionário só registra “madraçal”) do baixo proselitismo ideológico e, curiosamente, do ódio à imprensa. Não raro, gente que nunca pisou na redação de um grande jornal ou de uma grande revista - ou que não conseguiu conquistar a posição que almejava nesses lugares —, abraçada a seu ressentimento, abraçada a seu rancor, destila preconceitos contra o que chama “mídia”. Em suma: depois de devidamente deseducados, os jornalistas formados têm de ser educados para o trabalho.
Mais: até agora, o curso de jornalismo não definiu o seu objeto. É um verdadeiro tico-tico no fubá: um pouco de semiologia, um pouco de língua portuguesa, um pouco de filosofia, um tantinho de “estudo crítico da mídia” e muito de proselitismo. Ou se reinventam e passam a lidar com as demandas da sociedade - em vez de responder a igrejas ideológicas - ou fecham as portas.
O STF está de parabéns. Restaram a Fenaj e a ABI na luta pela obrigatoriedade do diploma. Eis, de fato, duas defensoras da profissão!!! Quando a Petrobras, há dias, resolveu afrontar o bom senso e o decoro e vazar questões enviadas por jornalistas antes da publicação das reportagens, a primeira se calou e ainda fez praça de um plano de previdência privada com a Petros - da Petrobras. A outra não apenas se calou sobre a agressão à profissão como engrossou uma manifestação pública contra a CPI, que é uma prerrogativa constitucional do Congresso. Com o patrocínio publicitário da… Petrobras.
Não espanta que defendam a obrigatoriedade do diploma. Essa gente descobriu as delícias do jornalismo cartorial.
Nem me importa tanto se a obrigatoriedade do diploma deriva do Regime Militar. Nem toda lei daquele período reproduz o autoritarismo do regime. Acho esse argumento fraco. O que me parece evidente é que a obrigatoriedade atenta contra a liberdade de expressão - e, pois, contra um princípio constitucional. Se um economista sabe escrever, sabe ser claro, sabe se fazer entender pelo leitor, por que não pode escrever sobre economia - ou, sei lá eu, sobre música caso tenha habilidade para tanto? Conheço diplomados que são grandes jornalistas. E sei de outros que ficariam bem com uma ferradura, carregando uma carroça de obviedades e preguiça. Também os conheço sem diploma - às vezes, diploma nenhum! - que são mestres no ofício. É óbvio que o papelucho não faz o bom jornalista. É óbvio que não se aprende a ser jornalista na faculdade.
O jornalismo, ademais, só tem a ganhar - e, se houver inteligência, as escolas de jornalismo também. Hoje em dia, como regra, tornaram-se verdadeiras madraçais (sei que se escreve “madrassas” por aí, mas o dicionário só registra “madraçal”) do baixo proselitismo ideológico e, curiosamente, do ódio à imprensa. Não raro, gente que nunca pisou na redação de um grande jornal ou de uma grande revista - ou que não conseguiu conquistar a posição que almejava nesses lugares —, abraçada a seu ressentimento, abraçada a seu rancor, destila preconceitos contra o que chama “mídia”. Em suma: depois de devidamente deseducados, os jornalistas formados têm de ser educados para o trabalho.
Mais: até agora, o curso de jornalismo não definiu o seu objeto. É um verdadeiro tico-tico no fubá: um pouco de semiologia, um pouco de língua portuguesa, um pouco de filosofia, um tantinho de “estudo crítico da mídia” e muito de proselitismo. Ou se reinventam e passam a lidar com as demandas da sociedade - em vez de responder a igrejas ideológicas - ou fecham as portas.
O STF está de parabéns. Restaram a Fenaj e a ABI na luta pela obrigatoriedade do diploma. Eis, de fato, duas defensoras da profissão!!! Quando a Petrobras, há dias, resolveu afrontar o bom senso e o decoro e vazar questões enviadas por jornalistas antes da publicação das reportagens, a primeira se calou e ainda fez praça de um plano de previdência privada com a Petros - da Petrobras. A outra não apenas se calou sobre a agressão à profissão como engrossou uma manifestação pública contra a CPI, que é uma prerrogativa constitucional do Congresso. Com o patrocínio publicitário da… Petrobras.
Não espanta que defendam a obrigatoriedade do diploma. Essa gente descobriu as delícias do jornalismo cartorial.
10 comentários:
Olhe que eu nunca me importei se o que eu gosto de ler e que me prende a atenção, principalmente quando bem escrito,com conteúdo, é obra de algum "diplomado" ou não. Competência, criatividade e ética não se aprende numa faculdade. É um dom,acho.Parabéns para os bons profissionais do ramo, formados ou não! Estes continuarão tendo as portas abertas prá desenvolverem seus trabalhos. Mariana
Segundo Reinaldo Azevedo, "a obrigatoriedade atenta contra a liberdade de expressão". Como assim contra a liberdade de expressão? Em um contexto virtual, repleto de blogs, sites de relacionamentos em que é mais do que constatado que as pessoas se expressam livremente? Acho que esse argumento não vale. Eu leio jornal, sites, escuto rádio todos os dias, e vejo as pessoas, ouvintes, leitores, jornalistas ou não, se expressarem nos rádios, nos jornais, nos blogs, por cartas, e-mails, etc. E é justamente este contexto mais aberto à liberdade de expressão, que chega a ser escancarado, que exige mais responsabilidade para informar. Tem-se que informar bem e com responsabilidade. E isso se aprende na faculdade sim.
Mais adiante, segundo Reinaldo, "Se um economista sabe escrever, sabe ser claro, sabe se fazer entender pelo leitor, por que não pode escrever sobre economia". Bem, para isso existem os articulistas em jornais, e as fontes, que são especialistas. Os articulistas escrevem em jornais, e não são jornalistas, e mesmo assim têm espaço para isso. Mais do que isso, as fontes usadas nas reportagens, critério de noticiabilidade que é, também, uma questão ética da profissão, também são especialistas e testemunhas dos fatos. Por isso, acho que esse argumento também não vale.
Assim como Reinaldo Azevedo, também conheço jornalistas sem diploma que foram grandes profissionais. Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Joel Silveira, preciso citar mais? Mas o contexto é outro, e a informação hoje é um dos bens mais preciosos. O argumento de que um jornalista, antes de ter diploma, tem que ser inteligente, culto, e saber escrever, é pouco. Qual profissão não exige essas características? Existe alguma que exige o contrário? Um médico com pouco conhecimento, raso, por algum acaso, vai longe na sua profissão? O fato é que informação é mercadoria de luxo, e a mídia, assim como todas as outras profissões, exige especialização e profissionais responsáveis e bem formados para informar com qualidade. Não se trata de ser especialista, inteligente e bem articulado. A questão é saber informar.
Um economista que saiba articular bem, não é suficiente para ser jornalista. O fato de ele ser um especialista não o torna apto a exercer a profissão desde que o jornalista, para reportar, deve aprender regras como: não adjetivar tanto; não ter vícios, como o gerúndio; apesar de não acreditar na imparcialidade, em algumas ocasiões, o jornalista deve tentar o máximo se manter neutro; deve entrevistar o máximo de fontes (especialistas) possíveis, ou seja, não basta ser especialista, tem que ser ético e ouvir outros especialistas ou testemunhas do fato, deixar que as fontes falem o que sabem, o que viram, ou seja, saber dos critérios de noticiabilçidade, que a faculdade ensina. Além disso, devem saber escrever um lead. E mesmo que a intenção de subverter o lead, deve-se aprender a usá-lo.
Eduardo César - Estudante de jornalismo
Eduardo, você tem que comer muito feijão com arroz para refutar Reinaldo Azevedo apropriadamente. Seu texto até que é grandinho, porém apenas exala despeito de estudante de jornalismo que ainda não se formou, mas sente que será prejudicado pelo fim da obrigatoriedade do diploma que pretende ter. Além disso, não sobra nenhum argumento que refute o grande Reinaldo.
Reflita... talvez você nunca confesse, mas no fundo sabe que é isso mesmo.
Entendo sua vontade em defender a escolinha de jornalismo e o diploma, afinal, está aí pastando pra conseguir um. Porém, o leitor tem muito mais a ganhar com essa liberação, que permite que grandes profissionais atuem sem estar fora da lei, do que restringindo a área a um grupinho de fedelhos com canudo embaixo do braço, que pensam que sabem tudo.
É comum a informação ser melhor tratada e menos distorcida quando é dada por grandes jornalistas sem diploma, mas com opinião e coragem para dizer a verdade, que quando é deixada nas mãos de calças curtas que passaram 4 anos sofrendo lavagem cerebral esquerdista nas faculdades.
A profissão de jornalista não é tão complicada e misteriosa quanto você quer fazer parecer, Eduardo. Um economista que saiba articular bem é mais suficiente para ser um jornalista do que um diplomado sem o que dizer.
Thomas, concordo com tuuudo o que voce disse.O nosso amigo do andar de cima sabe que mesmo com diploma nas mãos,se não for bom, vai se danar,mesmo.Os empresários vão continuar filtrando e só empregarão os melhores e com certeza,os Reinaldos Azevedos da imprensa continuarão trabalhando e fazendo sucesso.Mariana
Thomas, obrigado pelas ofensas. Mas não irei retribuí-las. Elas são dignas de um Reinaldo Azevedo, que eu questiono muito à vontade. Bem, eu mostrei por A + B que ele está errado, e você, não disse em que momento eu me equivoquei. Você disse que eu estou pastando para conseguir um diploma... Bem, molecagem sua à parte, a questão é que não vai mudar nada. Repito, pois há articulistas que não são jornalistas e escrevem a respeito de suas áreas. E são muitos, e que também não estão fora da lei, pois o espaço para artigos, geralmente é ocupado por economistas, médicos, padres, etc. E não é errado. Além do mais, as fontes também são especialistas. É preciso saber reportar, coisa que nem Reinaldo Azevedo sabe fazer, o que me levar a dizer que trata-se de um mal jornalista, que não vai à rua, e não usa fontes. Então, não me venha com essa. E evite as ofensas. Você, pelo visto, não tem munição para tal. Ofende, mas não é capaz de argumentar.
Eduardo César - Estudante de Jornalismo
“A profissão de jornalista não é tão complicada e misteriosa quanto você quer fazer parecer, Eduardo. Um economista que saiba articular bem é mais suficiente para ser um jornalista do que um diplomado sem o que dizer.”
Thomas, se você é jornalista, sabe que não trata-se de articulação. Articulistas não precisam ser jornalistas, sim, e hoje em dia isso já acontece. Mas, reportar é outra coisa, e a atividade máxima do jornalismo esta nas redações, ou melhor, nas ruas, no ato de fazer reportagens. E pra reportar, tem que saber entrevistar, saber usar as fontes, saber usar o lead, mesmo que para subvertê-lo, saber não adjetivar, etc. um economista por sim ser um ótimo articulista, mas jamais será um bom repórter. Me surpreende a sua opinião, nos dias de hoje. A atividade de jornalista não é tão simples assim. Ela é mais importante do que você julga saber.
Eduardo César - Estudante de jornalismo
O dono do blog não vai liberar minhas respostas às ofensas de Thomas?
Eduardo, não houve ofensas, portanto você não poderia retribuí-las ainda que quisesse. No entanto, dizer que minhas palavras são dignas de um Reinaldo Azevedo, a mim me soa como elogio. E nesse caso, eu é que te digo obrigado. Quanto ao seu A + B, acho que há uma falha lógica no seu pensamento. Contrapor uma opinião com outra opinião divergente não forma um silogismo, como você quer fazer parecer. Noto que você ainda não deu Lógica I, não é? Rárárá!
Não encare o pastar como uma ofensa, pois não faz sentido. Usei pastar no sentido de ficar 4 anos sentadinho lá na cadeira, sem ganhar tanta coisa quanto pensa que está ganhando. Se você encara como molecagem, não tem importância pra mim. Acho mais "molecagem" (coisa de moleque), fazer um comentário e assinar como "Estudante de jornalismo", como se isso te conferisse alguma autoridade. Aliás, um princípio bem falacioso. Mas é assim que funciona certas mentes, na falta de argumento, usam até uma pseudo-autoridade no assunto como prova. De resto, o que você "desagua" (por favor, não se ofensa, ou vou te tomar por um menino melindroso) aqui, é a pouca teoria que você assimilou até agora. E, arrisco dizer, esse pequeno arcabouço de que você se vangloria, te fará muito menos jornalista do que um Reinaldo Azevedo ou mesmo um Dimas Oliveira, autor desse Blog. No mais, pode ficar aí gritando pênalti e sentido-se ofendido. É tática velha, e eu já conheço. Não cola.
Estou aqui rindo da sua assinatura: "Eduardo Cezar, estudande de jornalismo". Imagino você na escolinha, mandando cartinhas pra um jornal e assinando "Eduardo Cezar, estudante do prezinho". E como diria o grande Reinaldo Azevedo: Rá rá rá!
P.S: Não precisa comer capim na sala de aula só porque eu disse que você está pastando na faculdade... não seja tão sugestionável.
Assim como o tio Rei, vou te dar aulinha de gramática também: mal jornalista não existe. Seria mau jornalista. Dica simples: bom/mau, bem/mal.
Você é um mau aluno de portuguê e maus alunos de português não costumam dar bons jornalistas. Sem ofensas, só desejo seu crescimento profissional (rá rá rá!
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