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quarta-feira, 4 de março de 2015

BRT: Entre a desinformação e a má fé

Por Jorge Magalhães
Você aí, meu bom operário, pai de família ou dona de casa zelosa, que acorda às seis da matina para se preparar para enfrentar o batente, que tem  de se deslocar de casa para um ponto de ônibus cujo horário de passagem é incerto;  rezar para que o trânsito esteja livre, sem engarrafamento, que as sinaleiras estejam todas abertas para chegar na hora H e não receber o sermão do patrão por chegar mais uma vez atrasado no trabalho,  acha que a sua vida melhoraria com a opção de um transporte livre destes inconvenientes?
E você, meu jovem ou minha jovem estudante, depositários do futuro desta cidade, deste estado, deste país, que também rala com a cara nos livros na esperança de um dia ser alguém, o que me diz de contar com um transporte público moderno, com horário programado com a precisão de uma central de computadores; que faça todo o trajeto até o ponto mais próximo da sua escola numa via expressa, exclusiva para este modal, sem nenhum obstáculo que venha a embargar a sua chegada à sala de aula, que tem a nos falar sobre esta ideia?
Se você (a semelhança de usuários de transportes públicos de várias capitais do Brasil, a exemplo de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, além de algumas grandes metrópoles europeias que copiaram esta excelente alternativa de transporte de massa)   achar que sim, que este é um projeto que vai melhorar a sua locomoção e facilitar a sua vida, saiba que, mesmo com os bons resultados alcançados e já comprovados nesses grandes centros mundo afora, em Feira de Santana, só em acreditar na sua exequibilidade, você estará sendo tachado pelos profetas do Apocalipse, simplesmente de “INOCENTE”.
Mas, se você tiver a coragem de publicamente defendê-lo, como o faço nestas linhas, ganhará a inusitada alcunha de “BAJULADOR”.
Tudo isto, meus caros, porque os abutres e as aves de rapina, que se nutrem do ócio intelectual para construir a cizânia entre as pessoas de boa fé não têm nenhum compromisso com as aspirações reais da coletividade, com o seu PROGRESSO pessoal nem com o da sua cidade. Pena que os esforços dessa gente hipócrita acabam encontrando eco, aqui e acolá, nos ouvidos dos incautos, uma gente bem intencionada, mas que acabam se transmutando em  pobres diabos que se deixam transformar em miquinhos amestrados por uma corrente boçal do pensamento citadino.
Esses sim, os verdadeiros inocentes úteis da vigarice, da ignorância a serviço do atraso, do provincianismo pernicioso e paralisante.
Aliás, propositadamente grifei PROGRESSO com letras maiúsculas para assinalar que esta palavra, calculadamente, provoca asco e náusea em certos segmentos dados à contemplação da natureza e da sua perenidade, como se o mundo concreto das coisas, as cidades, a complexidade econômica que as move, a necessidade da geração de emprego e renda, tudo isso fosse possível dentro de um universo utópico de indústrias sem chaminés, automóveis sem a emissão de gases poluentes, urbanização e a manutenção incólume, absoluta do meio ambiente...
É claro que a avenida Getúlio Vargas jamais será a mesma com a implantação do BRT, ninguém precisa consultar nenhum oráculo saído das catacumbas do diversionismo para se chegar a esta conclusão. Até porque, consta do projeto de implantação a construção de duas passagens de nível entre as avenidas Getúlio Vargas e Maria Quitéria, o que deverá proporcionar mais fluidez no trânsito nestas artérias importantes da cidade, sobretudo nos horários de pico
Então, alguns parlapatões, com seus discursos de fancaria, sem atinar para a indefectível lei do CUSTO/BENEFÍCIO, reguladora do bom senso que a tudo rege, evocam as leis capitais para clamar pela necessidade de manter a integridade dos mananciais botânicos da bela avenida, como se o projeto original do BRT pretendesse desertificá-la.    
As instâncias de governo envolvidas na implantação do BRT, a exemplo da Secretaria de Planejamento, já fizeram uma série de exposições públicas sobre o projeto e nenhuma dúvida ficou sem resposta a quem questionou.
Pelo exposto, apenas uma pergunta paira a no ar e insiste em não calar: o que move tanto inconformismo nos opositores do BRT: DESINFORMAÇÃO OU MÁ FÉ?
Jorge Magalhães é jornalista


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