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domingo, 19 de agosto de 2007

"O Brasil é isso mesmo que está aí"

Ensaio de Roberto Pompeu de Toledo, na revista "Veja", que está nas bancas:
Os distraídos talvez ainda não tenham percebido, mas o Brasil acabou. Sinais disso foram se acumulando, nos últimos meses: a falência do Congresso e de outras instituições, a inoperância do governo, a crise aérea, o geral desarranjo da infra-estrutura. A esses fatores, evidenciados por acontecimentos recentes, somam-se outros, crônicos, como a escola que não ensina, os hospitais que não curam, a polícia que não policia, a Justiça que não faz justiça, a violência, a corrupção, a miséria, as desigualdades. Se alguma dúvida restasse, ela se desfaz no parecer autorizado como poucos de um Fernando Henrique Cardoso, cujas credenciais somam oito anos de exercício da Presidência da República a mais de meio século de estudo do Brasil. "Que ninguém se engane: o Brasil é isso mesmo que está aí", declara ele, numa reportagem de João Moreira Salles na revista Piauí.
Ora, direis, como afirmar que o Brasil acabou? Certo perdeste o senso, pois, se estamos todos ainda morando, comendo, dormindo, pagando as contas, indo às compras, nos divertindo, sofrendo, amando e nos exasperando num lugar chamado Brasil, é porque ele ainda existe. Eu vos direi, no entanto, que, quando acaba a esperança, junto com ela acaba a coisa à qual a esperança se destinava. É à esperança no Brasil que o sociólogo-presidente se refere. Para ele, o Brasil jamais conhecerá um crescimento como o da China ou o da Índia. "Continuaremos nessa falta de entusiasmo, nesse desânimo", diz. O prognóstico é tão mais terrível quanto coincide com - e reforça –-o sentimento que ultimamente tomou conta mesmo de quem não é sociólogo nem nunca conheceu por experiência própria os mecanismos de governo e de poder.
O Brasil que "é isso mesmo" é o das adolescentes grávidas e dos adolescentes a serviço do tráfico, das mães que tocam lares sem marido, das religiões que tomam dinheiro dos fiéis, dos recordes mundiais de assassinatos e de mortos em acidentes automobilísticos, dos presos que comandam de suas células o crime organizado, dos trabalhadores que gastam três horas para ir e três horas para voltar do trabalho, das cidades sujas, das ruas esburacadas.
Procura-se o governo e... não há governo. Há muito que nem o presidente, nem os governadores, nem os prefeitos mandam. Quem manda é a trindade formada pelas corporações, máfias e cartéis. Não há governo que se imponha a corporações como a dos policiais, ou a dos professores, ou a dos funcionários das estatais. Não há o que vença as máfias dos políticos craques em arrancar para seus apaniguados cargos em que possam distribuir favores e roubar. Para enfrentar - ou, humildemente, tentar enfrentar - cartéis como o das companhias aéreas, só em época em que elas estão fragilizadas, como agora. Às vezes os cartéis se aliam às máfias, em outras se transmudam nelas. Em outras ainda são as corporações que, quando não se aliam, se transformam em máfias. Em todos os casos, o interesse público, em tese corporificado pelos governos, não é forte o bastante para dobrar os fragmentados interesses privados.
A tais males soma-se o cinismo. Não há outra palavra para descrever o projeto, supostamente de fidelidade partidária, aprovado na semana passada na Câmara. O projeto, muito ao contrário de punir ou coibir os trânsfugas, perdoa-lhes o passado e garante-lhes o futuro. Quanto ao passado, estão anistiados os parlamentares que trocaram de partido e que por isso, no entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, deveriam perder o mandato. No que concerne ao futuro, o projeto estabelece que a cada quatro anos os parlamentares terão folga de um mês na regra da fidelidade partidária, pois ninguém é de ferro, e estarão abertos a negócios e oportunidades. Estamos diante de uma das mais originais contribuições da imaginação brasileira ao repertório universal de regras político-eleitorais. Para concorrer a uma eleição, o candidato deve estar filiado a um partido há pelo menos um ano. Mas, segundo o projeto, no mês que antecede a esse ano de jejum o candidato pode trocar o partido pelo qual foi eleito por outro. Como a eleição é sempre em outubro, esse mês será o setembro do ano anterior. Eis o Carnaval transferido para setembro. O projeto é uma esposa compreensiva que, no Carnaval, libera o marido para a gandaia.
FHC não era tão descrente. No parágrafo final do livro A Arte da Política, em que rememora os anos de Presidência, escreveu: "Se houve no passado recente quem empunhasse a bandeira das reformas, da democracia e do progresso, não faltará quem possa olhar para a frente e levar adiante as transformações necessárias para restabelecer a confiança em nós mesmos e no futuro desse grande país". Na reportagem da revista Piauí, ele não poupa nem seu próprio governo: "No meu governo, universalizamos o acesso à escola, mas pra quê? O que se ensina ali é um desastre". Pálidos de espanto, como no soneto de Bilac, assistimos à desintegração da esperança na pátria, o que equivale a dizer que é a pátria mesma que se desintegra aos nossos olhos
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2 comentários:

Anônimo disse...

19/08/2007 - 12:10
PROFESSORES DO ESTADO ESTÃO ÓRFÃOS

www.bahiaja.com.br
Tasso Franco


Até a última eleição majoritária na Bahia, em 2006, a categoria dos professores da rede estadual de ensino, nos níveis médio e universitário, alinhava-se, na política, com as lideranças do PC do B e do PT, na esperança de que, esses partidos quando chegassem ao poder máximo no Estado revissem as questões dos seus minguados salários.

Os professores, ao longo dos anos, incentivados por esses líderes, sempre colocaram em pauta ajustes acima da inflação visando assegurar perdas históricas em seus salários, a deteriorização do poder de compra, a humilhação nas salas de aula, entre outros.

Chegou-se, nos governos do então PFL, a propor reposições de até 84% nos salários, tese amplamente defendida pelas lideranças do PC do B e do PT.

Nas últimas eleições, finalmente, o PT chegou ao poder, com Jaques Wagner governador e Edmundo Pereira, do PMDB, na vice. O PC do B também se sentiu no poder na medida em que participou da coligação que elegeu Wagner/Edmundo.

E, desde então, a categoria dos professores achou ou entendeu que a sua situação salarial iria se modificar, os tais ganhos das perdas acumuladas seriam resolvidos e, assim, iniciou-se o ano de 2007, com essa expectativa, inclusive animada com as declarações do indicado secretário da Educação, Adeun Sauer, até mesmo antes de assumir o cargo, de que a educação seria prioritária, democratica e coisa e tal.

Mas, o que se viu ao longo desses últimos meses foi uma quebra-de-braço entre o governo do Estado e a categoria dos professores, até agora, sem que houvesse um ganho real acima do que foi aprovado pela Mesa Central de Negociações e pela Assembléia Legislativa, reajustes que variam de 4.5% a 17.28%, parcelados, o que só levará a categoria a perceber o salário mínimo (professor de nível médio) em novembro deste ano.

Duas greves violentas desmantelaram a prioridade do ensino. A primeira, dos professores do segundo grau; e, a segunda, dos professores das universidades estaduais. Em ambas, os adjetivos lançados contra o governo e o governador Wagner foram de "autoritário", "desrespeitoso", "traidor", "enganador", entre outros.

Ou seja, houve uma quebra de confiança entre a categoria e o governo do PT/PCdoB, os professores se sentiram traidos e, hoje, encontram-se órfãos na medida em que consideram que o atual governo se assemelha ao do PFL, com as mesmas práticas em relação às reivindicações da categoria.

E agora, para onde irão os professores em termos políticos, em 2010?

Essa é a pergunta que se faz, no momento, no meio político, entendendo-se que se houve uma quebra de confiança com o governo Wagner, a categoria o abomina, pelo menos 80% dos professores, e não marchará com o PT na próxima eleição. Ao contrário, fará oposição.

Mas, para onde essa categoria se deslocaria?

Para o Democratas é pouco provável, pois, historicamente sempre foi contrária a esse grupo. Para o PMDB também parece pouco provável na medida em que o PMDB é coadjuvante do PT e, em sendo assim, é tudo farinha do mesmo saco quando se tratam das reivindicações dos professores: PT,PCdoB,PMDB e DEM são (na tese dos professores) todos iguais.

Para o PSB da deputada Lídice da Mata é um caminho, mas, este partido não tem força para lançar um candidato a governador, em 2010, salvo se Lídice eleger-se prefeita de Salvador, em 2008. O PSB faz parte da coligação com o PT, mas, se finge de morto. Só quer os ganhos, se preserva ao máximo e não entra nesse tipo de debate.

Poderá, portanto, em 2010, abraçar o professor e ser abraçado por essa categoria, ainda que, não venha a ter perspectiva alguma com esse partido, no futuro.

A rigor, hoje, a categoria dos professores encontra-se orfã, a procura de alguém que garanta resolver as suas questões salariais.

Obviamente que, Wagner, ainda com três anos de governo pela frente, poderá modificar suas relações com os professores. Garante que vai "resgatar a qualidade da educação por meio de investimentos na rede física, com um novo projeto pedagógico e na melhoria e qualificação dos recursos humanos".

Mas, nesse momento, até que pomova algo nessa direção, na prática, nenhum professor; nem pai de aluno; nem aluno acredita nisso.

Anônimo disse...

RELÓGIO DA MENTIRA???????

Um cidadão morreu e foi para o céu.
Enquanto estava em frente a São Pedro nos Portões Celestiais, viu uma enorme parede com relógios
atrás dele.
Ele perguntou:
- O que são todos aqueles relógios?
São Pedro respondeu:

São Relógios da Mentira. Todo mundo naTerra tem um Relógio da
Mentira.

Cada vez que você mente os ponteiros se movem mais rápido.

- Oh!! - exclamou o cidadão

- De quem é aquele relógio ali?

- É o de Madre Teresa. Os ponteiros nunca se moveram, indicando que ela nunca mentiu.

- E aquele, é de quem?

- É o de Abraham Lincoln. Os ponteiros só se moveram duas vezes,
indicando que ele só mentiu duas vezes em toda a sua vida.

- E o Relógio do Lula , também está aqui?

- Ah! O do Lula está na minha sala.

- Ué - espantou-se o cidadão. Por quê?

E São Pedro, rindo, respondeu:

- ESTOU USANDO COMO VENTILADOR DE TETO.